As cartas tinham desempenhado seu papel. A cada nova linha, Enid mergulhava mais fundo no mistério que eu havia cuidadosamente criado. Ela estava intrigada, pensativa, e, de certo modo, comovida.
Eu sabia que, para conquistar Enid, precisaria oferecer algo mais tangível, algo que refletisse quem ela era. Até agora, meus gestos foram enigmáticos e sutis — palavras, flores, cartas —, mas agora era hora de entrar no território que ela entendia bem: presentes. Enid era uma pessoa que vivia de emoções e gestos simbólicos, e o próximo passo teria que demonstrar que eu a conhecia verdadeiramente, mesmo sem revelar minha identidade.
Peguei meu caderno novamente e escrevi o próximo item da lista:
4. Presentes
Eu sabia que, apesar da aparência despreocupada e sua constante energia, Enid tinha um lado mais introspectivo. Seus interesses variavam de séries infantis a romances adolescentes, e por mais irritante que isso pudesse ser para mim, eu não podia ignorar sua paixão pela leitura. Então, decidi que o primeiro presente seria um livro, algo que a deixasse curiosa, mas que também refletisse um pouco de mim.
Ao passar pela biblioteca vi um livro que me tirou bastante a atenção, a capa dura esverdeada, o título estranhamente intrigante dado que as cores não se combinavam e uma mulher estampada na capa, ou apenas seu corpo. Os Sete Maridos de Evelyn Hugo.
Coloquei o livro na escrivaninha de Enid durante a noite, garantindo que ela o encontraria ao amanhecer. E quando ela finalmente o encontrou, sua expressão foi exatamente como eu esperava: surpresa, mas intrigada.
— Um livro? — murmurou, segurando-o entre as mãos. — Os Sete Maridos de Evelyn Hugo?! Dessa vez você se superou...
Ela folheou as primeiras páginas, um sorriso suave nos lábios. Eu sabia que ela adoraria a história.
O segundo presente foi algo mais pessoal: roupas. Sabia que Enid adorava roupas vibrantes e estilos diferentes. Seu armário era uma explosão de cores, algo que eu evitava a todo custo. Mas, nesse caso, era necessário ceder. Sabia que, para ela, roupas eram uma forma de expressão, e se eu quisesse conquistar seu coração, precisaria demonstrar que estava atenta a isso.
Escolhi uma blusa com estampas brilhantes e outra com tons pastéis, uma combinação que Enid usaria com orgulho. Deixei as roupas cuidadosamente dobradas em cima de sua cama, junto com um pequeno bilhete.
"As cores que você veste refletem a luz que carrega dentro de você.
Use isso como mais um lembrete de que, mesmo nas sombras, alguém está te observando com admiração.
A."Desta vez, a reação dela foi mais intensa. Quando encontrou as roupas e o bilhete, seus olhos se arregalaram de surpresa. Ela pegou as blusas com cuidado, os dedos deslizando pelo tecido.
— Como essa pessoa sabe exatamente o que eu gosto? — perguntou, olhando em volta, como se tentasse encontrar algum sinal de quem pudesse ser o responsável por tantos gestos.
Eu estava lá, é claro, observando do outro lado do quarto, sem dar qualquer indício de que era eu. Mantive minha expressão neutra, enquanto via Enid sorrir de satisfação. Ela estava cada vez mais perto de descobrir quem era "A", e eu sabia que o tempo estava se esgotando.
Se havia algo que eu sabia sobre Enid, era que ela tinha uma obsessão por pelúcias. Havia uma coleção considerável delas em seu lado do quarto, cada uma com seu próprio nome e história. Embora eu não entendesse essa fascinação, sabia que o próximo presente teria que ser algo que ela realmente amaria. Algo que ela guardaria perto.
Escolhi um urso de pelúcia que tinha uma cor suave, algo que combinasse com a estética dela, mas sem exagerar no brilho. Junto com o urso, deixei um bilhete, simples e direto.
"Nem todas as coisas que vêm das sombras são frias.
Este urso carrega parte do calor que eu sinto por você.
A."Quando Enid encontrou o urso na cama, seu sorriso foi instantâneo. Ela segurou o bichinho com carinho, como se ele fosse algo especial. Mas foi ao ler o bilhete que seu sorriso se transformou em uma expressão de reflexão profunda.
— 'A'... você está cada vez mais perto de mim — ela murmurou, abraçando o urso contra o peito. — Quem é você?
Ela estava começando a sentir que a presença de "A" não era tão distante quanto pensava. Havia uma conexão se formando, e mesmo que ela não soubesse ainda, eu estava mais perto do que nunca de revelar a verdade.
Enid também tinha um lado infantil que surgia de vez em quando, especialmente quando se tratava de nostalgia. Ela adorava brinquedos que a lembrassem de sua infância, de momentos mais simples e despreocupados. Então, o próximo presente seria uma pequena coleção de brinquedos nostálgicos. Algo que a fizesse sorrir e, ao mesmo tempo, se sentir acolhida.
Escolhi alguns brinquedos que eu sabia que ela amaria — pequenos, coloridos e encantadores. Coloquei-os em uma caixa cuidadosamente decorada, junto com mais um bilhete.
"Às vezes, precisamos lembrar de onde viemos para entender para onde estamos indo.
Esses pequenos tesouros são um lembrete de que, mesmo nas sombras, há quem te veja como algo precioso.
A."Quando Enid encontrou a caixa, seu sorriso foi o mais largo que eu já havia visto. Ela abriu o presente com a empolgação de uma criança, pegando cada brinquedo com carinho e nostalgia. Mas, ao ler o bilhete, sua expressão ficou mais séria.
— Quem quer que seja 'A', essa pessoa me conhece melhor do que eu pensava — ela disse para si mesma, fechando a caixa com cuidado. — Preciso descobrir quem é.
Ela estava decidida agora. O mistério de "A" não era mais uma brincadeira. Enid sabia que a pessoa por trás de todos esses gestos estava mais próxima do que imaginava. E eu, pela primeira vez, me senti vulnerável. O jogo estava chegando ao fim.
Por enquanto, restava-me observar. Esperar. E, acima de tudo, me preparar para o momento em que Enid finalmente descobriria que seu admirador secreto não era ninguém menos que Wednesday Addams.
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Hey, Sinclair. | Wenclair
FanficWednesday Addams esconde uma terrível paixão por sua colega de quarto, Enid Sinclair. O único problema? Simples: a garota namorava Ajax Petropolus. Todos veem o relacionamento dos dois cair em pedaços quando descobrem a suposta traição de Ajax, ond...