Pensamentos impulsivos
Bárbara
Desde aquele incidente do massacre, a Coralina anda muito estranha, será que ela acha que eu tenho alguma coisa em haver? Tá bem que eu puxei ela para longe para não ver o rosto daquele homem.
Mas eu juro.Juro.
Que eu
Não
Tenho
Nada
Em
Haver.Por que eu teria? Eu não tenho motivos. Eu amo ela... talvez até mais doque amiga. Mas mesmo ela não demonstrando, eu sei que ela é afim do Mattheus. Afinal, que garota não é?
Ele é alto, forte, musculoso... é pretinho do olho castanho mel, cabelo escuro pra caramba. Sem contar nos dreads dele.
Mas eu sei que eu não tenho chance contra ele.
Eu sou só uma garota paçoca, um pouco acima do peso, mas pelo o menos eu sou ruiva do olho verde né?
Eu acho que isso é bom. Mas aquele rosto me era familiar. E eu senti como se estivesse sendo observada nesses últimos dias.
Não sai da minha cabeça o rosto aflito de Coralina. Mas por que...?
Por que eu tinha que ser defeituosa?
Quando vi, já havia pego a lâmina e meu braço estava sangrando... merda.. merda de automutilação... por que eu faço isso? Nem eu sei. É como se fosse no automático. E lá se foram três meses limpa.
Ai, que saco... me pergunto como a Cora está agora. Eu só queria poder encolher ela e por em um potinho.. assim eu não teria que dividi-la com ninguém. Mas infelizmente, não existe tecnologia pra isso agora.
Então o que me resta é fantasiar sobre como as mãos dela são macias ao toque e sobre como ela ama proteger os outros... ai... que garota..
que merda Bárbara! Você não pode pensar assim! Ela é a sua melhor amiga! Uhg... eu só poderia mandar uma mensagem pra ela e chamar ela aqui pra casa... criar um clima... e nem a censura iria permitir falar o que iria acontecer... mas que raiva.
Minha linha de pensamentos foi interrompida ao escutar a minha mãe me chamando para jantar.
Pelo o menos isso iria me distrair um pouco... pelo menos...
Antes de descer as escadas para jantar, cobri meu braço, ou pelo menos as áreas cortadas com pulseiras. Quem iria se tocar né?