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Mabel Morgans

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Mabel Morgans

Encaro a janela do meu quarto pela quarta vez naquela semana.

O brilho das luzes fluorescentes invadem o ambiente através das cortinas entreabertas, misturando-se com o som ensurdecedor que ecoa pela casa.

O grave da música reverbera nas paredes, e as risadas das pessoas no jardim tornam a ideia de dormir uma piada porque, novamente, Elijah tinha organizado outra maldita festa.

Emito um suspiro pesado, a irritação cresce em mim. Não era apenas o barulho em si que me tirava do sério, mas o desrespeito com o fato de que nem todos na casa estavam dispostos a viver em clima de festa contínua.

Quatro vezes em uma semana? Porra, quem em sã consciência achava isso normal?

Eu me encosto contra o vidro frio da janela e passo a mão por meu cabelo amendoado, sentada no peitoril, observando as figuras dançando no jardim.

As luzes da piscina dançavam com eles, em tons de azul e roxo em ondas tranquilas. Lá fora, todos pareciam tão despreocupados, como se não fosse quase três da manhã e o amanhã não existisse.

— É ridículo — reclamo, retornando para o meu conforto, enquanto penso em como o meu irmão simplesmente ignorava os limites. — Tudo isso, é ridículo pra cacete.

Me deito na cama e encaro o teto, esperando pelo sono que não vinha, não importa o quanto eu tentasse. Prestes a fechar meus olhos, foi quando ouvi a porta se abrir de repente.

Senti-me num pulo e, antes que pudesse processar o que estava acontecendo, um casal cambaleava para dentro do cômodo, rindo enquanto se beijavam, como se estivessem em uma piada particular. Eles mal notam a minha presença quando pulam na minha cama e a garota grita, assustada, ao cair por cima de mim. Então se levantam logo em seguida, olhos arregalados, completamente desorientados. A garota, ainda segurando o riso, tenta se recompor.

— Desculpa! A gente achou que... — ela começa, mas não completa a frase, provavelmente porque não tem uma desculpa convincente.

— Que esse era um quarto livre? — interrompo, seca. — Isso aqui não é um hotel, porra.

A garota, agora visivelmente mais sóbria, puxa o cara pelo braço.

— Foi mal mesmo... a gente já tá indo — ela murmura.

Não falo nada enquanto eles saem, fechando a porta com um pouco mais de força que o necessário. E na tentativa de me distrair da sensação de inquietude, desisto de deitar e aproximo o teclado elétrico jogado na cama para próximo de mim e toco algumas notas aleatórias. Esse era sempre o meu maior antídoto.

Quando estava nervosa, a música era a única capaz de acalmar meus nervos. De diminuir minha ansiedade crepitante.

Dessa vez, entretanto, cada acorde apenas intensificava minha irritação, como se a melodia estivesse em desacordo com o caos que se desenrolava do lado de fora.

The Good Boys - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora