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Helena

Depois de deixar minha amiga ciente de que, se precisasse de qualquer ajuda ou apoio, poderia me chamar, voltei para casa. Gabriel veio me buscar e fomos para a casa dele. O caminho foi em silêncio. Ele reclamava da dor pós-treino, e eu, distraída, pensava: vou ser madrinha... e tia!

── O que rolou? — Medina questionou após entrarmos em casa e eu colocar a bolsa sobre a mesa.

Qual é, eu dei minha palavra de que não contaria nada. Não é justo falar, pelo menos não por enquanto. Só neguei com a cabeça.

── Pilha feminina. Marina se meteu em um b.o. grande, tá assustada, e eu acabo me assustando junto. — Falei enquanto ele se jogava no sofá e me encarava, curioso.

── Mas o b.o. é dela, por que você tá pilhada?

── Porque, se acontece algo ruim ou estressante com qualquer amiga minha, acontece comigo também. Da mesma forma que fico feliz vendo elas felizes, fico triste se as vejo deprimidas. — Respondi, sentando ao lado dele e deitando minha cabeça no seu ombro enquanto ele passava o braço ao redor do meu pescoço e beijava minha cabeça.

── Sabe que eu admiro isso em você?

── O quê?

── Você é extremamente leal às suas amizades. É a primeira mulher que conheço que tem o mesmo grupo de amigas desde criança. — Respondeu, e eu ri levemente.

── Eu sempre fui leal em qualquer relação minha, e é o mesmo com você. — Contei, e ele me encarou com um olhar transbordando carinho.

── Sabe o que me fez me apaixonar por você?

── Meu jeitinho agressivo? O soco que eu te dei?

── Você é diferente. — Respondeu, e eu arqueei as sobrancelhas, confusa. ── Não do tipo "diferente das iguais". Sim, você também é, mas não é isso que quis dizer. Desde o dia em que te conheci, eu já sabia que você era pior que um furacão, mas comigo você não era assim.

── Quando você torra minha paciência, eu sou. — Respondi, e ele riu. ── Mas eu te amo. Mal de mulher estressada é gostar dos engraçadinhos!

── Mal de engraçadinho é gostar de mulher estressada. — Rebateu no mesmo tom. ── A mãe tava perguntando de você hoje.

── E o que você disse?

── Não tive tempo de responder. A Sophia se meteu dizendo que você iria lá no sábado. Você vai? — Me encarou, e eu concordei com a cabeça. ── Você é mais da família do que eu!

── Noite das meninas, Gab, foi mal! — Falei, segurando o rosto dele, e ele riu. ── Ah, preciso tomar um banho.

── Vai lá, você sabe onde ficam as toalhas, né?

── Sei. Já volto! — Falei, indo em direção ao quarto dele.

Separei uma camiseta dele e um short meu de dormir. Fui para o banheiro e tomei um longo banho. Enquanto a água gelada escorria pelo meu corpo, eu sentia como se todas as minhas preocupações e dramas familiares fossem embora junto com a água para o ralo. Eu finjo que não me importo, faço pose de durona, mas muitas vezes eu só queria minha mãe comigo.

lentes no horizonte, gabriel medina. Onde histórias criam vida. Descubra agora