♡ Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ ᴜ́ɴɪᴄᴏ ♡

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Os sons derradeiros ao longe reverberavam audivelmente ao que Su-hyeok se distanciava à largas passadas pelos viadutos. Assim como ocorrera há cinco anos em Hyosan, a cidade fora tomada novamente pelas criaturas monstruosas, resultando no caos imenente que os desamparava. O que antes abrigara moradores locais, agora servira como testemunha do que um dia fora aquela vizinhança.

As ruas, quase à mercê do pavor que a dominava, eram preenchidas por famintos zumbis desorientados, que a qualquer momento ameaçavam um possível ataque a suas presas indefesas. O sangue fresco era nítido em quaisquer superfícies, somando-se a grotesca cena que se encontrava a região, criando uma imagem apavorante aos sobriventes daquele ataque.

O luar daquela noite entregava às almas um tremor imperceptível, ao passo que a brisa surgia em seus caminhos, arrepiando-os por inteiro. Ainda que desesperado, o jovem deslocava-se habilmente em meio aos corredores estreitos do bairro, vez ou outra se vendo sucumbir ao cansaço que o dominava. A fadiga o consumia a cada mínimo movimento que executava, o que piorou infinitamente ao constatar uma presença em seu encalço, logo tratando de acelerar seu percurso e enfim alcançar seus companheiros de equipe.

A dor de seus calcanhares o torturavam veemente, e aquilo prejudicava sua fuga. Ao virar um dos diversos quarteirões ali existentes, em um surto de adrenalina encarou a figura que o seguia, não identificando o ser, dada a pouco luminosidade do viaduto e, ao se dar conta do obstáculo a sua frente, chocou-se de pronto a um dos tijolos de concreto do asfalto, cedendo de encontro ao piso endurecido e gélido que o aguardava.

Inicialmente, buscou se reerguer ferozmente e despistar o desconhecido, todavia, sua estrutura negava-se a obedecer seus comandos, latejando suas pernas dormentes e o entregando para seu fim. Ou ao menos, era isso que ele acreditava.
Apoiando-se de maneira desajeitada em uma das paredes próximas, detectou com nitidez o exato momento em que a figura alheia o encarou. Os trajes eram obscuros e dignos de mistério aparente, compondo à escuridão, uma capa que lhe cobria a face. Naquele segundo, ambos observavam-se a uma distância considerável, não sabendo como digerir aquele que poderia ser seu último suspiro.

Todavia, bastou fitar seus olhos mais uma vez para que o coração em seu peito pulsasse ardentemente, abalando seu interior de modo imediato. A capa, agora em mãos de sua detentora, permitia que os traços marcantes da moça fossem esboçados com tamanha nostalgia, delineando o sorriso que adornava os lábios carmesins em pura dignidade. O outro, nem sabia mais se aquilo não passava de uma ilusão traiçoeira, mas, ao analisar aquelas orbes que tanto admirou, permitindo-se pela primeira vez em anos se consagrar àqueles sentimentos tão conhecidos por si, entregando-se às lágrimas que trilhavam as linhas de sua expressão.

A realidade parecia aludir seus conscientes, Nam-ra, seu primeiro e único amor estava bem diante de si após tanto tempo. Sua respiração jazia desregulada e falha, assim como todos os sistemas de sua estrutura. Pouco a pouco, a caminhada lentamente os conectava, os passos cautelosos da jovem por mais que mascarassem seus anseios, eram impossíveis de esconder sua comoção e, ao finalmente alcançá-lo, envolve-o abertamente em um abraço caloroso. Naquele aperto, a dor e a saudade se combinavam em uma, reverberando a história de um casal predestinado.

Uma vez que se encararam prontamente, estas emoções transbordaram em um beijo afetuoso, inferindo a ternura que duramente os atingiu. Mesmo que distantes, ambos mantiveram sua paixão, tornando este, um momento não apenas de reencontro, como também da reafirmação do amor que cultivam um pelo outro. Ademais, ao mirar as orbes convidativas que tanto sentira falta proferiu por fim:

- As estrelas são testemunhas de minhas confissões a ti, meu bem. Somente elas sabem o quanto sofri sem tê-la ao meu lado e somente elas sabem o quanto desejei encontrá-la finalmente. Amo-te como nunca imaginei amar alguém, Namra. Mesmo que em meio a uma invasão terrível de zumbis, prometo estar sempre contigo, não importa o que aconteça.

Ali, o afeto fora segredado pela eternidade de seus cernes, pontuando o recomeço de uma relação que a muito lutou para se manter e agora criaria raízes profundas o suficiente para os interligar até o fim de seus âmagos, até porque, almas apaixonadas mesmo que, após a morte, mantém-se unidas por um fio de compatibilidade, nem mesmo os indivíduos invasores poderiam os separar.

Espero que tenham gostado.
Se possível, deixem uma ☆ para que essa queridinha alcance demais leitores.
Agradeço por ler esta one shot e tenham um bom dia (*^.^*)

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