ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ 1: ᴀ ʙᴇɪʀᴀ ᴅᴏ ꜰɪᴍ

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O sol escaldante batia forte na estrada deserta, tornando o asfalto quase insuportável para quem caminhava por ele

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O sol escaldante batia forte na estrada deserta, tornando o asfalto quase insuportável para quem caminhava por ele.

Melissa tropeçava a cada passo. Os pés arrastando-se pesadamente sobre a poeira que parecia nunca acabar. Seu corpo tremia. Estava faminta, suja e exausta.

Mas pior do que tudo isso era o sangue quase seco que manchava sua pele e roupas, uma lembrança cruel do que havia acontecido. E o fato desse sangue não ser seu a enchia de um peso que a esmagava por dentro.

Ao lado dela, sua irmã de apenas dez anos, caminhava em silêncio, os olhos fixos na mais velha. Seus pequenos ombros estavam curvados, o rosto sujo de lágrimas e sujeira, mas era o medo que mais marcava suas expressões. Ela olhava para Melissa com desespero crescente, vendo-a cambalear, incapaz de ajudar ou de dizer qualquer coisa que aliviasse a dor que ambas sentiam.

Melissa sente seu corpo ceder, como se cada músculo estivesse desistindo ao mesmo tempo. Seus olhos piscam mais lentamente, o mundo ao redor começando a perder a forma. O horizonte tremulava como uma miragem, e o som dos próprios passos começou a sumir. A cada segundo, o peso de suas pálpebras parecia dobrar. Quando seu pé não conseguiu sustentar mais seu peso, ela caiu de joelhos.

- Ashley... Desculpa... - ela tentou dizer, mas sua voz mal saiu como um sussurro.

O chão quente tocou sua pele quando seu corpo desabou de vez. A visão ficou turva, escurecendo em volta das bordas. As vozes do mundo se distanciavam, como se ela estivesse afundando em um poço fundo e sem fim. Tudo o que restava era o som abafado dos gritos de Ashley, cada vez mais desesperados.

A menina estava ao seu lado em um instante, sacudindo o corpo da irmã com força, suas pequenas mãos apertando o ombro de Melissa, tentando trazê-la de volta. Os gritos ecoavam no vazio que consumia a mente de Melissa, até que o silêncio finalmente a envolveu por completo.

Ela apagou.

O cheiro de legumes e ervas preenche o ambiente rapidamente enquanto mexo lentamente a sopa no fogão

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O cheiro de legumes e ervas preenche o ambiente rapidamente enquanto mexo lentamente a sopa no fogão.
Minha mente vaga enquanto olho as bolhas do caldo fervendo.
Muita coisa mudou desde o começo do apocalipse. Poucas delas foram positivas, como por exemplo, termos sido resgatadas pela família Greene.

- Preciso de mais cebolas, você pode pegar pra mim, Melissa? - Maggie pergunta ao meu lado, interrompendo meus pensamentos.

Assinto, pegando a faca para cortar as cebolas com mãos trêmulas. Patrícia está ao lado, limpando algumas ervas frescas. O ambiente da cozinha é silencioso, apenas o som dos utensílios de cozinha quebrando o silêncio pesado.
Mesmo estando aqui há alguns meses, algumas coisas ainda me deixam nervosa e deslocada. Teoricamente não fazemos parte da família de Hershel, mas ele e as meninas sempre fazem questão de nos tratar como se fôssemos.
Eu não sei o que seria de Ashley se Otis não estivesse passando com sua caminhonete pela estrada naquele dia...

Vou até a porta para cozinha ao ouvir as risadas vindas da sala.
Ashley está sentada no chão com Beth, desenhando em um caderno que encontramos dias atrás. Ela parece tão concentrada, os traços de lápis suaves e delicados. Sinto um nó na garganta ao vê-la tão tranquila, quando o mundo ao nosso redor está desabando.

A preocupação que sinto por ela nunca me abandona.

- Ash? - chamo suavemente.

Ela olha para mim, o lápis ainda em sua mão

- Estou bem, Mel. - responde com um sorriso pequeno, mas que não chega aos olhos.

- Estamos pintando uma macieira que ela viu dias atrás. - Beth responde com seu sorriso meigo de sempre.

Aceno indicando que continuem e me viro para sair. É aí que ouço uma barulheira do lado de fora.
Meus olhos se estreitam, e minha atenção volta instantaneamente para a porta da frente.

- O que está acontecendo? - Patrícia pergunta antes mesmo que eu possa dizer o mesmo.

Maggie já está indo para a varanda, Patrícia logo atrás dela. Dou uma olhada rápida para Ashley e digo firme:

- Fique aqui dentro, não saia.

Ela assente sem hesitar. Sei que ela entende o perigo externo, mas mesmo assim meu coração bate forte. Corro para fora, onde vejo Otis chegando com outros três homens que eu nunca vi antes. Nos braços de um deles, um garoto, inconsciente. O sangue mancha suas roupas, e por um momento, não consigo respirar.

- Por favor, ajudem! - o homem que carrega o garoto grita, o desespero claro em sua voz.

Olho para Maggie, depois para Hershel, que já corre para ajudá-los. Não faço ideia de quem são essas pessoas, mas algo me diz que essa chegada pode mudar tudo.

Dear Daryl - Daryl Dixon FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora