One Last Kiss - Billford

Maldito Bill

Ford sentiu o ambiente esfriar de repente. Ele parou de mexer nas panelas, erguendo a cabeça, seus sentidos aguçados. Algo estava errado. Ele desligou o fogão e foi até a sala, onde viu Bill ainda deitado no sofá, mas com uma expressão diferente. Bill parecia casual, mas havia algo em seus olhos – um brilho de malícia misturado com conhecimento.

— Você sentiu isso também? — Ford perguntou, sua voz grave.

Bill deu de ombros, fingindo indiferença.

— É só um velho amigo passando para nos dar um oi. — Disse ele, zombando.

Ford franziu o cenho, claramente desconfiado. Ele foi até a janela, onde percebeu o que parecia ser uma sombra se mexendo lá fora, na floresta próxima.

— Isso não é normal...

Antes que ele pudesse terminar a frase, a sombra se aproximou rapidamente da cabana, percorrendo o terreno em silêncio. Era alta, inumana, e parecia vibrar com uma energia estranha. Ford correu até o laboratório, instintivamente buscando alguma arma para se defender, enquanto Bill apenas observava com uma leve expressão de aborrecimento, como se tudo isso fosse uma piada de mau gosto.

Ford voltou, armado, pronto para enfrentar a ameaça.

— O que é isso, Bill? O que está acontecendo? — Ele perguntou, sua voz tensa.

Bill olhou para a sombra e depois para Ford, se levantando lentamente do sofá.

— Relaxa, docinho. Não vai te matar... Pelo menos não hoje. — Disse ele, com aquele sarcasmo cortante. — É só um presente de Axolotl, ele adora pregar peças.

Ford ficou ainda mais irritado.

— E você só me diz isso agora? Está brincando com a minha segurança, Bill?

Bill se aproximou de Ford, mantendo seu sorriso cínico, mas seus olhos mostravam algo mais.

— Você sempre foi tão paranóico, Ford. Não precisa ficar tão agitado. A sombra vai embora sozinha... Axolotl só está nos lembrando que ele pode fazer o que quiser, quando quiser.

De repente, a sombra recuou, desaparecendo tão rápido quanto surgiu, dissolvendo-se no ar como se nunca tivesse existido. O silêncio voltou à cabana, mas agora o ar estava denso de tensão. Ford olhou para Bill com desconfiança renovada, seus olhos estreitados.

— Você sabia que isso ia acontecer. — Ford afirmou, sua voz carregada de frustração.

Bill deu um suspiro exagerado, como se estivesse entediado.

— Claro que eu sabia. Não sou burro, Stanford.

— Você não se importa com mais ninguém além de si mesmo, não é? — Ford questionou, visivelmente irritado, mas algo em seus olhos indicava que ele estava tentando esconder outra emoção.

Bill cruzou os braços, sua expressão mudando por um breve segundo.

— Se você soubesse... — Ele disse apreensivo. — Mas não se preocupe. O Axolotl tem seus motivos, e um dia você vai entender. Talvez.

A tensão entre Bill e Ford era palpável. Ford ainda estava armado, mas sua irritação não tinha mais a ver com o perigo que acabara de desaparecer. Ele olhou fixamente para Bill, sua voz cheia de frustração.

— O que mais está escondendo de mim, Bill?

Bill soltou uma risada sarcástica, como se a situação não fosse nada além de uma piada.

— Relaxa, Ford. Você faz tempestade em copo d'água. A sombra não ia nos fazer mal. Foi só um pequeno lembrete do Axolotl de que ele ainda está por aí, sempre brincando. Pensei que você adorasse resolver mistérios.