𝙎𝙏𝙍𝙀𝙉𝙂𝙏𝙃𝙀𝙉 ✸ 𝘙𝘰𝘣𝘣𝘺 𝘒𝘦𝘦𝘯𝘦

ᴛᴡᴇɴᴛʏ - 𝘪'𝘮 𝘤𝘰𝘮𝘪𝘯𝘨 𝘧𝘰𝘳 𝘺𝘰𝘶, 𝘣𝘪𝘵𝘤𝘩.

Episódio vinte,
𝘪'𝘮 𝘤𝘰𝘮𝘪𝘯𝘨 𝘧𝘰𝘳 𝘺𝘰𝘶, 𝘣𝘪𝘵𝘤𝘩.

Samantha desceu as escadas com uma lentidão pesada, o som de cada passo ecoando na cabeça latejante. Seus olhos mal se abriam, e a ressaca da noite anterior fazia com que cada movimento fosse uma tarefa monumental. Ao chegar à sala de estar, viu seu pai, Daniel LaRusso, de braços cruzados, a expressão dura e carregada de frustração.

— Senta aqui, Sam — a voz dele cortou o ar, seca e firme.

Ela revirou os olhos, exalando um suspiro exagerado antes de se jogar no sofá. Encostou a cabeça no encosto, fechando os olhos por um segundo, como se isso fosse aliviar a dor que pulsava em suas têmporas.

— Eu tentei te ligar a noite toda — Daniel começou, o tom ficando mais grave conforme as palavras saíam. — Mensagens, chamadas, e nada de resposta. Você tem ideia do quanto me preocupei?

Sam, com as mãos repousadas na testa e os olhos semicerrados, deixou escapar um murmúrio quase inaudível:

— Pai, eu tava... — ela começou q se explicar, de maneira hesitante — Aisha me trouxa de volta pra casa.

Daniel ergueu uma sobrancelha, claramente irritado com a desculpa frouxa. Ele estendeu a mão e puxou para si o celular da filha, junto com outros eletrônicos que estavam sobre a mesa.

— Se você não soube como usar isso direito, então não precisa deles. Vai ficar sem celular, sem computador, sem nada, até o início das aulas. Talvez assim você pense melhor sobre as suas atitudes.

A dor de cabeça e o mal-estar na boca de Samantha aumentaram. Ela queria discutir, queria gritar de volta, mas tudo o que conseguiu foi outro suspiro de derrota. Ela esfregou os olhos com a palma das mãos e soltou:

— Tudo bem... — Levantou-se lentamente, o corpo ainda pesado do álcool e da falta de sono. — Tanto faz. — ela disse tentando soar indiferente, mas tudo o que sentia era vergonha de tudo o que tinha feito na noite anterior.

O chão ainda parecia se mover debaixo dela, mas ela manteve a pose desdenhosa. Quando estava quase saindo da sala, Daniel segurou outro aparelho, franzindo o cenho ao perceber que não era o celular dela.

— E esse aqui? — Ele perguntou, erguendo o celular como se fosse uma peça de um quebra-cabeça. — Não é o seu.

Samantha virou o corpo com esforço, forçando a mente cansada a se lembrar de algo. Ao ver o aparelho, uma memória vaga da festa anterior ressurgiu.

— Ah, esse... é da Aaron. Eu devo ter pegado sem querer na confusão...Estava com as minhas coisas quando saí correndo.

Ela fez um gesto displicente com a mão, como se aquilo não fosse nada demais, e continuou seu caminho para as escadas. Daniel a observou por alguns segundos, ainda processando a situação. Enquanto ela subia os degraus com passos arrastados, soltou um último resmungo:

— Eu só... Preciso descansar agora, pai. Por favor...

Ela desapareceu no andar de cima, deixando o pai parado na sala, observando o celular da amiga da filha em sua mão. O aparelho não parava de vibrar. Tinha tocado inúmeras vezes desde que ele o pegou, e algo na insistência das ligações começou a incomodá-lo.

Daniel caminhou até seu escritório, o celular ainda vibrando na mão. Fechou a porta, colocando o próprio celular e os eletrônicos da Samantha em uma gaveta. Quando estava prestes a guardar também o celular da Aaron, ele vibrou de novo, pela terceira vez em poucos minutos.