A noite estava caindo veloz sobre a cabeça dos estranhos que ficaram para trás. O velho Valdemar e sete dos seus guerreiros já haviam juntado lenha e colocado no caldeirão das irmãs desfalecidas. Apesar de ser uma tarefa simples, a cobiça que surgiu entre eles atrapalhou o andamento da coisa.
Cada um queria uma arma, armadura ou peça de roupa das mulheres, porém o líder insistia calmamente que aquilo não seria possível. Um deles, cansado de discutir e frustrado com a falta de recompensas, foi até os corpos e começou a riscar sua pederneira furiosamente.
Valdemar estava satisfeito. Haviam derrotado todos os guardiões do local, tomado seus pertences sagrados e, agora, apesar do contratempo, queimariam seus corpos em honra aos deuses ancestrais.
No entanto, esse não era o plano dos moradores locais. Uma figura vigorosa apareceu lentamente no riacho, como um fantasma, a pingar água gelada, apesar dos olhos em brasas.
O guerreiro idoso reconheceu o sujeito: era o homem que havia matado seu filho.
Um a um, os estranhos selvagens foram apanhando suas lanças e preparando-se para defenderem seu líder. Valdemar estava ainda mais satisfeito. A vingança o havia encontrado sem que ele precisasse buscá-la.
Einar puxou o grande machado das costas. Ele empunhou a fera de madeira e aço, observando seus inimigos com cuidado. Menos cuidadosos foram os estranhos, que correram para acabar com aquele morador atrevido.
As sete lanças estavam sedentas de sangue. Cercaram o lenhador como a um fugitivo, mas ele não se moveu.
Em vez disso, esperou que o primeiro ataque viesse. A reação foi rápida e brutal. Um V enorme e sangrento se formou no adversário que iniciou o ataque. Antes mesmo que o estranho caísse morto, Einar começou a rodopiar o machado. A ferramenta era agora uma arma que fazia parte do próprio corpo, como um galho que havia crescido demais.
O resultado não poderia ter sido diferente. Cortes giratórios e caóticos ceifavam a carne dos estranhos. Não demorou muito para que os seis estivessem inertes no chão encharcado de sangue.
Era a vez do líder veterano mostrar a que veio. Sua primeira ação foi arremessar uma lança em Einar. A arma foi fatiada no meio, uma distração que ajudou Valdemar a se chegar perto dele em segurança.
O veterano estava em vantagem. Sua lança era longa e ágil, ao passo que o machado de Einar era lento. Quando este tentava atacar, Valdemar apenas se esquivava para o lado e contra-atacava. O lenhador só tinha tempo de bloquear a ponta com o cabo do machado. Assim a luta seguiu, com esquivas desesperadas e entrechoques de cabos, até que Valdemar atingiu a barriga de Einar.
Ainda que a ponta fosse de madeira, o lenhador não usava nenhuma armadura. A lança ficou presa em seu abdome, mas, ao menos, ele conseguiu retribuir o golpe com ferocidade. A cabeça do machado pegou de raspão no rosto do velho, que perdeu o equilíbrio e caiu para trás.
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Möjrakitan - A Saga das Três Irmãs
FantasíaNo coração da Suécia, envolta pela imensidão dos bosques nórdicos, três irmãs órfãs cresceram sob os olhares atentos do povo de Örebro, que as acolheu. Halthora, Ingrid e Jorun foram encontradas à beira do bosque, criadas por diferentes famílias daq...