Traços do Oriente | KageHina

Destino

O dia estava cinza, triste. Kageyama, na sala de música da casa de sua mãe, estava tocando uma de suas músicas favoritas. Sua antiga casa era um lugar com muitas lembranças, principalmente da sua adolescência. O coração ainda doía, mas estava certo que conquistaria Hinata novamente. Ele preparava uma surpresa, tendo a certeza que o ruivo não recusaria sua declaração de amor.

Era quase 30 de Outubro, quando a banda de Kageyama faria seu sétimo show. Eles tinham um Instagram que crescia cada vez mais, assim como seu público. A vontade de continuar no mundo da música era intensa, queria ser tão grande quanto seus ídolos e ficaria naquele caminho até se tornar grande demais para tocar no Lollapalooza, João Rock, Planeta Atlântida e até no Rock In Rio.

  Kageyama sentiu a vibração das cordas da guitarra ressoar em seus dedos enquanto tocava, o som preenchendo a pequena sala de música, mexendo seu coração. As memórias com Hinata soavam como a mais doce melodia e era impossível não sorrir ao pensar nele. O ruivo era sua estrela guia, o motivo pelo qual ele acordava todas as manhãs. Ele sabia que tinha falhado, sabia que havia tomado decisões erradas, mas estava determinado a mudar. Sua música, seus sentimentos, tudo o que ele era agora, seria parte dessa grande declaração.

  Ele olhou para a janela, vendo o céu cinza que refletia o estado de seu coração. A primavera trazia consigo uma melancolia, mas também a esperança de novos começos. O show do dia 31 seria mais do que apenas mais uma apresentação — seria o palco onde ele abriria o coração, onde diria tudo o que precisava para Hinata, de uma maneira que só ele poderia fazer: com música.

  Os ensaios com a banda estavam indo bem, mas o que realmente importava para ele era o momento em que, no meio da multidão, Hinata ouviria a letra que ele dedicaria especialmente para o ruivo. Cada palavra, cada acorde, carregava o peso de suas desculpas, suas promessas e seu amor inabalável. João, Henrique e Gabriel apoiavam a ideia, mesmo que não soubessem de nada. Eles sabiam que Kageyama estava passando por algo grande, e, de certa forma, todos se uniram para garantir que o show fosse perfeito.

  Enquanto afinava sua guitarra, Kageyama visualizava o momento: ele no palco, as luzes baixas, o público vibrando, e lá, no meio da multidão, Hinata o observando. Seria o momento em que o ruivo veria, através da música, o quanto ele significava para Kageyama.

— Isso tem que funcionar. – Ele murmurou para si mesmo, sentindo a esperança misturada com a ansiedade. Se Hinata realmente entendesse, se ele o ouvisse de verdade, talvez tudo pudesse mudar.

  Kageyama suspirou sentindo o peso de seus sentimentos, mas estava disposto a fazer de tudo para melhorar as coisas. Porém, o barulho de seu celular o tirou de seus devaneios, trazendo-o para a realidade.

— Oi Kage. – João disse e o moreno conseguia perceber o sorriso em seu rosto.

— Fala. – Kageyama respondeu, tentando soar despreocupado, embora a ansiedade ainda pesasse.

— Tá afim de fazer algo hoje? – João perguntou casualmente — Pensei em você vir aqui em casa pra jogar videogame, o que acha?

Kageyama hesitou por um momento. Parte dele ainda estava absorvido nas suas preocupações com Hinata, mas a ideia de passar um tempo com João, distraído, longe das tensões, era tentadora.

— Pode ser, sim. – Ele respondeu finalmente — Que horas?

— Agora tá bom? – João riu do outro lado da linha — Estou sozinho, queria ver alguém logo.

— Fechado. – Kageyama sorriu, um pouco mais leve. Talvez essa pausa fosse exatamente o que ele precisava.

Chegando na casa de João, o ambiente estava tranquilo. Os dois se jogaram no sofá com os controles em mãos, mergulhando nos jogos enquanto conversavam sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Era simples, sem o peso de expectativas ou conversas difíceis. Kageyama se sentiu relaxado de uma forma que não experimentava há semanas.