Capítulo 71 - Decisão importante

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Hermes caminhava com dificuldade pelos corredores silenciosos, com seus passos rápidos. O sangue escorria dos cortes em seu rosto, os braços tremendo de exaustão, e os roxos dos hematomas espalhados pelo corpo. Cada movimento era acompanhado por uma dor intensa, especialmente nas mãos e no abdômen, onde os raios que ele conjurara durante a luta haviam deixado marcas profundas. Ele precisava de ajuda

Ao se aproximar de uma das portas, Hermes respirou fundo, tentando compor-se. A grande porta de mármore estava entreaberta, e de lá vinha o cheiro suave de ervas medicinais e a calma atmosfera típica daquele ambiente

Higeia sempre fora conhecida por manter seu consultório como um santuário de paz, um contraste absoluto com a batalha caótica da qual Hermes tinha acabado de sair

Com um leve empurrão, ele entrou. O interior do consultório era luminoso e tranquilo. Higeia estava sentada em uma cadeira de madeira esculpida

Sua pele é suave e reluzente, de um tom pálido e levemente rosado, seus longos cabeços roxos caem sobre seu ombro. Ela os mantém soltos, levemente ondulados, com uma tiara dourada, com algumas flores azuladas presas. Seus olhos são grandes e expressivos, de um azul profundo, quase cristalino e suas sobrancelhas finas e arqueadas

Ela veste uma túnica que mistura tons de cinza e ouro. A parte superior de sua vestimenta é envolta por um tecido dourado, que cai por um dos seus ombros. O tecido dourado é longo e se estende até o chão, balançando levemente com seus movimentos, enquanto o restante da túnica é feito de um tecido cinza, fluido e leve, que envolve seu corpo de forma delicada, a cintura de Higeia é marcada por um cinto de corda dourado, com um nó que se destaca, deixando o tecido da túnica firmemente ajustado ao seu corpo. Do cinto, pendem dois frascos de vidro, cheios de líquidos translúcidos, indicativos de suas poções curativas

Seus braços estão adornados por braceletes dourados largos. Em um de seus pulsos, um bracelete mais fino. Seus pés estão parcialmente visíveis por baixo da túnica, que se abre em uma das laterais, permitindo que sua perna esquerda seja vista até a coxa - Hermes, finalmente... - ela disse, sem levantar os olhos da poção, como se já soubesse que ele viria - eu senti sua aproximação. Parece que você se superou desta vez -

Hermes sorriu com dificuldade, suas mãos ainda tremendo de dor

- Acho que fui um pouco longe demais, Higeia -

Ela levantou-se e caminhou até ele com passos suaves. Ao ver de perto os ferimentos em seu corpo, seu rosto se contraiu levemente em preocupação, mas ela rapidamente retomou sua expressão calma - Você não só foi longe demais - comentou, enquanto o guiava até uma cama de mármore - só se esqueceu de que o corpo de um deus, por mais poderoso que seja, tem seus limites. Principalmente quando se usa algo tão perigoso quanto os raios de Zeus - Ela apontou para as mãos de Hermes, que estavam queimadas e manchadas de sangue seco - Esses ferimentos são sérios. Sente-se. Vamos cuidar disso - Hermes se deitou na cama, soltando um suspiro de alívio ao sentir o toque frio da pedra em sua pele quente. Higeia começou a trabalhar rapidamente, misturando ervas e aplicando medicamentos em seus ferimentos - Eu vi sua luta - disse ela, enquanto enfaixava suas mãos - Você foi magnífico, Hermes, mas também imprudente. Se continuar forçando seu corpo assim, mesmo sendo um deus, as consequências podem ser graves -

Hermes, olhando para o teto, deu uma risada fraca - ocê sabe como eu sou, Higeia. Não posso evitar. Há algo em lutar... algo que me puxa para o limite -

- você sempre foi assim... tinha se perdido um pouco, mas foi bom ver o Hermes "criança" mais uma vez - Higeia continua colocando medicamentos nas feridas

Hermes da uma risada de canto de boca

Camarim de Zeus

- pai - Athena começou, sua voz controlada - Eu serei a próxima -

Zeus desviou o olhar da arena, um leve sorriso surgindo em seus lábios, mas seus olhos, sempre atentos, examinaram Athena - Athena... sempre tão estratégica - disse Zeus, num tom quase provocador - Tem certeza de que é o momento? Ou está apenas ansiosa para provar algo? -

Antes que Athena pudesse responder, Poseidon levantou-se com um suspiro, seus olhos fixos na arena, mas a irritação clara em sua postura rígida. Ele ajustou o tridente em suas mãos, olhou brevemente para Athena, sem muito interesse

- Isso é uma perda de tempo - murmurou Poseidon, seu tom cortante - Batalhas como essas só me entediam. Quando chegar a minha vez, não será uma mera exibição. Não há sentido em prolongar essas disputas sem propósito - Sem mais nenhuma palavra, Poseidon se afastou, deixando o camarim

Athena observou o irmão sair, seus olhos levemente estreitando-se por um segundo, mas logo voltou sua atenção a Zeus. Não havia emoção em seu olhar - ele nunca compreendeu o valor da paciência e do planejamento - comentou ela calmamente, mais para si mesma do que para Zeus

Zeus encostou-se novamente na cadeira, os olhos agora inteiramente voltados para Athena. Seu sorriso desapareceu, substituído por uma expressão de curiosidade genuína - E por que você, Athena? - ele perguntou, sua voz agora mais séria - O que você vê que eu não vejo? -

- Não entro em batalhas por glória ou demonstração de força. Entro para vencer, com precisão. A luta de Hermes e Milon, foi ele dois se divertindo, por alguma sorte, o vencedor foi Hermes, mas se não tivesse acontecido, estávamos ferrados. O público espera algo mais... e sou eu quem vai entregar isso. Eu luto pelo resultado, não pela emoção - Athena permaneceu imóvel por um instante

Zeus inclinou-se um pouco para frente, agora completamente atento às palavras de sua filha - O resultado, hmm? - ele disse, com um leve aceno - E o que você espera alcançar com isso? -

Athena olhou para o pai, seus olhos brilhando com uma determinação tranquila - a destruição da humanidade... -

Fim do capítulo

Crepúsculo dos Deuses: O Último DesafioOnde histórias criam vida. Descubra agora