A Guarda de Damian Wayne

³⁷A dinâmica familiar e novas descobertas

Com o evento encerrado e a tensão suavizada, a mansão Wayne voltou à sua rotina peculiar. O silêncio característico preenchia os grandes corredores, mas a presença de Dick e Jason na mansão trouxe uma nova dinâmica ao ambiente. Era raro os três irmãos adotivos estarem juntos por tanto tempo, e Bruce parecia aproveitá-los por perto, mesmo que em sua típica forma reservada.

Na manhã seguinte, o sol iluminava suavemente o vasto jardim da mansão. Jason estava na cozinha, servindo-se de café enquanto Alfred, como sempre, cuidava das tarefas com sua eficiência impecável. Dick, já pronto para o treino matinal, apareceu vestindo uma camisa despojada e calças de corrida.

— E aí, pronto para ser o herói perfeito de novo? — Jason provocou, segurando sua caneca de café com um sorriso sarcástico.

— Alguém tem que manter as aparências, — Dick respondeu com uma piscadela, pegando uma garrafa de água. — Além disso, sei que você está só esperando para se juntar à ação. Não negue que sente falta disso.

Jason bufou, mas um sorriso escapou. Embora ele sempre preferisse manter uma fachada de desapego, a verdade era que a família Wayne sempre seria uma parte essencial de quem ele era.

Enquanto isso, Damian estava no pátio, envolvido em sua rotina de treinamento rigorosa. Eu o observei à distância, fascinado pela disciplina e precisão de seus movimentos. Havia algo em sua dedicação que sempre me impressionava, mas também me fazia questionar se ele permitia a si mesmo algum momento de vulnerabilidade.

Quando terminei de preparar os relatórios de segurança da noite anterior, caminhei até o pátio, onde Damian estava em pleno treino. Ele percebeu minha presença, interrompendo brevemente seus movimentos precisos com a espada.

— Está tudo certo? — Ele perguntou, seu tom calmo, mas atento.

— Sim, apenas checando se você precisa de algo, — respondi, encostando na parede próxima. — Parece que você nunca descansa, não é?

Damian sorriu de lado, limpando o suor de sua testa com a manga da camisa.

— O descanso é para os fracos, — ele respondeu, com um tom irônico, mas logo suavizou a expressão. — Mas reconheço que, às vezes, deveria desacelerar.

— Concordo, — respondi, cruzando os braços. — Até porque, eu estarei por perto para garantir que nada dê errado, caso você precise.

O olhar dele fixou-se no meu por um instante mais longo, um vislumbre de algo mais profundo se manifestando entre nós. Havia uma conexão crescente, algo que eu não podia mais ignorar. Ele deu um passo à frente, como se quisesse dizer algo, mas antes que pudesse falar, Jason apareceu, interrompendo o momento.

— Hey, vocês dois! — Jason chamou de longe, com um sorriso travesso no rosto. — Vamos fazer algo hoje, ou só vão continuar nesse olhar estranho?

Damian revirou os olhos, mas parecia menos incomodado do que o habitual com as provocações de Jason.

— Talvez devêssemos treinar, — sugeriu Damian, mudando de assunto, mas ainda mantendo um tom descontraído. — Eu adoraria ver você tentar me superar, Todd.

Jason soltou uma risada curta e balançou a cabeça.

— Sempre pronto para uma competição, hein? Tudo bem, vamos ver quem manda aqui.

Dick apareceu logo em seguida, ainda se alongando.

— Se é para treinar, estou dentro. Além disso, faz tempo que não batemos um treino decente, — ele disse, jogando um par de luvas para mim. — E você, Astrid, vai nos observar de longe ou se juntar a nós?

Aceitei as luvas com um sorriso desafiador.

— Eu estou pronta para a ação, — respondi, encaixando as luvas nas mãos. — Mas não se segurem por minha causa.

O treino rapidamente se transformou em uma competição amistosa entre os irmãos e eu. A energia era intensa, mas havia uma leveza na interação entre nós. Era quase como se o fardo usual de combater o crime estivesse, pelo menos por um momento, colocado de lado, permitindo-nos apenas ser… normais, ou tão normais quanto uma família como a dos Wayne poderia ser.

Damian, sempre focado, se destacava com seus movimentos ágeis e precisos, mas Dick era mais flexível, sempre encontrando uma forma de contornar os ataques. Jason, por outro lado, trazia a força bruta e imprevisibilidade, tornando o treino ainda mais intenso. E eu? Eu me concentrava em usar tudo o que tinha aprendido nos últimos meses, absorvendo cada ensinamento de Bruce e Damian para me manter no jogo.

Após uma rodada de treino intenso, finalmente paramos para descansar. Jason estava ofegante, mas com um sorriso vitorioso.

— Nada mal, — ele admitiu, jogando uma toalha sobre o ombro. — Acho que estamos todos prontos para o próximo vilão que cruzar nosso caminho.

— Claro, — respondi, ainda respirando pesado. — Se conseguirmos sobreviver ao treino com vocês, podemos lidar com qualquer coisa.

Damian não disse nada, mas havia um brilho de satisfação em seus olhos. Ele se aproximou de mim, oferecendo uma garrafa de água.

— Você se saiu bem, — ele disse calmamente.

— Obrigada, — respondi, aceitando a água e bebendo um gole. — Mas ainda tenho muito a aprender.

— Aprender faz parte do processo, — Damian disse, seus olhos ainda fixos nos meus. — E você tem potencial.

Aquele elogio, vindo de Damian, parecia mais significativo do que eu esperava. Não era apenas uma afirmação sobre minhas habilidades, mas um reconhecimento de que eu fazia parte daquele mundo, de que ele me via como alguém confiável ao seu lado.

Enquanto a tarde se desenrolava e a mansão Wayne retornava à sua calma usual, a sensação de que algo novo estava se formando entre mim e Damian se intensificava. O futuro parecia cheio de possibilidades, e eu não sabia exatamente aonde isso nos levaria, mas sabia que estava pronta para descobrir.