— Eu estou grávida. - falei em um sussurro enquanto estávamos abraçados.
Ele riu e senti meu coração apertar, percebendo que eu não estava brincando, ele me soltou de seus braços e penteou o cabelo nervoso.
— Não pode estar grávida, Emy. - ele falou nervoso e senti uma lágrima rolar por minha bochecha.
— Eu sei, mas a gente não se protegeu e aconteceu. - falei cabisbaixa e ele riu nervoso.
— Você não pode ter esse filho, você vai abortar. - ele mandou e arregalei os olhos.
— Não posso abortar, Jack, você sabe que eu sou contra a isso. - falei e ele riu sarcástico.
— Você prefere ser odiada pelo seus pais? - ele perguntou como se a resposta fosse óbvia.
— Eu não posso matar uma criança Jack, principalmente quando eu sou a mãe. - falei e me aproximei de Jack. — Já tínhamos pensado em fugir antes, talvez isso seja um sinal. - falei olhando no fundo de seus olhos.
— Eu não posso abandonar o que eu tenho aqui, você sabe. - ele falou e mordi o lábio inferior.
— Mas podemos construir uma coisa tão linda se formos embora, se formos livres. Você nunca pensou em como seria viver sem regras e ter uma família, comigo? - falei e implorava com meus olhos para que ele cedesse.
Sempre o que mais importou para mim foi minha família, mas aqueles na qual eu compartilhava laços de sangue não me tratavam como família, então em meio a escuridão Jacob apareceu e se tornou a minha família. E talvez pudéssemos nos livrar de nossos pais e termos o que sempre sonhamos, uma família, eu, ele e mais o nosso filho.
— Emy, você pode não amar tanto seus pais, mas eu amo os meus, eles aceitaram o nosso relacionamento e podemos viver em paz agora, não podemos estragar tudo, por favor, fique e aborte o bebê. - ele pediu e ambos nos vimos em situações problemáticas, onde um dos dois iria sacrificar sua felicidade.
— Eles não vão aceitar o nosso filho. - falei e ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
— Abortamos. - ele falou como se fosse simples.
— Eu não vou abortar. - falei como se fosse óbvio.
Eu sacrificaria tudo por Jacob, menos o meu bebê, o nosso bebê.
— Você tem que escolher Emy, não pode ter os dois, eu sei que você vai ser sensata e abortar. - ele falou e senti como se fosse um baque.
— Eu não posso Jack, não posso sacrificar esse bebê, você não entende? Isso pode ser a melhor coisa que pode acontecer comigo e eu não iria me perdoar se eu tirasse algo que pudesse ser a minha melhor coisa. - declarei e ele soltou nossas mãos.
Ele se afastou e senti como se tudo que me mantivesse estável estivesse se quebrando em milhares de pedacinhos. Eu sempre entendi que gerar um filho seria a coisa mais difícil que uma mulher pode enfrentar, mas seria ao mesmo tempo sua maior felicidade, sempre sonhei em ter um filho, uma família, porque família é poder.
— Então vá, fuja, desista de tudo por essa ilusão que você vê nessa criança, e não volte nunca mais. - ele falou com dureza nas palavras.
— Você está nervoso Jacob, eu vou para casa, e eu vou voltar, então pensa, pensa muito bem, porque eu não quero de verdade perder você, mas eu não vou deixar essa criança. - falei olhando bem no fundo dos seus olhos.
Eu não estava o reconhecendo, sempre fomos tão parecidos, tínhamos os mesmos sonhos e sempre concordamos, ele era o meu ideal e isso foi como se tudo se apagasse, o carinho, o desejo, o respeito, os sorrisos. Ele não parecia mais o mesmo, aquele me dava estabilidade e amor.
Queríamos uma família, o que foi que mudou?
Eu voltei para a minha casa, enquanto andava pelas ruas pensava, pensei e repensei sobre tudo, eu comecei a enxergar o quanto ele era malicioso comigo e o quanto se aproveitava, mas meu coração insiste em dizer que isso é apenas a minha mágoa se sobrepondo em minhas razões.
A todo instante eu olhava para a minha barriga e a acariciava, eu demorei uma semana para aceitar que seria mãe, e vi que seria algo incrível, eu havia planejado tudo, mas Jacob jogou tudo no lixo.
Mesmo que eu não admitisse, eu amo este serzinho que está dentro de mim, mais que tudo.
Dias passaram e Jacob não respondia minhas mensagens, estava disposta a dar tempo a ele, afinal, uma notícia dessas era difícil de ser engolida.
Porém, no mesmo dia meus pais me chamaram para uma conversa e me entregaram um papel, era o horário marcado para um aborto e uma inscrição para uma faculdade na Suíça.
Eu fiquei destruída, eu não havia contado para mais ninguém e todas as provas que tinha eu havia guardado no meu lugar mais seguro.
Eu fiquei calada enquanto escutava eles me insultarem e reclamarem sobre mim, temia que eles me machucassem caso eu os enfrentasse, então fiquei calada e me escondi em outro mundo, um mundo onde era apenas eu e o meu bebê. Era como um paraíso, uma grama verde, um céu azul com algumas nuvens, árvores e um pano de piquenique, onde eu estava sentada, olhando para o céu e contando as nuvens para o meu bebê ainda na barriga.
— Vá para o seu quarto e não saia mais de lá, nem para ir trabalhar, diremos que adoeceu. - minha mãe falou e assenti.
Obedeci sem pestanejar e fui até o meu quarto, meu refúgio, o lugar na qual eu chorei, cuidei dos meus machucados, mas que beijei Jacob pela primeira vez e onde mais nos amamos. Agora mais nada nesse quarto me fazia feliz.
Eu agi mecanicamente, peguei minha mochila, coloquei roupas confortáveis, dinheiro que havia guardado para esta situação e o meu teste de grávidez, aquele que guardei com tanto carinho. Escrevi uma carta e pela janela deixei meu passado.
Deixei tudo que sofri, senti e amei, deixei todo o meu passado, com a esperança de um novo futuro, aquele que seguraria-me e não me soltaria nunca mais, eu sei que vai difícil a caminhada até a felicidade, mas o fim vai fazer valer tudo a pena.
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Em New Orleans - Elijah Mikaelson
Fiksi PenggemarEmy teve que fugir do seu passado e acabou parando em New Orleans, sozinha em uma cidade na qual ela descobre ser cheia de mistérios. Tudo começa quando ela tromba com um homem elegante, sempre de terno e feição fechada. Ela não consegue se ver long...