A queda de Ícaro Narciso

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Sempre foi o sorriso.

Mas que sorriso? O dela.

Maior parte das mulheres espera que um homem diga que alguma parte do corpo delas é a preferida no quesito sexual, mas às vezes não é o corpo que ganha os olhares, ou os sussurros nas orelhas, às vezes o sorriso e os olhos são as coisas mais bonitas e é sempre isso que podia fazer um deles se apaixonar.

Isaach sempre parava para apreciar o sorriso dela, talvez ele não fosse o mais romântico, o mais profundo ou o mais poético. Ele também não deveria ser o que as mulheres normalmente esperam porque ele definitivamente não era um príncipe encantado e não esperava que achassem que fosse, porque, para ser honesto, ele nunca pensava muito no facto de poder se apaixonar.

Não é como se nunca tivesse cogitado, mas para ele a própria imagem num relacionamento era algo que estava mais para uma miragem futura do que para uma necessidade atual, ele achava isso antes de a conhecer, achava isso quando a conheceu, mas ele não acha isso agora porque, agora, cada vez que ele olhava para ela era como se não conseguisse pensar em outra coisa para além do facto dela ser a cara da princesa dos sonhos dele.

Talvez ele esteja equivocado, talvez não tenha sido só agora, Isaach era o tipo de pessoa honesta, mas um pouco desligada, o que às vezes o faz parecer trapaceiro porque ele não mente, ele só não percebe na hora, como o facto de que ele acha que começou a ver Adenike de outra forma, mas não era a primeira vez que ele sorria porque ela sorriu, que ele encarava os lábios dela cada vez que ela os humedecia, não era a primeira vez que ele prestava mais atenção nela do que nas outras meninas ao redor dele, ou a forma como ele parecia demorar a desviar o olhar quando ela usava roupas que a faziam parecer uma deusa grega, também não era a primeira vez que ele pensava nela como uma deusa grega.

A questão é que Isaach sempre se convenceu de que tudo isso não passava de algo comum que todos os homens faziam, ele se convencia de que olhar Adenike por segundos a mais, se sentir tenso quando falava com ela ou ficava a sós com ela, ter a urgência de a fazer rir ou gostar de conversar com ela, não era nada mais do que tentar ser um bom amigo e visto que eles se conheceram há pouco, não devia ser nada além da necessidade que normalmente se tem de agradar amizades novas.

Talvez ele tenha percebido tarde demais que ele não fazia isso tudo apenas porque gostava da amizade de Adenike e queria manter essa amizade, e sim porque ele olhava para ela e a miragem de um relacionamento que antes parecia estar a anos luz de distância parecia estar perto demais, vivido demais.

Admitir a nós mesmos que gostamos de alguém é uma das partes fáceis, a parte difícil é quando não sabemos o que a outra pessoa sente e parece que vamos explodir de curiosidade para saber.

Homens têm formas diferentes de conquistar, a de Isaach para mulheres conseguia ser invisível, ele costumava sentir a urgência de as fazer rir, então ele contava piadas ou brincava durante as conversas, ele costumava aumentar o contacto físico com elas e tornar a relação mais íntima, ele também costumava parecer mais amável e saber exatamente como derreter os corações delas.

A questão é que tudo isso até os irmãos mais novos podem fazer e mulheres são complicadas, se ele não fosse mais óbvio, não teria como ela adivinhar.

O que é mentira, teria sim.

Adenike podia ter percebido há muito tempo se para mulheres todos os sinais masculinos não fossem "impressão", elas nunca sabiam, a não ser que fossem elas a ver isso a acontecer com outras pessoas. Ela nunca acreditaria que Isaach gosta dela porque ela sempre acharia um defeito nela mesma para a fazer pensar que havia uma razão nem que ínfima de o fazer não gostar dela, que ela estava a delirar e talvez fosse o facto dela gostar dele que a fizesse achar que toda a atenção, da maior a menor, fosse um sinal.

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⏰ Última atualização: Sep 18 ⏰

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Contos - 18/9/24Onde histórias criam vida. Descubra agora