Gimme that thing that I love

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Roier era conhecido por várias coisas: pelo seu talento, sua carreira de sucesso, seus filmes, seu charme, sua beleza, seus olhos castanhos escuros, seu sorriso, sua confiança, até mesmo por sua arrogância. Uma coisa que era certa, ao menos, é que ele não era conhecido por ficar nervoso facilmente, sua mente de titânio o impedindo de se abalar com coisas que certamente incomodariam qualquer um que estivesse em seu lugar.

Naquele momento, Roier estava nervoso.

Bom, é claro que estava; a situação era importante e grande o suficiente para alterar tanto a sua frequência cardíaca quanto respiratória. Mas não era qualquer tipo de nervoso. Não era como se preparar para o teste de algum personagem, para ir a estreia de um de seus filmes, para receber as críticas da academia de cinema e do público ou até mesmo para atender uma ligação de su abuelo.

A razão de seu nervosismo era bem diferente daquelas coisas.

A razão de seu nervosismo tinha nome e sobrenome.

Alto, branco, jornalista, brasileiro, forte, com cabelos loiros escuros e uma mecha branca em frente à testa, um rosto divino, um sorriso astuto, uma língua afiada, porém muito macia, e olhos azuis e brilhantes iguais a um par de safiras...

Senhor Balanar havia o chamado para um encontro, e Roier não via outra opção além de aceitar o seu convite.

Esse era o motivo de seu nervosismo.

Não é como se ele não tivesse ido a um encontro antes. Até parece. Roier era um homem bonito e interessante, é claro que chamava atenção por onde quer que passava. Mas aquele encontro em específico, naquele lugar em específico, com aquele homem em específico? Ah, seu coração se acelerava em ansiedade, a pele arrepiando-se só de deixar a sua cabeça vagar pelo mundo das ideias. Como seria? O estabelecimento estaria cheio? Sua roupa estava adequada para a situação? Sua maquiagem estava borrada? E senhor Balanar? Será que estava tão ansioso quanto si? Será que o coração dele batia tão forte em seu peito quanto o do mexicano?

Seu pé batucou no chão do carro, começando a acelerar o ritmo com o passar do tempo. Tinha que se controlar. Respirar fundo. Inspirar e expirar, bem devagar. Não havia motivo para ficar nervoso. Ele era Roier de Luque, a estrela de cinema em ascensão, que capturava o olhar de todos por onde andava e quando falava. Ele era alguém importante. Alguém de nome conhecido. Alguém que com certeza marcava presença. Não era um Zé ninguém. Ele poderia se manter calmo.

Lembrou-se mais uma vez dos olhos azuis que pertenciam à razão de seu nervosismo, e esboçou um pequeno sorriso com a memória surgindo em sua mente. Aqueles batimentos cardíacos acelerados não eram um sentimento ruim, muito pelo contrário: estava ansiando por aquele momento desde a premiação da academia de cinema, desde que pôs os pés para fora daquele banheiro, desde que foi obrigado a sair dos braços daquele homem, desde que teve que subir no palco com o restante de seus colegas de trabalho para receberem os prêmios de "melhor figurino" e "melhor maquiagem e penteados". É claro, a última parte não era nem um pouco ruim. Foi uma grande conquista para um filme que tinha "tão pouco potencial", segundo o que os comentários diziam quando o trailer saiu há meses atrás nas plataformas digitais. Ficava feliz por perceber que havia calado as bocas desses caras. Por onde será que eles andavam agora? Queria saber só pra poder rir com mais gosto.

Observou a paisagem pelo vidro da janela do carro, o céu escuro sendo extremamente belo para aquela noite de sexta-feira. Soltou um suspiro, tentando acalmar as batidas rápidas de seu coração. Passou as mãos nos brincos da orelha direita, com a desculpa esdrúxula de que estava conferindo se eles mantinham-se no lugar, sendo que, na verdade, estava apenas tendo algo com o que ocupar as mãos. Um hábito antigo, desde que fez o primeiro furo em seus lóbulos, há alguns anos atrás. Era tão óbvio que ele estava, sim, nervoso? Sempre pensou que disfarçava bem, afinal, ninguém, além de Jaiden, sabia que aquele gesto era uma denuncia que suas mãos faziam do que se passava em seu cérebro. Se alguém havia reparado, ao menos não comentavam com ele, o que achava ótimo. Fazia bem para o seu ego.

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⏰ Última atualização: Sep 19 ⏰

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