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Crystal
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— Por favor, me deixem ir embora… juro que não conto pra ninguém, só me deixem ir

— Faz essa PORRA, CALAR A BOCA

Me encolhi no assento de trás do carro — Por favor… – minha voz sai tão baixa que até eu mesma tenho dificuldade de ouvi-la

— Eu tô falando sério, faz essa garota ficar quieta – disse o homem que tinha me abordado — Não acredito que essa porra me mordeu

O outro que estava sentado do meu lado, tentou segurar o riso — Você queria o que? Foi por a mão na boca dela

— Era para eu deixar ela gritar e chamar atenção?! 

— No jeito que estavam todos entretidos, com o jogo, nunca ouviriam ela gritar! Achei bem feito a mordida, até parece ser amador – o cara que dirigia, o fuzilou com os olhos pelo retrovisor, fazendo seu parceiro dar de ombros — Garota, sei que está assustada – não imagina, de qual forma eu estaria? Estou dentro de um carro, com dois bandidos, não era para estar assustada?! — Mas meu amigo aqui, não tem paciência nenhuma e ele não foi nenhum pouco com a sua cara, então se não quer que as coisas piorem pro seu lado… é melhor ficar calada! Conseguiu entender? – suas últimas falas soaram mais como uma ameaça 

Apenas assenti com a cabeça, me afastando o máximo que pude de perto dele, mas não foi o suficiente para o impedir que tocasse em meu rosto, sinto um calafrio no mesmo instante que seus dedos deslizaram pela minha bochecha esquerda.

— Tão linda… pena que é chatinha 

— A sorte dessa vadia é que não podemos tocar nela… se não 

Me encolhi mais ainda como se isso fosse possível naquele pequeno espaço, meu coração aperta cada vez mais, principalmente quando notei que já estávamos longe demais, já não via as construções imponentes da cidade, agora árvores ganhavam cada vez mais espaço.

— Coloca a venda na garota! 

Balanço a cabeça negativamente — P-porque estão fazendo isso?

— Lembra o que eu falei, colaborar que nada de ruim te acontece! – rosnou 


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— O que vocês querem? – pergunto mais uma vez entre soluços de choro, antes de ser empurrada para dentro daquele quarto, sinto uma dor aguda se espalhar em meus joelhos e nas palmas das minhas mãos, assim que se chocam no chão — Porque estão fazendo isso comigo? Se é dinheiro pegaram a pessoa errada, minha família não é rica…

O homem mais alto, o mesmo que machuquei a mão, se ajoelhou na minha frente, pegando meu rosto em uma de suas mãos me forçando a olhá-lo, onde só podia ver seus olhos escuros quase pretos me encarem, pois usava uma daquelas toucas que cobriam o rosto, engulo em seco ao ouvir sua risada, me assustando mais ainda, nunca pensei que uma risada pudesse transmitir tanta frieza.

— Fica tranquila ruivinha, não erramos em nada! – se levanta indo até a porta

— Eu tô falando a verdade, não sou de família rica… só estudo em uma daquelas escolas, porque sou bolsista!

— Pode ser bolsista, mas isso não impediu que você entrasse na frente dos planos de gente poderosa – o olhei confusa, como assim? Que planos? Que gente poderosa?!

A porta foi fechada com força, me fazendo apertar os olhos de susto — C-como assim gente poderosa? – falo alto, encarando aquela porta, na espera de uma resposta que não veio.

(Nem) Todos os Clichês São IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora