10 - Trabalho em Dupla Aos Trinta Anos

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Gente, precisamos comemorar os 22k de visualizações que chegamos aqui em THE BOLTER! Estou tão orgulhosa de vocês por me ajudarem a chegar aqui nessa meta, orgulhosa pelos comentários que me trazem uma felicidade e sorriso no rosto.

Essa história é algo que eu queria escrever desde o ano passado e estou me sentindo super realizada pelos feedbacks que voc~Es deixam para mim todos os capítulos. Muito obrigada!

Música para o capítulo: It's All Over Now, Baby Blue - Bob Dylan


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Rosamaria

2012

Tiago era tão inquieto que às vezes descobria coisas na minha casa que até mesmo eu havia esquecido que existiam com o passar dos anos, rotinas e pouco tempo para explorar as camadas do lugar onde sempre morei.

Ele me distraiu quando eu estava adentrando o último arco de O Alquimista, correndo até onde eu estava esparramada no sofá da sala, com um rádio velho sobre os ombros e uma pilha de CDs no arco de seu braço.

"Olha o que eu achei!"

Preguiçosamente olhei para ele; tudo que eu fazia nos meus poucos dias de folga eu fazia lentamente, tomando o tempo que eu finalmente tinha para ser mais desleixada e mole. "De onde cê tirou isso?"

"Tava na sua garagem, o seu pai me falou antes de sair que ia jogar algumas coisas fora e se eu queria dar uma olhada pra ver se achava alguma coisa interessante, e olha que irado!"

"Ainda presta?" Levantei meu torso e sentei-me no sofá, ajeitando a correntinha que sempre uso no pescoço.

Tiago se sentou no tapete, cruzando as pernas e enfileirando os CDs com capas amareladas de tão velhas que eram. Ele pegou o primeiro da pilha e o tirou da capa com dedos mal acostumados depois de mergulhar tão profundamente na geração de iPods e celulares.

Girando o CD e o posicionando contra a luz, ele rumina, "Hm, acho que não, hein."

Mais interessada, eu fisgo o rádio do chão, surpresa pelo peso dele. O ajeito no meu colo, em cima das minhas coxas descobertas pelo short jeans desfiado que as garotas usam hoje em dia, e clico em alguns botões. A maioria está em inglês, mas eu reconheço as letras desgastadas que sobram da palavra 'open'. Aperto com mais força do que lembrava que teria, o botão já está emperrado com o tempo, e a tampa se abre numa velocidade cômica para algo tão velho.

Passo as mãos pelos arranhões na carcaça do rádio, sentindo as marcas. Meu pai costumava colocar ele no balcão da cozinha enquanto minha nonna cozinhava aos domingos, muitos e muitos anos atrás; lembro do gingado contido dela enquanto ela media os temperos da comida com o coração e da presilha de prata que ela usava para prender a longa franja reluzindo na luz do meio-dia.

"Que sorriso bobo é esse, amor?"

Olho para cima, vendo o sorriso no rosto de Tiago e sorrio ainda mais. "Eu lembrei de umas coisas."

Ele assente, mas não pergunta mais a fundo; ao invés disso, ele levanta o dedo mostrando o CD. "Acho que esse aqui vai rodar com tranquilidade."

Minhas mãos estendem o rádio para ele, e Tiago se concentra para colocar cuidadosamente o CD no tocador.

"É de quem esse CD?" Me debruço sobre as minhas pernas para ver mais de perto.

"Não tinha nada escrito na capa." Ele dá de ombros e me manda um sorriso de canto. "Vamos descobrir agora." Ele dramaticamente aperta play.

the bolter | rosamaria montibellerOnde histórias criam vida. Descubra agora