O último ato do jogo / Vol. 2

Capítulo 62: Acho muito justo.

Wyatt

Hazel demorou um bom momento pra me responder, como se eu a tivesse pegado desprevenida. Tudo bem, eu provavelmente poderia ter achado uma outra forma ou hora pra perguntar isso, já que eu tinha brigado com o irmão dela a poucas horas. Mas pra mim esse parecia ser o melhor momento.

—Eu vou ser a senhora Hollis, muito provavelmente? —Ela repetiu, com muita cautela, o que me fez soltar uma risada e confirmar com a cabeça. —Achei que você nunca fosse me pedir.

—Achou? —Eu acabei rindo, me inclinando para beijar a ponta do nariz dela. —Então você está se enganando muito sobre mim, porque não tem qualquer chance de isso aqui acabar de uma forma que não seja em namoro. Quero beijar você, Hazel, todos os dias. Por que eu não pediria, se já sei que não vou conseguir manter minhas mãos longe de você.

—Ah, meu Deus, acho que nunca vou me acostumar com isso. —Hazel afundou o rosto no meu peito, parecendo ter ficado super sem graça. Tomei cuidado com o braço dela, enquanto a abraçava pela cintura.

Minhas bochechas doeram de tanto que eu estava sorrindo, porque me lembrei de quando nos conhecemos, quando Hazel parecia desejar sumir quando eu a peguei falando mal de mim. Naquela época eu não fazia ideia de que íamos chegar aqui, apesar de ter ficado interessado nela logo de cara.

—Você quer? —Indaguei, porque Hazel ainda não tinha me respondido. Senti ela balançar a cabeça positivamente, antes de se afastar e encher meu rosto de beijos, até eu fazer uma careta quando ela beijou um dos meus machucados. —Se eu soubesse que seria assim, teria pedido muito antes.

Hazel riu, mordendo o lábio inferior enquanto acariciava minha bochecha. Nós dois ficamos apenas nos encarando, sentindo a importância daquele momento. Passei a mão pelos cabelos dela, ajeitando os fios bagunçados, sentindo meu coração disparado dentro do peito. Parecia que eu estava no meio de uma corrida e Hazel estava na linha de chegada.

—Fica aqui comigo hoje. —Encostei minha testa na dela, soltando um suspiro que era uma mistura de alívio com felicidade, porque era bom demais estar com Hazel. Ela sempre acalmava meus pensamentos caóticos e confusos.

—Não tenho roupa nem pra dormir. —Hazel sussurrou, e eu balancei a cabeça negativamente, porque não me importava nem um pouco com isso, só queria ela ali.

—Eu te empresto alguma coisa. Ou a Taylor. —Sugeri, e Hazel torceu os lábios de leve, antes de concordar com a cabeça, me arrancando um sorriso muito grande. Segurei o rosto dela e a puxei para um beijo que arrancou seu folego, me sentindo bem demais por ter conseguido o que queria.

[...]

Não esperava que fosse chamado na reitoria tão cedo, mas na manhã seguinte eu já estava com um e-mail me esperando, e sabia que Caleb provavelmente tinha recebido um igual, porque quando cheguei na reitoria na manhã seguinte, lá estava Caleb esperando.

Nós dois fomos chamados depois de um silêncio super pesado. Me sentei na cadeira, sentindo o desconforto subir pela minha coluna quando encarei a expressão infeliz da senhora do outro lado da mesa, que estava com as mãos unidas e os lábios torcidos, além dos olhos franzidos por trás do óculos de grau.

—Acho que os dois podem imaginar o motivo de terem sido chamados aqui. Chegou em nossas mãos ontem a noite um vídeo dos dois brigando dentro do campus. —Ela ergueu o óculos com o dedo indicador, ao mesmo tempo que Caleb fazia o mesmo com o dele, o que quase me fez rir. —Esse tipo de atitude é completamente contra o que desejamos e prezamos dentro dessa instituição.

—Sentimos muito. Foi algo que fugiu do nosso controle. —Caleb afirmou, mesmo que eu soubesse que era tudo mentira. Pela cara da mulher, ela também sabia disso. —A gente brigou por causa da minha irmã, mas já conversamos e nos resolvemos.

—É muito bom ouvir isso, apesar de que não muda o fato de que terei que puni-los. Que a situação sirva de exemplo para que não aconteça novamente. —Afirmou, e eu comprimi os lábios quando ela mexeu em alguns papeis sobre a mesa, enquanto Caleb parecia um pouco tenso na cadeira ao meu lado. —Senhor Carson, o senhor está suspenso do time de beisebol por tempo indeterminado. Até que tenhamos certeza de que compreende o quanto esse tipo de atitude é contra nossas normas.

Caleb apenas abaixou a cabeça e assentiu, parecendo não ter nada a dizer com aquilo. Soltei um suspiro pesado quando a mulher me encarou, porque pelo visto a pior parte tinha ficado para o final. Pela cara que ela estava me encarando, eu poderia muito bem ser queimado vivo em uma fogueira. Acho que ela não teria coragem de fazer isso, mas meu treinador certamente faria isso quando me encontrasse.

—Senhor Hollis, você participa de duas atividades da universidade e parece que não pensou em nenhuma delas quando resolveu brigar. Assim como o senhor Carson, está suspenso do time de basquete. —Ela torceu os lábios ainda mais. A frustração marcando cada parte do rosto, já que eu estava muito silencioso. —E está suspenso do teatro também, até o final da próxima peça.

—Acho muito justo. —Soltei, segurando o sorriso que queria se abrir nos meus lábios, porque o que eu senti ao ouvir aquilo era maravilhoso.

—Acha justo? —Ela repetiu, franzindo a testa em incredulidade e eu confirmei com a cabeça, vendo Caleb desviar os olhos para a parede parecendo estar se segurando para não rir. —Espero que os dois aprendam a lição com isso e que situações como essa não voltem a acontecer aqui dentro.

—Prometo a senhora, isso não vai voltar a acontecer. —Caleb afirmou, abrindo um sorriso compreensível pra ela, como se nós dois não tivéssemos ali por ter caído no soco de proposito.

Acho que se ela pudesse, teria revirado os olhos, porque ela claramente não queria estar precisando conversar com nos dois. Mas aquilo era tudo, porque ela gesticulou na direção da porta, nos dispensando muito rápido. Caleb foi o primeiro a se levantar e sair, enquanto eu fazia isso muito lentamente.

Fechei a porta atrás de mim, me virando para encara-lo, já que ele tinha parado no corredor para me esperar. O olho dele estava roxo, assim como uma parte na lateral do seu nariz. Eu estava quase igual, o que deixava a situação muito cómica.

—Preciso de uma cerveja. —Caleb soltou depois de um momento, parecendo completamente cansado, antes de puxar o celular e ver a hora. Ele saiu andando pelo corredor, antes de me olhar por cima do ombro quando permaneci no mesmo lugar. —E você vai pagar.

Continua...