Amar é simples. O sentimento, por si só, é leve. O que o torna complicado são as pessoas - ou, talvez, aquelas que nunca o experimentaram de verdade. Gosto de acreditar que, em algum lugar, sempre existe alguém destinado a outro alguém. Não importa...
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Quarto da Camila
Camila's POV -Dezembro 2024
Engraçado pensar que quando você é adolescente as pessoas presumem que você não sabe nada. Mas a gente sabe, talvez não em sua totalidade e não pensa muito nas consequências dos nossos atos, mas pensar que por ser novo não sabemos absolutamente nada, é uma burrice sem tamanha. Os adultos sempre nos deixam marcas, nem sempre elas são boas. Talvez eles só estejam tentando acertar, sem saber muito para onde ir, mas sempre sabendo onde não ir, ou julgando saber.
Pensar nisso agora que sou adulta parece fácil, mas compreendo a dualidade de tudo isso, não aceito, mas compreendo. Ser adulto é ter alguns de seus sonhos esmagados pelo peso de tanta responsabilidade, talvez por isso tenho tentado, por todo esse tempo, manter a chama de alguma coragem daquele meu eu adolescente sonhador. Principalmente nesses dias frios....
O inverno sempre fora minha época do ano favorita, talvez tenha sido esse o motivo de eu me mudar para uma cidade tão fria. Pelo menos era este o motivo que eu havia me obrigado a tornar como verdade, para que eu pudesse ter um pouco de paz em minha mente e em meu coração.
Falls tem 6 mil habitantes e uma constante brisa fria logo cedo, além do barulho gostoso das ondas do mar, é fácil se acostumar com a plenitude de uma vida calma.
Depois de quase 6 anos e eu ainda sinto o calor de tudo, por isso morar em uma cidade tão fria faz todo sentido, pois faz essa chama esfriar um pouco.
Acordo cedo, com meu despertador, tento sempre levantar no primeiro alarme, mas este dia não. Hoje me permitiria ficar mais 10 minutos na cama, tardando o sentimento que esse dia me causaria, eu sabia que causaria, porque depois de todos esses anos, eu ainda sentia. Minha cabeça doía, assim como todo meu corpo, me lembrando que hoje seria um dia daqueles.
Após 15 minutos, levanto, sabendo que não havia como fugir.
Engraçado como essa palavra cabia tão bem, em tantas situações. Em todas elas, aquela pessoa estava presente. Fugindo.
Me direciono ao meu banheiro, escovo os dentes me olhando no espelho e vendo o quão deplorável eu estava, me sentindo uma completa idiota por ainda dar a ela esse poder. Mas como diria uma velha música o coração quer o que ele quer. Não adiantaria eu tentar não sentir, eu já havia tentado fazer isso outras vezes e nunca deu em nada.
Acabo de escovar meus dentes e começo pentear meus longos cabelos negros, até eles estavam da forma que ela sempre elogiava, totalmente armados.
Lavo meu rosto com um sabonete especifico para isso. Massageio as pequenas olheiras que se formavam embaixo de meus olhos e suspiro fundo, tentando me reerguer.
Hoje o dia seria longo, com aulas para ministrar e um semestre para finalizar.
Meu banheiro era uma graça, tudo ali foi pensado de forma a ser aconchegante com um toque de modernidade, do jeito que eu imaginei. Um espelho grande na parede, uma pia na cor preta, a parede perto da pia era rústica com detalhes em pedras, nele ainda haviam entradas de luzes naturais e um pequeno jardim, o estilo moderno dessa peça era representado pelas linhas retas e alguns metais sem brilho e o chão amadeirado, em cima dele uma linda banheira na cor branca, meu lugar favorito de descanso e também prazer. Eu me orgulhava demais deste projeto. Ele trazia à tona toda a minha ideia de conforto, de lar e de segurança.
Narradora's POV
Do outro lado da cidade estava uma Lauren, em uma mesma peça, olhando fixamente para o espelho a sua frente, em linda suíte, que alugara para aqueles dias, que ela chamara de férias, mas no fundo era somente uma fuga, lhe restava saber do que.
Um banheiro, todo sofisticado com elementos naturais, com detalhes em mármore e madeira. Nele ainda tinham algumas obras de arte e uma bela e convidativa banheira branca, que seria usada mais tarde, pelo menos aquele era o único plano concreto para aquele dia.
Lauren tinha esse gosto estranho por banheiros, não de uma forma estranha, mas ela procurava entender a mente de quem o projetou e quais sentimentos queriam trazer à tona. Afinal toda estrutura sempre tinha uma história, pelo menos era assim que ela pensava. Ela nunca havia parado para pensar de onde tirara essa ideia sobre os banheiros, mas lhe fazia sentido.
A banheira era seu único plano para o dia, pois ela não tinha ideia do que fazer com seu primeiro dia de férias. FÉRIAS. Ela não sabia o que era isso a algum tempo. Decidiu dedicar sua agenda, todos os anos, ao trabalho, nunca se permitindo fazer outra coisa. Mas este ano algo gritava dentro dela, pedindo uma folga ou não conseguiria e acabaria tendo um Burnout.
A verdade é que ser dona de uma das empresas mais prestigiadas do ramo de arquitetura não era algo fácil, sempre tendo que dar conta de tudo e cuidando de todos. Pelo menos era nisso que ela se apegava, para explicar sua fixação nesse trabalho que ela nem lembrava quando havia iniciado.
Lauren não era do tipo que não acreditava em amor, em romance e todas essas coisas implicadas a relacionamentos amorosos. Longe disso. Ainda mais nesta época do ano, em que ela achava que todos os desentendimentos do ano eram "sanados" ou calados por presentes. Presentes que remediavam as presenças não tidas durante o ano. Mas algo dentro dela simplesmente parecia estar fora do lugar, então ela pensava no amor como algo prático e que fosse bom para ambos os lados, sem toda a complicação e aquelas histórias melosas vendidas em filmes de romance.
Na sua adolescência ela até tivera um desses amores avassaladores. Sim, ela sabia que tinha sido amor, porque sempre que pensava nela seu peito doía e seu corpo tentava desesperadamente buscar algum conforto. Mesmo não compreendendo o que aconteceu para que elas nunca mais tivessem tido contato uma com a outra. Mas procurava pensar que somente havia sido "avassalador" porque ela era adolescente e a outra menina provavelmente já deveria estar casada e com filhos, vivendo em algum lugar no mundo, então pensar nela não era mais uma opção.
Engraçado como a mente humana trata de apagar algumas de nossas decisões, por mais que nosso coração nunca as esqueceriam.
Agora voltando para o outro banheiro....
Camila despertou de seu pequeno transe em frente ao seu espelho do banheiro que ela tanto adora, quando alguém puxou seu roupão...
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Então? Como estamos? Segunda tentativa de colocar algo no papel... Então peguem leve comigo. É engraçado escrever isso porque provavelmente estarei falando sozinha. Mas se não estiver.... Olá, seja bem vindo/vinda <3