12-3. Lily

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Atlas toma um gole de sua bebida. Quando me fita, é com um olhar penetrante, como se quisesse desvendar aquilo que não estou dizendo.

-Você queria ter feito uma festa?

Dou de ombros.

- Sei lá. Sempre soube que Ryle nunca teve vontade de se casar, então quando ele sugeriu que fossemos para Las Vegas pra gente se casar, pensei que era uma oportunidade que poderia nunca mais acontecer. Acho que senti que um casamento daquela maneira improvisada era melhor do que não me casar com ele.

- E se você se casasse de novo? Faria alguma coisa diferente?

Rio da pergunta e faço que sim na mesma hora.

- Mas é óbvio! Eu quero tudo: as flores, as madrinhas, o pacote completo. - Ponho uma batata na boca. - E votos românticos, e uma lua de mel ainda mais romântica.

-Para onde você iria?

-Paris. Roma. Londres. Não tenho vontade de ficar sentada sob o sol em praia nenhuma. Quero ver todos os lugares românticos da Europa e fazer amor em todas as cidades e tirar fotos dando beijo na frente da Torre Eiffel. Quero comer croissants e ficar de mãos dadas em trens. - Solto a caixinha vazia das batatas fritas dentro do saco. - E você?

Atlas estende o braço para alcançar minha outra mão e a segura. Ele não responde. Apenas sorri para mim e aperta minha mão, como se ainda fosse cedo demais para revelar seu desejo.

Segurar a mão dele me parece tão natural. Talvez seja porque a gente fazia muito isso na adolescência, mas ficar sentada aqui no carro com ele e não segurar sua mão parece mais esquisito do que segurá-la.

Mesmo com a interrupção que criei no nosso encontro quando peguei no sono, a noite toda foi tranquila e fácil. Estar perto dele é algo instintivo. Passo o dedo em cima do seu pulso.

-Preciso ir pra casa.

-Eu sei - diz ele, roçando o polegar no meu.

O celular de Atlas apita, então ele o pega com a outra mão e lê a mensagem que chegou. Ele suspira baixinho, e a maneira como solta o celular no porta-copos me passa a impressão de que ele está irritado com quem quer que tenha lhe mandado a mensagem.

-Está tudo bem?

Atlas abre um sorriso forçado, pouco convincente. Posso ver que há algo errado, e ele sabe disso. Ele desvia a vista e olha para nossas mãos. Depois vira a minha até a palma ficar para cima e começa a traçar linhas nela. Seu dedo mais parece um para-raios, fazendo a eletricidade se espalhar da minha mão para todo o meu corpo.

- Minha mãe me ligou na semana passada. Sou pega de surpresa por isso.

-O que ela queria?

- Não sei. Desliguei antes que pudesse dizer, mas tenho quase certeza de que ela está precisando de dinheiro.

Junto nossas mãos de novo. Não sei o que falar. Deve ser difícil passar quinze anos sem ter notícias da mãe e depois ela finalmente entrar em contato quando precisa de alguma coisa. Isso faz eu me sentir muito grata pela enorme presença da minha mãe na minha vida.

-Não queria soltar essa bomba quando você está com pressa. Vamos deixar alguns papos para o nosso segundo encontro. - Ele sorri para mim, mudando a vibe completamente.

É incrível como seu sorriso define o que acontece dentro de mim.

-Vamos, eu te acompanho até seu carro.

Dou uma risada, pois meu carro está literalmente a um metro e meio de distância. Mas Atlas passa pela frente do seu carro, abre a porta do carona e me ajuda a sair. Em seguida, cada um dá um passo e chegamos ao meu carro.

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