Capítulo 38: Reflexão Intensa

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Visão de Jin

Assim que Roger e eu saímos do banheiro, nossos olhares se cruzaram por um breve momento antes de nos separarmos. Caminhei em direção a Nyx, me sentindo mais leve, quase alegre, enquanto lembranças da peça passavam pela minha cabeça. Era impressionante como tudo ao lado de Roger parecia mais intenso, porém de uma maneira saudável. Já com Ren, por mais ardente que fosse, sempre havia algo problemático. Até o sexo com ele, mesmo prazeroso, não passava de uma tentativa de me manipular, de me manter sob o seu controle.

Perdido nesses pensamentos, mal percebi quando Nyx se aproximou. Com um gesto casual, ela ajeitou a gola da minha camisa, o olhar dela sério, mas ao mesmo tempo, fraternal.

— Um conselho — começou ela, com a voz baixa e direta. — Se você e o Roger vão transar no banheiro da escola, pelo menos tentem não deixar rastros da bagunça. Não pega bem.

— Oxi, o que foi que me entregou? — Perguntei, tentando disfarçar a confusão que ainda me envolvia, como se estivesse saindo de uma névoa pesada.

— Sua gola está toda amassada e, para completar, sua calça está torta. — Levantei da mesa rapidamente, tentando arrumar a calça de qualquer jeito.

— Desculpa, acho que fiquei distraído com o que fiz com o Roger — admiti, meio envergonhado.

— Eita, a pica do negão é tão boa assim, japonês? — Nyx soltou uma risada provocadora.

— Boa é pouco... Mas falando sério, não foi só o ato, sabe? Achei que ele seria bruto, tipo, me empurrando e forçando tudo, mas foi o contrário. Eu guiei ele o tempo todo e ele só... deixou, sem questionar. — Senti um sorriso tímido surgindo nos meus lábios ao relembrar a sensação de controle que tive.

— Shimada, shimada... Não vai me dizer que você gosta de um BDSM ou Bondage, hein? — Nyx perguntou, com um tom de provocação clara, e meu rosto imediatamente esquentou, quase como se fosse pegar fogo. Me virei para ela, tentando esconder a vergonha.

— Se ele me permitir algum dia, quem sabe eu não arrumo umas cordas e vendas? — Respondi, meio rindo, meio tentando desviar a conversa.

Seguimos caminhando em direção à sala de aula, e a conversa continuou fluindo. Nyx, sempre curiosa, quis saber mais detalhes, inclusive o tamanho do "equipamento" de Roger. Mas eu não tinha uma resposta concreta. A verdade é que estava tão perdido no momento que nem me preocupei em medir, mas arrisquei um palpite alto só para alimentar a curiosidade dela.

Durante as aulas, me peguei várias vezes pensando nele, naquele momento que compartilhamos. Cada lembrança me fazia sorrir, como um bobo apaixonado. E quando o intervalo chegou, deixei meus amigos de lado para passar mais tempo com Roger. Nos deitamos sob uma árvore no pátio da escola, o corpo dele contra a grama e eu deitado de bruços sobre ele.

Enquanto uma folha caía suavemente sobre nós, eu a pegava e brincava, passando-a sobre o rosto dele. Entre sorrisos e perguntas tolas, o tempo passava sem que percebêssemos.

— Se você tivesse que escolher entre mim e um dos seus melhores amigos, com quem passaria o resto da vida preso numa casa? — Perguntei, divertido.

— Fácil! — Ele respondeu sem hesitar. — Meus amigos são todos uns machos chatos, e nenhum deles é gostoso. Já você... macho e gostoso. Então a escolha é óbvia. Mas e você, amore? — Ele me olhou com aquela curiosidade brilhando nos olhos.

— Você, claro. — Sorri de volta.

— E por que eu? Você nem pensou para responder.

— Primeiro, quase todos os meus amigos e amigas são héteros e namoram. Segundo, qualquer lugar sem você seria uma prisão. Com você ao meu lado, seria apenas uma casa comum. — Meu coração se aqueceu ao dizer isso, e o sorriso dele foi a resposta que eu precisava.

— Tá, espertalhão, minha vez de perguntar. Se eu morresse, o que você faria? — A pergunta pegou-me de surpresa.

— Depende de como você morrer — respondi, já imaginando o que ele queria dizer.

— Pera, como assim depende?

— Se você morrer de uma doença ou algo assim, eu vou ficar de luto pelo resto da minha vida. Mas se alguém te matar, Roger, eu jogaria tudo fora pra encontrar quem fez isso. — Meu tom ficou mais sério.

— Tipo um filme de ação, né? Nossa, que romântico. — Ele riu, mas havia uma seriedade no ar agora.

— E você? O que faria se eu morresse? — Perguntei.

— Eu... sinceramente, não sei se seria capaz de ser feliz novamente, de qualquer forma.

— Nem se fosse pra vingar minha morte? — Insisti, curioso.

— Principalmente se alguém te matasse. A verdade é que, sem você, nada mais faria sentido, nem mesmo a vingança. — As palavras dele atingiram meu coração como um golpe gentil.

Não consegui evitar; inclinei-me e o beijei, um beijo intenso, profundo, ali, em plena escola, sem me importar com quem estivesse olhando. Mas antes que as coisas ficassem mais intensas, notei que um amigo de Roger estava por perto.

— Roger, calma... estamos na escola. — Tentei quebrar o clima.

— O que você quer que eu faça? Você está em cima de mim me beijando.

— Para um virgem, você consegue ser bem tarado. — Ri, tentando aliviar a situação.

— Não sou eu que estou procurando... — Ele rebateu com um sorriso malicioso.

— Estou só tentando ser bonzinho com você, seu chato. — Fiz bico, emburrado, mas logo ele segurou meu rosto com as duas mãos, de maneira carinhosa.

— Você sabia que é muito fofo, né? — Ele perguntou, os olhos fixos nos meus.

— O que isso quer dizer?

— Quer dizer que essa fofura é toda minha. — Ele disse, provocando, e eu decidi jogar a mesma moeda.

— Quem disse que essa fofura é só sua? — Provoquei de volta, sabendo o que viria a seguir.

Antes que eu pudesse me preparar, Roger me segurou e me deitou na grama. Com o rosto perto do meu ouvido, ele sussurrou.

— Isso é pra você aprender a não falar besteira.

Em um segundo, senti seus dentes cravando suavemente no meu pescoço. Meu rosto esquentou, e tive que me segurar para não perder o controle com tantas pessoas ao redor. Só paramos quando o sinal tocou, e enquanto saíamos debaixo da árvore, de mãos dadas, ele sussurrou no meu ouvido:

— Isso é só o começo, mocinho.

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