ECOS DO PASSADO

32 - ECOS DO PASSADO

Pov'Diana

Tudo na minha vida estava correndo tão bem. Passava bastante tempo com meu pai. O homem gentil e criativo que conheci tinha se transformado em um dos meus portos seguros.
Eu estava conversando sobre a vida com meu pai até que eu comento uma coisa que não deveria.

–“Minha mãe conseguiu uma entrevista de emprego essa semana, ela tá correndo atrás desde que o aluguel ficou atrasado...”- paro de falar vendo a expressão do rosto dele mudar.

–“Sua mãe não tá conseguindo pagar o aluguel?”- perguntou surpreso.

–“É... mais ou menos né, o aluguel lá é meio salgado, mas ela tá dando um jeito... e disse pra não me meter nisso”

–“Eu sei que eu e sua mãe não estamos nos falando... porém se precisar de algo me fala, tá bem?”

assenti com a cabeça.–“Falo sim!”

Na manhã seguinte antes de ir pra aula, passava sempre no restaurante, e ao entrar vi uma mulher totalmente fina conversando com Chicão e meu pai.
Me vendo, ele veio até mim e me apresentou para sua nova funcionária do restaurante. Ela parecia ser uma mulher charmosa e inteligente, e chamava a atenção de todo mundo. E eu percebi que o olhar dela só ia em uma pessoa, no meu pai.  Vi que apesar do interesse de Safira, ele a tratava com educação, mas mantinha uma certa distância. Percebendo isso fui até ele e comentei.

– “Essa Safira é muito simpática, né?”

– “Sim!”

– “E eu vi o feito que ela tá olhando pra você, porque não dá uma chance pra ela?”

Murilo riu sem graça.
– “Filha, por favor... é minha funcionária e eu não tô com cabeça de querer conhecer alguém mais uma vez...”

– “Você ainda pensa na minha mãe?”- pergunto

– “Você não tem escola não? Vai, bora pra aula.”- diz mudando de assunto.

Após a aula, chego em casa e começo a contar para minha mãe sobre meu dia.

– “E eu vi que entrou uma moça nova lá no restaurante, ela é super chique, o nome dela é Safira. E ela parece gostar do meu pai”

Vi que minha mãe estava distraída com um livro e apenas murmurou. Eu sabia que ela não queria falar nada sobre o meu pai. E sei que mesmo ela o amando, ela queria esquecê-lo.

Dias e dias se passaram. Minha mãe começou a se aproximar do nosso novo vizinho. Natan, ele era um homem bem gentil e educado, porém bem solitário. Eu fiquei feliz vendo os dois se aproximando cada vez mais e mais feliz ainda vendo minha mãe se soltando.
Minha mãe me contou que a entrevista de emprego dela foi um sucesso e foi contratada como assistente administrativa em uma empresa de marketing. E comentando sobre meus pais, eles se viam algumas vezes, porém nunca trocavam uma palavra sequer, embora essa relação fosse marcada com cicatrizes eu percebia que tinha esperança nos seus olhares.