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◌ O que eu não podia querer (J x YOON)

Eu nunca quis ser uma pessoa invejosa. Também nunca fui uma pessoa de muitas paixões. Mas quando meus sonhos com Shim Ja Yoon começaram a ficar frequentes, eu soube. Soube que tinha algo de muito errado comigo.

Cada pensamento ridículo de amor, cada pecado, cada situação impossível e inalcançável, eu pensei. E a cada vez que isso me passa pela cabeça, cada vez mais minha racionalidade batalha contra a minha paranóia, e a segunda parece vencer todas as vezes.

Shim Ja Yoon jamais me olharia da mesma forma que olha para Park Sieun. Eu não tenho nem metade do carisma, metade da beleza, metade da influência que ela tem. Não que nada disso importasse, porque a única coisa que eu realmente queria era o coração de Shim Ja Yoon. Ha! Imagine só, a reação da bendita Park Sieun ao receber uma folha dizendo: "Você já tem tudo que alguém poderia querer nesse mundo. Você é perfeita. Devia se contentar com isso e deixar pelo menos sua maravilhosa namorada para os mais necessitados (no caso, eu)". Imagino exatamente a cara de desgosto que ela faria ao ver isso. Imagino a cara de desgosto que a Yoon faria quando Sieun mostrasse essa mesma folha para ela.

É real, mas machuca. Nunca pensei que a verdade fosse ser tão dolorosa assim, justamente para mim que sempre valorizei a sinceridade. Porém, toda vez que olho para Shim Ja Yoon, pego ela me olhando. E eu me pergunto se já estou tão maluca assim que estou criando situações em minha cabeça, limpo meus olhos umas duas vezes, mas eu percebo que não é nenhuma miragem.

Tenho a admirado por muito tempo para não perceber seus defeitos, e eu sei que ela tem esse louco desejo de ser reconhecida desesperadamente por todos. Ela quer o amor de todo mundo. Bastante egoísta de sua parte, eu sei, mas não consigo evitar gostar. E eu acho que ela consegue exatamente o que quer.

Pode ser apenas mais uma das paranóias da minha cabeça, mas eu percebo. Todos sempre babam o ovo dela. Ela não é ninguém especial. Ela não tem nada de especial. Mas todo mundo quer a atenção dela. Talvez tenha sido isso que fez eu me apaixonar por ela. A diferença é que eu estava no meu canto. Estava acostumada a não ser reconhecida. Mas ela veio e me deu o que eu não sabia que queria tanto. Ela viu em mim o que mais ninguém viu.

Era primavera, e eu podia jurar que iria descobrir em breve as malditas vantagens de ser invisível, até que ela chegou...

Olhei no quadro pela décima terceira vez só naquela manhã, apenas para ter certeza. Ter certeza de que era uma fraude. Ter certeza de que era um completo fracasso até na única coisa que me comprometia a fazer pelo resto de minha vida.

Eu tentei questionar. Eu podia jurar que minha representação de Pierrot merecia pelo menos um C. C de Cansada pelo menos, brinquei. Eu jamais tinha visto uma trainee receber E nas avaliações mensais, e jamais pude imaginar que seria eu a quebrar esse "belo..." recorde.

Sempre achei que não teria que fazer muito esforço para representar Pierrot, mesmo que tenha feito. O palhaço triste, deixado de lado, nunca visto como outra coisa se não o papel que foi designado a fazer por conta de sua aparência. Então por que de repente eu recebo a porra de um “E” pela minha atuação? Se tem alguém que se encaixa nesse papel, sou eu. E talvez um dos meus maiores medos seja estar destinada a encaixar nesse papel para sempre, então por que esse pessoal dessa empresa de merda não reconhece isso? Sim, galerinha que decide os papéis, eu faria sim uma ótima vilã secundária bem invejosa, que bom que percebem meu potencial! Nem isso, nem o que está na cara deles, eles conseguem ver.

Acho que já chegou a minha hora de desistir. Tentei muitas e muitas vezes ser reconhecida por esse pessoal da JYP, mas a única coisa que parece importar para eles é esse tal de novo grupo que querem debutar. Ouvi muitos boatos, parece que uma ex-atriz mirim, filha do famoso cantor Park Nam-jung, vai debutar nesse grupo. Ah, queria eu ter nascido com o pai famoso. Minha vida seria muito mais fácil. Minhas notas seriam tão facilmente manipuladas para ficarem no topo como a dessas outras trainees. E, se eu tivesse uma certeza de herança grande me esperando mais tarde, faria qualquer coisa possível: qualquer dívida, qualquer aposta arriscada, pularia para entrar em uma empresa pequena como se não fosse custar caro minha escolha (porque simplesmente não iria!). Eu faria até a empresa mais desconhecida parecer fazer parte da Big3.