10 - Como Conquistar Enid Sinclair

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A noite finalmente havia chegado. O tão aguardado Baile Rave'N, esperado ansiosamente por Enid e, com certa indiferença, por mim, estava prestes a começar. Naquele momento, a Nevermore estava envolta em um clima de expectativa, com luzes suaves iluminando os corredores e um silêncio temporário, antes que a música e as risadas ecoassem pelos salões. A noite estava clara, mas uma leve névoa abraçava o edifício, criando um cenário que parecia saído de um conto sombrio e romântico ao mesmo tempo.

No quarto, eu me preparava, olhando meu reflexo no espelho sem realmente ver. O vestido que eu escolhi para a ocasião era simples, mas meticulosamente planejado. Um vestido preto colado, perfeitamente ajustado, com uma fenda discreta na perna esquerda e uma manga de tecido transparente, que cobria apenas meu ombro e braço direito. O contraste do tecido delicado e escuro contra minha pele pálida capturava tudo o que eu sou: elegância contida, envolta em sombras.

Ao lado, Enid finalizava seus últimos ajustes, e eu, apesar de tentar manter meu foco em mim mesma, não conseguia evitar observá-la. Ela estava radiante, como sempre, mas naquela noite havia algo diferente. O novo corte de cabelo, com a franja loira que agora emoldurava seu rosto, destacava ainda mais a suavidade de seus traços. O vestido que ela havia escolhido era um rosa bebê de seda, ajustado ao corpo, repleto de pequenas pedras brilhantes que refletiam a luz de forma sutil. As mangas e alças curtas sobre seus ombros davam ao vestido um toque delicado e elegante. Ela parecia... perfeita.

Naquela noite, eu não conseguia imaginar outra pessoa ao meu lado. Enquanto ela terminava de ajustar seu batom no espelho, ela olhou para mim através do reflexo, sorrindo de forma tímida.

— Pronta, Mon chéri? — ela perguntou, seu sorriso se alargando um pouco mais.

— Claro, Cara mia. — respondi, minha voz calma e firme, estendendo meu braço para os enlaçar.

Saímos do quarto e caminhamos pelos corredores, vendo muitos alunos já prontos e indo para o local do Baile.

— Você está... incrível! — Enid sussurrou, seus olhos fixos nos meus, admirando o contraste entre nossas roupas e nossas essências.

— Você está magnificamente esplêndida. — eu respondi, com um pequeno sorriso se formando nos cantos dos meus lábios.

O Baile Rave'N era algo que ela esperava desde que soubemos da existência do evento. Para mim, era apenas mais uma formalidade, mas, por ela, eu faria qualquer coisa, até mesmo participar de um baile.

Quando finalmente descemos até o salão, o ambiente já estava transformado. As luzes suaves e misteriosas criavam uma atmosfera ao mesmo tempo festiva e enigmática. O salão estava repleto de alunos dançando e rindo, as cores misturando-se em uma harmonia que, normalmente, me incomodaria, mas, naquela noite, passei a ignorar. Minhas atenções estavam em algo — ou melhor, em alguém — muito mais importante.

O som da música preenchia o ar, vibrando através do salão, mas para mim, tudo parecia distante. A única pessoa que realmente importava estava ao meu lado, segurando minha mão enquanto atravessávamos a multidão. Enid estava radiante, seus olhos brilhando de excitação. Quando ela olhou para mim, seus olhos pareciam refletir algo mais profundo, como se o momento estivesse prestes a se transformar em algo mais significativo.

— Vamos dançar, Mon amour? — ela perguntou, quase com um tom de desafio, como se já soubesse que eu não recusaria.

Sem hesitar, assenti.

Ela me levou para o centro da pista de dança, onde casais já rodopiavam ao som de músicas rápidas e alegres, mas, de alguma forma, quando nos posicionamos ali, o ritmo mudou. As luzes pareceram suavizar-se, e de repente, uma música que nunca imaginei ouvir em uma noite como essa começou a tocar.

Coloquem "Perfect" de Ed Sheeran.

Eu não sabia quem havia escolhido aquela música, mas naquele momento, o mundo ao nosso redor começou a desaparecer. A melodia suave e as letras românticas ecoavam no salão, mas para mim, tudo o que existia era Enid. O toque de sua mão na minha, a forma como ela se movia ao meu lado, o jeito como seu vestido brilhava sob as luzes suaves.

Coloquei minha mão em sua cintura, e ela sorriu, segurando meu ombro com a outra mão, guiando-me com uma delicadeza que só ela possuía. A valsa começou, lenta e suave, cada movimento carregado de uma emoção que eu, antes, teria evitado a qualquer custo. Mas ali, naquele momento, parecia inevitável me entregar ao que estávamos construindo.

À medida que rodopiávamos lentamente, o mundo ao nosso redor se dissolvia. Eu não via mais ninguém dançar, não ouvia mais a música em si. Tudo se reduzia ao silêncio confortável entre nós, uma sintonia que, até aquele momento, eu nunca havia experimentado com ninguém. Não era necessário falar. Apenas o movimento da dança, o toque leve das mãos e o olhar que trocávamos em silêncio, diziam tudo.

Enquanto dançávamos, minha mente começou a viajar através de todas as memórias que havíamos construído juntas. Eu me lembrava do primeiro encontro desajeitado, das cartas anônimas, dos presentes, e da revelação que mudou tudo entre nós. Cada pequeno gesto, cada troca de palavras, havia nos levado até ali. E, naquele instante, compreendi a profundidade do que significava tê-la em minha vida.

As emoções que sempre mantive reprimidas agora fluíam com uma clareza desconcertante. Nunca pensei que me apaixonaria tão profundamente por alguém, muito menos por alguém tão diferente de mim. Mas ali estávamos, dançando como se fôssemos as únicas no salão. Como dois opostos que se atraem, como luz e sombra se misturando em perfeita harmonia.

Meus pensamentos se voltaram para o futuro. O que seria de nós? Não sabia ao certo. Sabia apenas que, por mais que nossas vidas seguissem caminhos diferentes, de alguma forma, estaríamos sempre conectadas. Enid havia se tornado a exceção em um mundo de regras que criei para mim mesma. Ela era a luz que eu nunca quis, mas agora, nunca mais poderia imaginar perder.

Nossos olhos se encontraram novamente. Enid sorriu, aquele sorriso suave e sincero que sempre conseguia me desmontar. E, sem pensar, me aproximei mais dela, sentindo o calor de sua pele sob o toque leve de minhas mãos.

— Eu nunca pensei que um dia dançaria assim... — confessei baixinho, minha voz apenas um sussurro.

— Nem eu — ela respondeu com um brilho nos olhos. — Mas acho que é exatamente assim que deveria ser.

Sem mais palavras, nossos rostos se aproximaram lentamente, e nossos lábios se encontraram em um beijo suave, mas cheio de significado. O salão, a música, a multidão... nada mais importava. Era apenas eu e ela, juntas, compartilhando um momento que parecia eterno.

Enquanto a música continuava, a dança se tornava cada vez mais lenta, mas os sentimentos que nos conectavam só cresciam. Para mim, aquele era o verdadeiro início de algo maior. Tudo o que passamos havia nos levado até ali, e o futuro, por mais incerto que fosse, parecia menos assustador com Enid ao meu lado.

Ela era minha luz, e, pela primeira vez, eu aceitei essa verdade completamente.

FIM, NÃO SEI COMO FAÇO ISSO!
Essa fanfic é repleta de emoções, por mais que tenha sido muito curta. Ela mostra o ponto de vista de uma pessoa que realmente gosta de outra, mas tem medo de se mostrar como seu "eu verdadeiro", medo de ser julgada pela pessoa que ama. Mesmo que, em algum universo, nesta fanfic, a Enid não tenha algo romântico pela Wednesday, temos certeza que nossa gótica favorita lutaria para ter essa loba pra si. 

Termino essa história, dando à vocês um visão de que não é para desistir fácil. Tente fazer, mesmo que estiver com medo de que tudo errado, você não ira saber se realmente vai dar se não experimentar tentar.

Beijos da heli, mes amours!!

Hey, Sinclair. | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora