Capítulo 45

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A madeira estala por causa das chamas alaranjadas, o calor atravessa em forma de ondas o meu corpo antes gelado

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A madeira estala por causa das chamas alaranjadas, o calor atravessa em forma de ondas o meu corpo antes gelado. E eu observo as chamas intensas a diminuirem de intensidade com o tempo e o relógio com um enorme pêndulo que faz pequenos toques que, neste silêncio, parecem mais barulhentos do que realmente são.
Tick.Tick.Tick.
O tempo parece passar mais devagar. Não consegui arranjar forma de ocupar a minha mente. Eu tentei. Realmente tentei. Mas mesmo um livro de romance não conseguiu tomar a minha atenção, não quando tudo o que se passa na minha cabeça é descobrir o que tem por detrás daquela porta.
Como é que eu nunca tirei um tempo para vasculhar a casa?
Não seria de bom tom, claro que não, mas Sebastian sai durante o dia inteiro e eu fico sozinha tirando uns empregados. Não é como se eles fossem descobrir se eu andasse por aí a vasculhar tudo. Talvez foi pelo motivo de que Sebastian não é totalmente confiável. Ele tem uma aura ao seu redor que me puxa como um íman, que me faz achar o melhor dele, mas algo invisível aos meus olhos mostra-me que não é bem assim.
Ouço o barulho da porta a abrir e a ser  arrastada pelo chão amadeirado seguido pelo ouço o som dela a fechar-se. A minha cabeça roda automaticamente na direção do relógio para o local de onde provem o som e, como sempre, Sebastian chega para o jantar às oito e ponto. Levanto-me e passo pelas janelas. Uma noite sem fim mostra-se para mim, nenhuma estrela no céu, apenas a lua cheia.

–— Estavas à minha espera? — Pergunta Sebastian enquanto limpa os pés no tapete.

Pequenos resquícios de neve ficam sobre a superfície rugosa, mas logo derretem pelo calor do espaço.

— Não. Quer dizer, sim. Eu não tinha nada para fazer, então achei que seria melhor não fazer nada aqui. Ao pé da lareira. É mais quente. — Sorrio de forma desengonçada.

Desde que invadi a sua zona e descobri a porta trancada, a minha cabeça não  funciona do mesmo jeito. Tudo o que consigo pensar é que tenho que entrar naquele quarto.

— Realmente... O tempo está a ficar mais frio. — Coloca o casaco preto no cabide. — Daqui a pouco chega o Halloween.

Olho para ele tentando perceber onde quer chegar.

— Não gostas? — Senta-se ao meu lado no sofá.

O meu corpo agita-se, mas tento me manter estável no meu lugar.

— Eu gosto, mas já não tenho idade para fantasiar-me e sair por aí a bater na porta de desconhecidos e pedir por doces.

Deixo escapar um sorriso no entanto. Relembro quando era pequena e o meu pai e eu ainda éramos próximos. Nós saíamos por aí a pedir doces juntos. É estranho lembrar de Alistor sendo um pai assim. Eu ía mascarada de princesa cadáver e meu pai era o guarda costas. Quando alguém não tinha doces para oferecer, o meu pai tirava uma pistola de brincar do seu colete negro e apontava para a cabeça deles. Magicamente, doces apareciam no meu saco. Sempre chegava a casa com o saco a abarrotar de gomas ,chocolates e todo o tipo de guloseimas imagináveis. Agora percebo que talvez a arma não era de brincar.
Sebastian ri e retira-me das minhas lembranças antigas.

Ready-Set-Kill | BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora