You Put a Spell on Me

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Gwendolyn Tennyson suspirou enquanto descia de sua motocicleta e colocava o capacete no retrovisor do veículo, murmurando um feitiço que impediria qualquer um que tentasse levar o objeto. A jovem mulher guardou a chave em sua jaqueta de couro gasta e começou a caminhar em nenhuma direção específica.

Suas botas, ao encontrar o chão de concreto, espalhavam um pouco da água da chuva que ainda não havia escoado. Mas a chuva, felizmente, tinha cessado antes que ela pudesse ficar encharcada. A última coisa que ela queria naquele instante era ter mais um item em sua lista de frustações.

Aquela noite, entretanto, ainda estava fria e nublada. Um vento suave fez os cabelos de sua nuca se arrepiarem e seu corpo estremecer, por conta disso, Gwen cobriu seus cabelos vermelhos brilhantes com o capuz roxo de seu moletom.

Apesar de estar caminhando sem rumo, a ruiva sabia que aquela área da cidade emergente, ao sul da grande torre que estava nos estágios finais da construção, era bem menos movimentada, ainda mais naquela hora da noite.

A distância e a solidão eram tudo o que ela ansiava ter. Talvez assim, Gwen conseguisse colocar os pensamentos em ordem e até poderia tentar esquecer o caos em que sua vida se encontrava.

Entre seu ex-namorado que, mais uma vez, perdeu o controle e desapareceu em algum lugar fora do planeta e sua família mais próxima que a cada dia se tornava ainda mais dependente de seu trabalho, não havia um lampejo de calma ou normalidade onde ela pudesse se agarrar.

Não que sua vida fosse muito normal antes disso. Seus dias estavam rodeados de emoções desde aquele verão, quatorze anos atrás, quando um relógio alienígena grudou no braço de seu primo e mudou tudo. Gwendolyn não se incomodava em ajudar a salvar o mundo, o universo ou o que quer que fosse. Ela adorava a emoção das lutas, por mais que gostasse de fingir que não, mas ser uma heroína também tinha vários lados negativos e as vezes tudo se tornava sufocante.

Sufocante demais.

Suas pernas a levaram até um pequeno bar na esquina de uma rua estreita. Quando Gwen abriu a porta, um sino tocou e indicou sua entrada. O ambiente não era muito acolhedor ou mesmo muito respeitável. Perfeito. Aquele seria o último lugar onde pensariam em procurá-la.

Não que alguém fizesse muito disso ultimamente.

Sem abaixar o capuz, ela caminhou até o balcão e pediu uma cerveja ao barman. A jovem sentou-se na banqueta e estudou as redondezas. O lugar não estava muito cheio. Poucas mesas estavam ocupadas e no balcão, além dela, havia apenas um petrosapien no canto da parede, com cara de poucos amigos.

A fraca luz amarelada mal conseguia clarear o ambiente, mas a iluminação da rua, que entrava pelas frechas da janela no fundo do bar, não permitiu que a mesa mais distante do balcão ficasse no escuro total.

Gwendolyn levou a bebida amarga à boca.



Na metade de sua segunda cerveja, o sino que indicava que alguém estava entrando tocou e atraiu a atenção da heroína.

Uma mulher alta e com longos cabelos prateados, presos em um rabo de cavalo baixo, cruzou a entrada e caminhou até aquela mesma mesa iluminada pelas luzes da rua, no canto mais discreto do estabelecimento. Sua figura estava envolta de um sobretudo marrom aberto na frente, um vestido lilás que chegava até seus joelhos e botas com saltos.

Gwendolyn cerrou sua mão contra a garrafa de vidro assim que o reconhecimento a atingiu como uma avalanche.

De todas as pessoas que viviam naquela cidade, e das milhares que a visitavam diariamente, lá estava sua rival, sua principal oponente, a bruxa que assombrava sua vida desde seus dez anos.

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⏰ Última atualização: Sep 21 ⏰

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