olvido (s.m)

106 17 3
                                    

👋 olá
Faz muito tempo que não apareço aqui, não é? A vida anda tão corrida que eu mal tenho tido tempo pra escrever.

Escrevi isso porque a ideia me veio muito do nada e eu não queria desperdiçar. É bem bobo, mas espero que vocês gostem, raios de sol.

Boa leitura

•••

- O que aconteceu? - Sanji perguntou curioso, tentando enxergar por cima do ombro de Robin quando a mulher bloqueou a visão do interior caótico do quarto. O loiro arqueou a sobrancelha em confusão quando os olhos azuis da arqueóloga brilharam com pesar. - Robin-chan, o que aconteceu?

A mulher pressionou os lábios em linha e Sanji sentiu o sangue correr lentamente pelas veias, os ombros se endireitando e sinais de alerta piscando no fundo da mente. Ele estava prestes a abrir a boca outra vez, disposto a insistir por uma resposta, quando uma voz se destacou das outras.

- Ei, tem algo pra beber? Minha garganta está tão seca que sinto que ela vai rachar e virar pó.

Os olhos azuis de Sanji duplicaram. As pernas se moveram de maneira involuntária, passando por Robin sem o cuidado que ele normalmente teria, seu corpo carregado de uma ansiedade e euforia repentina quando ele caminhou em passos rápidos até Zoro.

Vivo.

Zoro estava vivo, parecendo que havia acabado de acordar de uma longa soneca, sem feridas que pudessem indicar a batalha brutal que ele havia tido dias atrás. Sanji sentiu os dedos das mãos tremerem, um nó repentino se formando na garganta quando ele parou em frente ao espadachim, o peito subindo e descendo de maneira descompassada.

- Marimo. - Ele murmurou com a voz rouca e um tanto quebrada, fosse pelo nó na garganta ou pelo alívio em ver Zoro acordado. - Você finalmente acordou.

Os olhos acinzentados do espadachim finalmente cravaram nos azuis do cozinheiro. - Eu conheço você?

A respiração de Sanji engatou. Repentinamente, o ar da sala pareceu pesar insuportavelmente sobre seus ombros, uma pressão estranha crescente no peito quando os olhos acinzentados não demonstravam nada além de confusão e estranheza.

- Sanji.

Foi a voz de Robin que o fez encarar os arredores do quarto cedido por Hiyori para a tripulação. Todos tinham aquele mesmo olhar pesaroso da arqueóloga, evitando encarar o cozinheiro nos olhos. Até mesmo Luffy tinha uma feição desgostosa no rosto, algo como frustração ou tristeza, Sanji não saberia dizer. O loiro encarou a mulher mais velha, sentindo que poderia desmoronar a qualquer momento.

- Robin... o que aconteceu? - Ele perguntou num fio de voz, o olhar alternando entre encarar a arqueóloga e encarar Zoro. - Por que o Marimo... - Sanji balbuciou sem forças, sentindo o desespero cru percorrer o corpo. As próximas palavras saindo com um gosto amargo da boca. - Por que o Zoro não se lembra de mim?

- Chopper pode explicar melhor quando voltar, mas ele acredita que devido a intensidade da luta é possível que o cérebro de Zoro tenha bloqueado certas coisas para que pudesse facilitar o processo de recuperação. - A arqueóloga murmurou em resposta, sem conseguir manter o tom neutro como sempre. Não seria possível manter uma feição impassível quando os olhos de Sanji brilharam com lágrimas não derramadas. - O cérebro pode ter bloqueado lembranças que considerava traumáticas ou um risco para o processo de melhora. Não sabemos ainda, Chopper foi buscar Law assim que percebeu a situação.

- Ele se esqueceu apenas de mim? - Sanji perguntou sem querer escutar de fato a resposta. Entretanto, não foi necessário que Robin verbalizasse qualquer coisa, não quando o olhar dela era tão nítido quanto as águas de um rio cristalino.

O cérebro de Zoro o considerava um risco, um erro que deveria ser apagado para que as feridas pudessem curar. Era muito. Aquilo era demais para que Sanji pudesse lidar. Lentamente, ele começou a hiperventilar, o ar parecia não chegar aos pulmões, deixando-o zonzo. Um pesadelo. Aquilo era um maldito pesadelo. As vozes da tripulação pareciam distantes enquanto eles tentavam chamar por Sanji. Era muito, tudo aquilo era muito para processar. O ar ficou repentinamente rarefeito, parecendo areia arranhando a garganta e o nariz. Um soluço quebrado ecoou pela boca seca quando ele caiu de joelhos no chão, as mãos firmemente presas na garganta, como se aquilo pudesse amenizar a falta de ar.

Os olhos azuis arderam com as lágrimas que estavam acumuladas nos cantos, ele mal tinha forças para chorar. O pânico e a ansiedade eram mais fortes do que qualquer coisa, principalmente quando o olhar de aço de Zoro estava sobre ele, encarando Sanji com confusão. O espadachim nem sequer pensou em se mover para ajudá-lo da mesma maneira que teria feito antes de tudo.

Você merece isso. Uma voz sussurrou maldosa no fundo da cabeça turbulenta de Sanji. Você o abandonou primeiro. A voz se fez mais alta, ecoando dolorosamente. Você o trocou e agora merece ser esquecido. Sanji tossiu, as pontas dos dedos arranharam o piso de madeira do quarto quando a vista escureceu. A cacofonia da tripulação era completamente abafada pelos pensamentos maldosos. Você não merece ser feliz depois de tudo. Ele sabia, Sanji sabia, mas não era justo. Não era justo, não quando ele e Zoro mal tiveram a oportunidade de conversar e resolver as coisas. Não quando ele estava disposto a lutar contra Deus e o mundo se aquilo significasse ter o espadachim em sua vida pelo resto dos dias. Não quando ambos ainda tinham tanto para resolver, tanto para viver. Você pertence à solidão. Ele bateu a testa contra o chão, a vista embaçada pela escuridão crescente e pelas lágrimas que agora fluíam livremente, pingando no chão de madeira. Era verdade. Tudo aquilo era verdade. Zoro havia apagado Sanji inconscientemente de suas lembranças, havia o apagado por completo de sua vida. Sem forças, o loiro se entregou à inconsciência, fraco demais para suportar o peso do próprio corpo e da rejeição de Zoro. Sem forças para aceitar que, agora, ele não era mais do que um desconhecido. Sem forças para aceitar que, para Zoro, Sanji não era nada. Um último pensamento ecoando pela cabeça quando a escuridão o engoliu.

Morrer pelas mãos dele seria menos doloroso do que ser apagado assim.

•••

Foi isso. Me perdoem pela dose de tristeza depois de sumir por tanto tempo. Acho que talvez eu volte com um segundo capítulo, porque angst não é muito minha vibe, então pode ser que eu volte com um bônus.

Enfim, se você gostou, comenta aqui por favor. Vai me fazer muito feliz. Deixa um fav tbm e compartilha com um amiguinho pra sofrermos juntos (estamos todos no mesmo barco, mesmo que ele esteja afundando com violinos tocando ao fundo) 💜

Um beijo e até a próxima
Ily ✨️💜

OblívioOnde histórias criam vida. Descubra agora