005

10 1 0
                                    

𝗖𝗢𝗡𝗧𝗜𝗡𝗨𝗔𝗖̧𝗔̃𝗢

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


𝗖𝗢𝗡𝗧𝗜𝗡𝗨𝗔𝗖̧𝗔̃𝗢.

𝘗𝘰𝘷: 𝘓𝘦𝘰

Toco o canto direito do bolo de forma aveludada, o suficiente para retirar o excesso de chantily. E de forma rápida, por conta do pouco tempo que me resta, tiro o bolo da forma e coloco-o em cima do prato de vidro. Até que para o meu azar, alguém derruba calda de chocolate sobre minha sobremesa.

Olho enfurecido para a pessoa que derrubou, e vejo uma garota linda. É a aluna nova, eu nao havia reparado nela quando chegou, ela é bem bonita, sua pele é negra e reflete a água do mar, seus fios encaracolados estão perfeitamente amarrados sobre um rabo de cavalo alto. Ela está corada. Um riso abafado escapa de mim.

– Me perdoe! – Ela diz um pouco alto, o que faz todos olharem para nós.

Volto minha atenção para a sujeira no balcão. De fato, ela acabou de estragar todo o meu trabalho para a aula, mas também confesso que ao vê-la de forma mais clara, minha raiva se esvaiu um pouco. Ela não parece ter feito com má intenção, diferentemente de outros alunos da classe que com certeza derrubariam calda apenas para me ferrar.

Suspiro tentando manter a calma e arrumar os pensamentos.

– O que fez você derrubar a calda? – é a única coisa que penso no momento.

– Q-Queria rechear meu bolo com a calda. – ela respondeu gaguejando, continua corada.

– Aí, Eric Jacquin. Parece que a aluna nova é a vergonha da profissão – Henrique, o mais insuportável dessa sala, diz imitando o sotaque francês do chefe.

– Acorda, fofo. Primeiro, olha pra o defunto que está o seu bolo antes de falar algo à respeito do meu. – a garota nova diz defendendo-se, o que deixa Henrique frustrado.

– Por que não enche o saco de outra pessoa, hein?- digo.

– Perdeu o senso de humor, Leo? – o garoto fala ignorando-a.

– Ah, com você eu nunca tive. - respondo.

– Vem Henri, pelo visto, o Jacquin não está para brincadeiras, hoje. – Isadora, a namorada de Henrique diz enquanto o puxa pelo braço até o balcão deles.

– Sério, isso vai te ferrar muito? – a aluna nova fala.

Olho para ela com tédio. Se vai me ferrar muito? É claro que vai! Que pergunta idiota. Entretanto, por alguma razão, não consigo ser mal educado com ela. Não sei explicar com exatidão, mas dela emana uma delicadeza, como se ao machuca-la, ela desabaria.

– Sim, mas não se preocupa – confimo entre suspiros –, por sorte, a professora vai dar desconto por ter sido um acidente.

Ela solta um ar que provavelmente estava segurando. Olho para a blusa dela, a tarjeta com o nome. Seu nome é Alice Antunes.

Alice se volta para a sua bancada e seu olhar está perdido, com certeza não sabe cozinhar. Pego a jarra derrubada e a coloco em pé novamente, pego a garrafa de leite que contém furos para liberar o líquido e despejo o leite de forma delicada no bolo dela.

Respectivamente, vou até a geladeira e procuro pelo creme de baunilha, achando ele, volto para o balcão e com uma espátula, espalho o creme pelo bolo dela.

– Não é bom por calda em bolos, como é iniciante, opte pelo creme.

– E quem disse que sou iniciante? – ela vocifera levantamdo a sobrancelha esquerda.

Paro de fazer tudo e a encaro desconcertado.

– Desculpe eu...

– Estou brincando contigo, comédia. Claro que sou. Pode continuar falando – Alice me interrompe com um sorriso bobo que vai de uma bochecha a outra.

Percebendo que estou curvado e muito próximo a ela, ajeito a minha coluna, dou um passo para trás e limpo minha garganta.

– Aliás, meu nome é Leonardo, mas pode me chamar de Leo.

– Eu sei, li a sua tarjeta – ela abri a boca mas não sai nenhum som – por que te chamam de Eric Jacquin?

– Sou o melhor aluno da aula de educação doméstica. Inicialmente me chamavam de cozinheiro, depois foi para Fogaça, e por fim ficou esse.

Alice solta um riso, acredito que um pouco forçado por não ter emitido nenhum som.

🤍

Estou no intervalo, no refeitório conversando com meus amigos. Conversamos sobre a aula de educação física e concordamos que ela deveria ter o horário aumentado para os alunos terem mais tempo de tomar banho. Algo que como representante de turma, serei obrigado a falar na próxima reunião de turma com os coordenadores.

Estamos jogando desafio da garrafa agora, por enquanto estou empatado com o Alves. Estou com a atenção voltada ao Marçal quando sinto alguém me observando.

Disfarçadamente, começo a procurar se é verdade, até que cravo meus olhos na mesa ao canto do refeitório onde está Alexandra lendo um livro como sempre, ela não cansa de fazer esse papel ? Já a vi nas festas de fim de ano que os alunos organizam e ela é muito diferente, enquanto no colégio Alexandra é a aluna prefeitinha, respeitadora de regras, queridinha dos professores e séria. Fora do colégio ela é super legal. Sério, quem não a conhece diria que é animadora de festas.

Do lado dela, está a Alice, que está me encarando. Ao perceber que agora a olho, a mesma desvia o olhar, esconde a cabeça com as mãos, se vira e comenta algo no ouvido da amiga.

Alexandra gargalha tão alto que algumas pessoas incluindo os meus amigos olham para ela.

– Que será que Xandinha esta rindo? – Alves diz.

– Xandinha? Desde quando vocês são próximos? – Marçal questiona.

– Somos da mesma sala, e esse é o apelido dela lá. Ah, acredite ela não é assim, séria, na sala de aula.

Eu não entendo o porque dela ser conhecida pela escola toda. Sério! Ela não fez nada demais! O nome dela ficou conhecido na sétima série, que foi quando a própria chegou e foi aluna nova no colégio. Por seu nome começar com a letra "A", ela foi a primeira chefe de turma do ano.

Todos acharam que ela agiria de forma tímida por ser nova, mas então a Alexandra se mostrou bem diferente, ela comandava e falava com voz firme e um pouco grossa, sem contar que ás vezes, quando alguém não a obedecia, a mesma humilhava a pessoa. O que obviamente, causou medo nos alunos, e encantou os professores e diretores do colégio, tornado-a conhecida e colocada em cargos prestigiados no colégio.

Fala sério, o povo não tem o que fazer com as vidas infelizes.

Pouco me importo com essa. A amiga dela, Alice, parece diferente dela. A garota parece ser tão gentil, educada, e sabe se defender sem humilhar os outros. Não sei como as duas são amigas.

Alice volta a me olhar depois de um tempo evitando, eu solto um riso e aceno, ela acena devolta com um sorriso muito largo no rosto, está falando algo com a amiga enquanto acena. Ao terminar de falar, Alexandra abaixa o livro e me olha como se estivesse olhando a coisa mais feia do mundo.

***********************************

Está gostando da história? Não deixe de dar uma 🌟 na história para nos ajudar!

Obrigada! 🤍

Amor e Amizade à moda Rio - Alexandra Amorim & Alice AntunesOnde histórias criam vida. Descubra agora