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Com a queda do meteoro na usina nuclear, os seres humanos foram modificados, adquirindo habilidades incríveis. Surgiu então a grande cidade de Dominius, onde o restante da população mundial vive, dividida em 15 setores, do I ao XV, cada um representando algo no grande Dominius.

— Sério, só existem essas histórias fantasiosas para nós? — disse uma voz que estava lendo um livro, fechando um volume de capa branca.

A voz então se levantou e foi em direção a um espelho que havia na parede.

— 8h da manhã. E de novo eu não consegui dormir... — A voz murmurou, olhando para o reflexo.

Enquanto se vestia, ela pegou uma camisa de um buraco na parede, puxando-a para fora do guarda-roupa embutido. A camisa, de tecido leve, se ajustou ao seu corpo, realçando sua pele escura. Em seguida, apanhou uma calça que também estava no guarda-roupa, deslizando-a pelas pernas e ajustando-a na cintura.

Aproximando-se do espelho, levou a mão até o pescoço, sentindo algo ao tocá-lo. Era uma coleira branca, e ela notou a textura suave e fria do material. Curiosa, leu o que estava escrito.

— 6190... esse nome é horrível, mas é o que tem para mim... — disse, deixando escapar um suspiro resignado enquanto observava seu reflexo.

Ela então se virou e olhou para a porta, que se abriu com um rangido suave. Soltando um suspiro, 6190 começou a andar em direção à saída, passando pela porta.

Ao atravessar a porta, ela a fechou atrás de si. Nesse instante, uma voz mecânica ecoou pelo corredor.

— Número 6190 saiu de seu quarto. Quarto fechado, entrada apenas às 19h.

Ela então suspirou e seguiu em frente pelo corredor, onde luzes no chão piscavam em amarelo, guiando-a para o local onde deveria ir.

— Sério? Eu não sou cega, eu sei que tenho que ir para o elevador — disse ela, chegando diante das portas metálicas. Ao entrar, seus olhos se fixaram no painel.

— Andar 1... Afinal, só tem esse andar. Sinceramente, pra que tudo isso? — resmungou 6190, clicando no botão para fechar as portas. Com um suave movimento, o elevador começou a descer, levando-a para o destino.

Chegando ao destino, as portas do elevador se abriram, e 6190 saiu, deparando-se com um grande refeitório quase totalmente lotado. Várias pessoas, entre adolescentes e crianças, usavam a mesma roupa e coleira que ela, com seus números, ou como 6190 preferia chamar, "números" como nome.

— Mais um dia nesse inferno de lugar — pensou, caminhando em direção ao buffet. Ao se aproximar, colocou a mão em um painel que havia no local, acionando o mecanismo para pegar um prato de plástico.

— Espero que tenha algo bom hoje — refletiu 6190, enquanto pegava o prato e se preparava para buscar a refeição, ansiando por um pouco de sabor em meio à monotonia do dia a dia.

Ela então se aproximou do buffet e começou a pegar algumas comidas.

— Hmm... pão de queijo, bolo de cenoura, brigadeiro... e uma panqueca. Acho que já é o suficiente — disse, finalizando a montagem do prato. Com um último olhar para o buffet, pegou um copo de Nescau entre os vários disponíveis.

Seguindo em direção a uma das mesas, 6190 pensou:

— Espero que esteja delicioso esse café da manhã.

Ela se encaminhou para uma mesa vazia no fundo do refeitório e se sentou, ansiosa para desfrutar do que parecia ser a única alegria do dia.

Quando 6190 estava prestes a colocar o pão de queijo na boca, uma sombra pairou sobre ela.

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