o silêncio que dói

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Na manhã seguinte, a luz do sol filtrava-se pelas janelas da delegacia, mas Carol não conseguia se concentrar em nada. Seu pensamento estava totalmente voltado para Rosa e para a conversa que tiveram na noite anterior. Cada vez que tentava focar no trabalho, a imagem do sorriso de Rosa aparecia em sua mente, misturada com a confusão e o medo que sentia.

Josy, sua colega de trabalho, notou que algo não estava certo. Após observar Carol por um tempo, ela decidiu se aproximar. "Ei, notei que você não está bem. O que houve?" perguntou ela com preocupação.

"Me desculpe, vou tentar fazer que isso não interfira no meu trabalho," respondeu Carol, sem muito ânimo na voz.

"Não quero que se preocupe comigo, não quero que me julgue," disse Carol, tentando evitar mais perguntas.

"Quem sou eu pra julgar? É sobre amor, né? O que é? Ele é casado?" Josy questionou, tentando entender a situação.

"Não, conheci uma garota e ela declarou seus sentimentos por mim e não sei como reagir," disse Carol, a insegurança transparecendo em suas palavras.

"Isso já aconteceu antes?" perguntou Josy, interessada na história.

"Me interessar por uma garota? Sim, mas foi há muito tempo e não passou apenas de um beijo," respondeu Carol com um suspiro nostálgico.

"E como se sentiu?" Josy insistiu.

"Foi legal, mas disse pra mim mesma que não era pra mim. Sempre fiquei com homens." afirmou Carol, lembrando-se daquele momento.

"Se você gosta dessa garota, vai atrás. Pelo seu olhar, você não deveria deixar ela escapar," aconselhou Josy com firmeza.

Você está certa. Vou ligar e pedir pra conhecê-la melhor," disse Carol, um pouco mais ansiosa agora.

Com o coração acelerado, Carol mandou uma mensagem para Rosa convidando-a para se encontrar na praia. No entanto, o tempo passou e nada de Carol aparecer. A ansiedade transformou-se em frustração quando viu as horas se arrastando. Rosa ficou sozinha na areia da praia, olhando as ondas quebrando e sentindo uma pontada de tristeza por ter sido deixada à deriva mais uma vez.

Chateada e sem saber o que fazer com seus próprios sentimentos, Rosa decidiu ir até a casa de Carol. Ao chegar lá, bateu à porta com força suficiente para chamar a atenção dela. Quando Carol abriu a porta, Rosa não conseguiu conter sua indignação: "Você me manda mensagem pra nos encontrarmos e não aparece nem se dá ao trabalho de me dar uma explicação."

"Eu sei que você está com raiva..." começou Carol.

"Não estou com raiva. Estou desapontada," interrompeu Rosa. "Mas agora entendi: você não dá a mínima pra mim. Pensei que tinha algo entre nós."

Carol ficou em silêncio; as palavras de Rosa a atingiram como um golpe inesperado. "Eu não sei o que dizer..." murmurou ela finalmente.

"Diz que não estou louca e que há algo acontecendo aqui," implorou Rosa com os olhos brilhando de expectativa. "Ou me diga que preciso seguir em frente. Eu vou sobreviver; só diz alguma coisa."

O silêncio entre elas parecia interminável. Carol queria falar, mas as palavras estavam presas em sua garganta. A tensão no ar era palpável; cada segundo parecia arrastar-se como uma eternidade. Rosa não aguentou mais aquele momento angustiante e decidiu ir embora sem olhar para trás, deixando Carol estática na porta.

Enquanto caminhava para casa, Rosa sentia uma mistura de dor e confusão dentro de si. A brisa do mar agora parecia fria e distante; suas esperanças haviam sido levadas pelas ondas do silêncio entre elas.

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