-Posso confiar em você com isto aqui?
Josh olha o cartão na minha mão, e seus olhos se arregalam um pouco.
-Não sei por que você faria isso. Passei as duas últimas semanas tentando destruir seus restaurantes.
Empurro o cartão para ele.
- Use para necessidades básicas. Comida, recargas para o celular. - Nós paramos no caminho e compramos um celular pré-pago para que ele possa manter contato comigo. - Talvez algumas roupas novas que caibam em você.
Josh pega o cartão da minha mão com relutância.
-Nem sei como usar isto aqui.
-É só aproximar. Mas não conte para Sutton que está com ele. Aponto para o celular. - Esconda-o entre a capa e o aparelho.
Ele tira a capa do celular e guarda o cartão dentro dela. Depois diz:
-Valeu. Ele põe a mão na maçaneta do carro. Você vai entrar para falar com ela?
Balanço a cabeça.
- É melhor não. Acho que isso só a deixaria ainda mais irritada.
Josh suspira e sai do carro. Nós nos entreolhamos por alguns segundos antes de ele por fim fechar a porta do veículo. Fico me sentindo o maior babaca por trazê-lo para cá. Mas preciso fazer isso da maneira certa. Se não o trouxesse de volta, ela poderia me denunciar. E como a conheço, ela provavelmente faria isso. É melhor eu apenas deixá-lo aqui hoje e, assim que a semana começar amanhã, fazer ligações e ver que providências posso tomar para que ele vá morar comigo.
Sei que se Josh ficar aqui com ela, ele não vai ter nenhuma chance na vida. Dei sorte ao encontrar Lily. Ela me salvou. Mas
não sei se há sorte o bastante no mundo para nós dois sermos salvos por uma desconhecida qualquer. Sou tudo o que ele tem.
Continuo no carro enquanto Josh atravessa o estacionamento. Ele sobe a escada e bate à porta do segundo quarto antes do fim do corredor. Ele me olha por cima do ombro, então aceno bem na hora em que a porta se escancara.
Vejo a raiva nos olhos de Sutton de onde estou no estacionamento. Ela começa a gritar com ele na mesma hora. E depois dá um tapa na cara dele.
Minha mão está na maçaneta da porta antes mesmo que Josh tenha tempo de reagir ao tapa. Agora a mão de Sutton está agarrando o braço dele, puxando-o para dentro do quarto do hotel. Estou a vários metros de distância do carro quando o vejo tropeçar na soleira da porta e sumir para dentro do quarto.
Subo dois degraus de cada vez, com o coração em disparada. Chego à porta antes mesmo de Sutton a fechar. Josh está tentando se levantar, mas ela está parada ao lado dele, gritando:
-Eu podia ter sido presa, seu merdinha!
Sutton não faz ideia de que estou atrás dela. Coloco o braço ao redor de sua cintura e a puxo para longe de Josh, erguendo-a e a soltando no colchão atrás de mim. Acontece tão rápido que ela fica chocada demais para reagir.
Ajudo Josh a se levantar. Seu celular está no chão a alguns metros de distância, então o pego, devolvo-o para ele e o levo até a porta.
Sutton percebe o que está acontecendo e salta da cama. Ela sai atrás da gente.
- Traga-o de volta!
Agora sinto suas mãos em mim. Ela está puxando minha camisa, tentando me fazer parar ou me afastar para poder pegar Josh.
Peço que ele siga em frente.
- Vá para o carro.
Ele continua se dirigindo à escada, então paro de andar e me viro para ela. Ela inspira rapidamente pela boca após ver a fúria absoluta nos meus olhos. Depois bate as palmas no meu peito e me empurra.
- Ele é meu filho! - grita ela. - Vou chamar a polícia!
Solto uma risada exasperada. Quero lhe dizer para chamar a polícia, quero gritar com ela. Mas, acima de tudo, quero tirar Josh de perto de Sutton. Só por cima do meu cadáver que ela vai arruinar a vida dele.
Não tenho energia para lhe dizer nada. Ela não merece minhas palavras. Simplesmente vou embora, deixando-a gritando como fazia antigamente.
Josh já está no banco da frente do carro quando volto. Bato a porta e agarro o volante com ambas as mãos antes de ligar o carro. Preciso me acalmar antes de dirigir.
Ele parece estranhamente calmo considerando o que acabou de acontecer. Fico pensando se essa não costuma ser uma interação comum entre os dois, pois nem ofegante ele está. Não está chorando. Não está xingando. Está apenas me observando, e percebo que talvez ele vá se lembrar da minha reação neste momento pelo resto da vida.
Deslizo as mãos pelo volante e respiro com calma.
A bochecha de Josh está vermelha, e tem um pequeno corte sangrando em sua testa. Pego um lenço de papel no porta-luvas e o entrego a ele. Depois viro o visor para que saiba onde limpar.
- Vi quando ela te deu o tapa, mas de onde veio esse corte?
- Acho que bati no rack da Tv.
Muita calma, Atlas. Dou a ré e saio do estacionamento.
Talvez a gente deva passar em um pronto-socorro para dar uma olhada no seu corte. Para garantir que não é uma concussão.
-Está tudo bem. Eu geralmente sei quando é uma concussão.
Ele geralmente sabe? Cerro os dentes assim que Josh diz isso. Percebo que não faço a mínima ideia do inferno pelo qual esse menino já passou, e que eu estava prestes a lançá-lo de volta nas chamas.
- É melhor garantir - respondo.
Mas o que eu quero dizer é: “É melhor ter tudo documentado caso seja necessário provar os maus-tratos dela posteriormente."
VOCÊ ESTÁ LENDO
É assim que começa
RomanceLily e Ryle acabaram de chegar a um acordo civil para a guarda conjunta da filha, Emerson, quando Lily repentinamente esbarra em Atlas, quase dois anos após terem se falado pela última vez. Feliz que o timing finalmente parece estar favorável para q...