'não tenho mais nada que me prenda aqui..'

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Doraty estaciona o carro em frente a casa de Débora e a encara.

- Tem certeza que não estou incomodando?

- Não está Doraty. Se estivesse em nem teria lhe convidado. - diz Débora abrindo a porta e Doraty apanhando seus pertences faz o mesmo - Não se preocupe, não há perigo em deixá-lo aqui. - assegura e Doraty sorri.

As duas entram pelo portão e Doraty a acompanha, era a segunda vez que a mulher entrava na casa da mesma. Na primeira vez havia sido convidada pela amiga, dessa vez estava como convidada da dona.

Ao adentrarem a cozinha Débora da passagem e Doraty entra. Débora toda recepcionista puxa a cadeira pra amiga que se senta.

- Vinho ou wiski? - pergunta Débora retirando seus brincos e pulseiras e as colocando sobre o balcão e Doraty a encara pensativa enquanto Débora se servia de Martini.

- Vou te acompanhar no Martini. - responde Doraty e Débora lhe entrega a taça e se servindo se senta ao lado da amiga.

- Posso ser um pouco invasiva? - sussurra Débora e Doraty a encara confirmando e sorrindo - Você me parece tão triste. Quer conversar sobre?

Débora a encara novamente e encara a taça fechando os olhos.

- Não estou.. só estou preocupada. Eu irei me mudar em breve..

- Mudar?

- Sim.. voltarei para o Espírito Santo minha cidade Natal.

- Sério? Mais porque Doraty? Você tem sua casa, sua carreira. Vai largar tudo pra ir embora?

- Não tenho mais nada que me prenda aqui. Meu filho é casado e eu quase não o vejo. Minha filha praticamente se casou.. eu vivo sozinha. Perdi a graça em permanecer.

- Problemas do coração? - sussurra Débora e Doraty sorri.

- Um dos piores problemas.. o problema que o maldito coração arruma.

- Acha que o melhor é fugir do que lutar? - pergunta Débora a analisando e os olhos de Doraty ficam marejados.

- Não há com o que lutar.. mesmo se eu fizesse seria como sempre foi. Terminarei na derrota.

- Foram quanto tempo juntos? - pergunta Débora ganhando a atenção de Doraty que morde o lábio pensativa negando.

- Nunca foi um relacionamento. Mais foram 8 anos de aventura.

- Hááá.. entendi. Você era amante né!? Eu sei bem como é isso.. eu também já fui amante de um alguém. - revela Débora e Doraty sorri negando.

- Não Débora, eu não era amante porque ela era solteira.

- Ela?

- Sim.. tive um relacionamento de quase 8 anos com uma mulher.

- E se ela era solteira porque não te assumiu?

- Porque não fui o suficiente talvez. - responde Doraty levando a taça aos lábios.

- Mais oito anos é uma história.. - sussurra Débora pensativa.

- Sim. Foi uma história. Um intensa história. Mais infelizmente uma história já com roteiro escrito. Eu sabia que assim seria. Que eu nunca a teria por completo. Eu aceitava porque durante desde o início eu sempre a tinha ali.. quando ela queria eu estava disponível e quando eu queria lá estava ela. - revela novamente levando a taça aos lábios - Mais ela não tinha só a mim.. - sussurra sorrindo e bebi o resto do líquido.

Débora se levanta e vai até a geladeira apanhando a garrafa e a serve de mais.

- Valia a pena dividi-la com outras? - pergunta Débora e Doraty a encara suspirando - Você é linda, tem sua carreira, sua independência. Você não precisava passar por isso.

Será que vale a pena amar!? 9Onde histórias criam vida. Descubra agora