꧁•⊹٭𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 15٭⊹•꧂

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Passei a noite refletindo sobre aquele fragmento de memória que tive.

Ele dormia, o efeito dos analgésicos cada vez mais potente sobre seu corpo.

Enquanto eu fiquei acordada a noite inteira.

Me lembrando de mais, e mais.

Ele matou alguém naquela noite.

Eu me lembro... ele matou um homem que dera um tapa em minha bunda enquanto eu ia em direção ao balcão de bebidas, pegar uma bebida para ele.

Ele arrastou aquele homem porta a fora, e eu o segui.

Esse tempo todo eu sabia quem ele era.

Ele matou aquele homem, e depois, com as mãos ainda sujas de sangue, eu me entreguei ao seus braços, e dançamos a luz do luar, nos encarando, sem desviar o olhar, como malditos psicopatas em um momento que havia tudo para ser belo.

E lembro da sua voz em meu ouvido.

"— Emily Carson, você perdeu a cabeça?"

E eu lhe respondia:

"— Talvez... mas nunca me senti tão bem."

E ele sorriu, como uma besta feroz.

"— Isto não lhe assusta?"

E novamente eu lhe respondia:

" — E por que me assustaria?"

Da mesma maneira que lhe perguntei " o que mais eu pensaria?" quando o chamei de monstro.

Ele me rodou, e depois me conduziu em uma valsa colada ao seu corpo, ele de preto, e eu de branco... suas mãos ensanguentadas em mim, como o lobo mal e sua chapeuzinho vermelho.

E quando nos encaramos, havia algo brilhando ardentemente em seu olhar.

E naquele momento, eu arranquei aquela venda misteriosa de seu rosto, que ele tentou segurar, mas eu insisti que me deixasse ver seu rosto.

E com um brilho sombrio, ele me perguntou:

"— Gosta do que vê?"

Como se esperasse que eu corresse, que odiasse, que o olhasse com nojo, mas eu apenas me apoiei em seu peito e respondi:

"— Eu amo o que vejo."

Quem me levara para casa não foi um guarda de meu pai, como todos me disseram, fora um guarda dele.

E eu havia me esquecido completamente disso. Daquela morte, daquela noite, daquela maldita promessa.

Eu simplesmente me esqueci que alguém havia sido morto por minha causa. Eu havia me esquecido que já conhecia este homem.

Apoio a cabeça nas palmas das mãos.

Isso não pode estar acontecendo...

Ele havia me sequestrado em um ato obsessivo pelo que rolou naquela noite?

Mas eu não posso negar que... eu realmente me senti como uma divindade sendo adorada aquele dia, me senti dançando nas nuvens.

Talvez tenha sido a bebida mas... a sensação ainda existe, a sensação de que estou protegida, não pelo herói, mas pelo vilão.

E isso vale mais que qualquer coisa.

Talvez eu tenha enlouquecido enfim.

Mas a loucura nunca me pareceu algo tão belo.

Suspiro, olho para Kael, em um sono profundo.

Que tipo de pessoas nós dois somos?

Ele o assassino, e eu sua cúmplice. Ele um homem poderoso, e eu, como sua rainha?

Isso soa tão... patético.

Não faz sentindo.

Me aproximo da cama e olho para seu rosto, analisando cada parte como nunca antes tive a oportunidade. Ele parece sereno, ainda tenebroso, mas de alguma maneira... nada assustador.

Somente agora percebo que independentemente do momento, eu nunca senti medo de Kael.

Senti tantas coisas, mas medo não fora uma delas.

Toco aquela cicatriz.

Me pergunto como ganhara aquilo, o que poderia ter feito para ser atingido de maneira tão brutal logo no rosto?

Ele abre os olhos.

Minha mão paralisou, assim como todo o meu corpo.

Ele não diz nada, não me afasta, mas também não aproxima, ele apenas me encara intensamente.

Meu corpo está pulando por dentro.

Sutilmente, uma mão dele se levanta e toca a minha que antes estava no seu rosto, de tantos lugares, ele a leva até o seu coração.

E sou invadida por outra memória.

"— Meu coração só bate porque você respira.
E minha mão fora posta naquele mesmo lugar"

Sinto meu rosto esquentar, e então ele fecha os olhos.

Demoro muito tempo para reagir e tentar me afastar, mas ele pôs uma certa força, e tenho medo de puxar e acabar abrindo uma ferida.

Continuo a sentir os seus batimentos e sua respiração entrecortada.

Eu entreguei tudo que sou a ele?

Eu definitivamente perdi a cabeça.

Completamente.

𝓨𝓸𝓾𝓻, 𝙵𝚘𝚛𝚎𝚟𝚎𝚛 𝘢𝘯𝘥 𝙀𝙫𝙚𝙧Onde histórias criam vida. Descubra agora