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Em casa.

Amália - Eu preciso conversar com a senhora.- sentamos no sofá, enquanto o seu Paulo se despede dela e vai para um dos galpões.

Karina - Claro! Você está se sentindo melhor mesmo?- percebo seu olhar aflito.

Amália - Sim, estou. Mas descobri essa manhã que estou grávida.- ela me olha surpresa, mas incrivelmente feliz.- Eu levei um susto enorme, estou no início, com dez semanas...

Karina - Mio Dio, che belle notizie! (Meu Deus, que notícia boa!).

Amália - Eu não entendi, mas de qualquer forma me desculpa. Eu não queria trazer nenhum tipo de transtorno para a sua casa e vou entender perfeitamente se a senhora preferir me dispensar do trabalho. Afinal, não irei render muito daqui a alguns meses.

Karina - E por que eu faria isso? Você trouxe vida para a nossa casa. Desde que os meus filhos foram embora, ficamos apenas eu, Paulo e a minha mãe aqui. Sua chegada aqui lembrou um pouco de quando a casa era completa e agora você irá alegrar ainda mais as nossas vidas com a chegada de um bebê.- ela sorriu.- Uma casa silenciosa só torna os dias mais longos, crianças é vida, é correria e é benção.- percebo que ficou emocionada com as minhas palavras e a abraço.

Amália - Obrigada, muito obrigada. Não imagina o quanto me deixou feliz com as suas palavras.- ela sorriu.- Desculpa a pergunta, mas o que houve com os seus filhos?

Karina - Eles cresceram e a vida no interior já não era mais interessante, então se alistaram no exército. O mais novo ficou por um tempo no exército, depois decidiu cursar direito e hoje é advogado e mora em Roma, ele nos visita com sua esposa uma ou duas vezes ao ano, porque os dois trabalham e não é muito fácil conciliar as agendas.- ela ouve atenta.- Já o mais velho seguiu na carreira militar, foi tão bem que acabou indo para outro país, nunca sabemos onde ele está, porque ele vive viajando. Eu fico muito aflita pois só nos correspondemos por carta e demora muito para chegar qualquer notícia dele. Eu tenho tanto medo de receber uma péssima notícia, já que ele vive nessas missões. Mas oro sempre pela vida e saúde dele.

Amália - A senhora vê ele com que frequência?

Karina - Ah, meu bem. A última vez que nos vimos tem uns oito anos, e a última correspondência foi umas duas semanas antes da sua chegada. Eu não vejo a hora dele mandar notícias.- ela afaga a minha mão.

Amália - Eu sinto muito, nem imagino o quanto deve ser difícil.

Karina - Sim, é. E o pai do bebê?

Amália - Pois então, ele é soldado e também está em missão. Não tenho a mínima ideia de como vou fazer para conseguir encontrar ele.

Karina - Não se preocupe com nada, prometo que iremos te ajudar com tudo o que estiver ao nosso alcance.- ela sorriu, mas percebo que está conversa a deixou preocupada.- Quer um conselho?- ela concorda.- Curta cada momento, cada fase da tua gestação, cada etapa da vida do bebê, porque passa tão rápido e depois o que sobra é só saudades e boas lembranças.

Amália - Obrigada, estou um pouco menos apavorada agora, depois da nossa conversa.- ela ri alto.- Tomara que a missão do Lucas não seja tão longa e ele me encontre logo. Se durar dois anos, o nosso bebê vai ter cerca de um ano e meio quando ele nos encontrar. Mas e se durar mais que isso? Se ele não me encontrar ou não quiser me encontrar. Se ele não quiser a gente na vida dele.- todas essas coisas passam pela minha cabeça. Mas acredito que preciso focar no bebê agora, em estar bem para ele ou ela e escrever cada momento, cada descoberta no meu diário, para quem sabe um dia o pai dele possa ler.

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