A porta se abriu, e um feixe de luz cortou a escuridão do cômodo. Lucy tateou a parede ao lado da entrada e encontrou um disjuntor. Com um clique, duas lâmpadas fluorescentes se acenderam, revelando um pequeno depósito abarrotado de prateleiras com roupas amontoadas. Era incrível a quantidade de peças esquecidas, algumas provavelmente de décadas passadas, abandonadas por gerações. A desordem era evidente; roupas jogadas de qualquer jeito, sem qualquer tentativa de organização. Lucy caminhou pelo estreito corredor entre as prateleiras, seus olhos vasculhando as pilhas em busca de algo mais moderno e que lhe servisse. Como Lunna mencionara, encontrar uma peça que lhe coubesse não seria difícil, mas a tarefa tornava-se árdua diante da confusão que era aquele lugar.
Ela parou diante de uma prateleira alta abarrotada de roupas femininas. O olhar de Lucy passeou pelas peças, algumas das quais a fizeram rir em meio ao caos. Havia uma camiseta branca tamanho GG com o rosto de Madonna, uma regata branca manchada de sangue, uma calça jeans com cheiro de urina, uma camisola azul enorme, uma calça larga o suficiente para abrigar três versões de Lucy, uma camiseta escrita "Delícia da vovó", uma blusa da Hannah Montana, uma jaqueta da banda The Rolling Stones, uma calcinha bege tamanho grande – como alguém esquece uma calcinha no hospital? – um vestido florido, uma camiseta infantil dos Backyardigans e outras peças bizarras que a fizeram gargalhar só de se imaginar usando-as.
Desistindo da prateleira das bizarrices, Lucy se dirigiu a outra, onde encontrou opções mais promissoras. No topo da pilha, uma calça escura de tamanho médio chamou a sua atenção. Era um número maior do que usava, mas era isso ou uma calça de moleton rosa do Now United.
Com cuidado para não encostar nos pontos, Lucy despiu-se de sua saia rasgada e vestiu a calça jeans. Estava quente dentro do hospital, então não teve resistência em se desfazer da sua jaqueta de couro e deixa-la ali, criando mais uma memória desconhecida naquele hospital.
Era hora de voltar ao ponto combinado para encontrar Nick. O primeiro andar do hospital não oferecia uma visão muito diferente dos outros: quartos abarrotados e corredores repletos de pessoas gravemente feridas, gemendo e chorando. A cena era desoladora, um quadro de caos que fazia o estômago de Lucy revirar. A hematofobia – o medo profundo de sangue – tornava cada passo um tormento. Além disso, a imagem de Alan não saía de sua mente. Ele, jovem e cheio de vida, atropelado por um ônibus desgovernado no centro caótico de San Francisco. A perda era uma ferida aberta, uma dor que se somava ao medo constante de não conseguir contatar seus avós. Nick, morando na mesma rua que ela, era sua esperança de obter alguma notícia sobre o bairro.
Ao se aproximar das escadas que levavam ao segundo andar, algo incomum chamou sua atenção. No final do corredor, numa área pouco iluminada, dois seguranças armados montavam guarda diante de uma grande porta dupla. A cena era intrigante e perturbadora. Por que tanta segurança ali? O que estariam guardando? A curiosidade pulsava, quase a incitando a investigar. Mas Lucy sabia que encontrar Nick era mais urgente.
Decidida, subiu as escadas, deixando para trás a inquietante imagem dos seguranças e a incerteza do que poderia estar acontecendo naquele trecho isolado do hospital.
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Sentada em uma cadeira ao lado da porta do quarto 54, Abbie aguardava ansiosamente por notícias do filho. Desde que chegaram ao hospital, ele foi internado às pressas, e os médicos não deram mais nenhuma atualização sobre seu estado. Seus cabelos pretos estavam amarrados em um coque desfeito, e uma mecha solta cobria parte de seu rosto pálido e tenso. A blusa branca que usava tinha manchas de sangue – provavelmente de algum ferimento de Oliver – e sua perna direita, cruzada sobre a esquerda, balançava incessantemente, refletindo sua profunda preocupação.
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Zombie World: A Origem (Versão Estendida) - Livro 1
TerrorOs moradores do agradável bairro Laurel Heights se preparavam para uma das comemorações mais esperada do ano, o halloween. Quando monstros invadiram as ruas por doces ou travessuras, se depararam com algo mais real e assustador. Os mortos estavam de...