"Mãe, vamos a Alvalade! Quero ver o Pote!"
Era tudo o que a pequena Carlota pedia à sua mãe, Diana. Mesmo sendo ainda bastante nova, com os seus quatro anos, queria ver todos os jogos e tinha como ídolo o número 8 dos leões, Pedro Gonçalves.
Diana...
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- Pedro estás a ouvir? O que é que eu acabei de dizer?
- Ahn, míster, o míster disse...
Pelas caras dos meus colegas de equipa, estou bem fornicado.
- Pote, quero falar contigo no fim da reunião.
Engoli em seco.
- Sim, míster.
As coisas têm andado meio... confusas na minha cabeça. Parece que algo decidiu alugar uma casa muito chique no meu cérebro, na área preveligiada do pensamento, o que até não é mau, dado que estou habituado a desviar os pensamentos da minha rotina. O problema, é que esse algo, bem, esse alguém, é difícil de tirar da tola. Os cabelos loiros, os olhos verdes, o sorriso. Já gostei de algumas mulheres ao longo da minha vida, mas nenhuma me deixou assim, apenas a Diana. É algo estranho, inexplicável, talvez. Já pensei em falar com o Dani e com o Gyö, afinal, eles têm namoradas, devem perceber disto, mas o medo que eles me chamem de louco é muito maior. Ainda estou a tentar processar o que fazer.
A única coisa que tenho a certeza é que tenho de fazer alguma coisa. Agora o quê... acho que o primeiro passo é perceber que raio de coisa é esta que eu sinto.
Foquei-me em ouvir o treinador, mas já ía tarde, a reunião já estava no fim.
- Bem, estão dispensados, à exceção do Pedro. Até logo, não se atrasem!
Os meus colegas saíram e vi o Daniel e o Viktor a fazerem sinal que esperavam por mim no balneário para irmos almoçar.
- Pedro, Pedro.
Sustive a respiração.
- O que é que se anda a passar? Parece que não te concentras a cem por cento nos treinos, está na lua nas reuniões. Pedro, eu não sei o que te faça.
- Treinador, eu sinto que estou mais desconcentrado do que o normal, mas eu não estou a conseguir controlar isto.
- Isto o quê?
Boa, disse asneira.
- Míster, o míster deve compreender...
Ele fez uma cara confusa.
- Sabe, quando, pronto, quando, uma pessoa... como é que eu digo isto...
Comecei a remexer as mãos, ansioso.
- Espera aí.
Arregalei os olhos.
- Tu estás apaixonado por uma rapariga não estás? Admite. Só pode ser isso.
Levei a mão à cabeça e cocei a nuca.
- É qualquer coisa por aí... não diria apaixonado, ou secalhar diria.
O míster mostrou um ar mais descontraído, o que me acalmou ligeiramente.
