Entre Lâminas e Beijos

Capítulo 02

Agora, estamos no esconderijo onde recebo minhas missões de assassinato. O ambiente é frio e silencioso, como sempre. Cada centímetro deste lugar foi meticulosamente calculado, não há janelas, nem relógios— mas, apesar de tudo, me sinto acolhida. O tempo parece suspenso, e as paredes parecem observar. Ninguém sabe da existência deste lugar, nem deve saber. Só nós.

Caminho lentamente, os passos ecoando de forma sutil, enquanto tento controlar minha respiração. O ar é denso, quase opressivo. Mesmo assim, é tranquilizador. Aqui, a verdade nunca pode ser vista — tudo se esconde nas sombras.

— Sente-se — ordena a voz fria e firme do meu mestre, me tirando dos meus pensamentos. Obedeço sem hesitar, sabendo que qualquer fraqueza aqui é perigosa.

Em silêncio, aguardo a próxima instrução, sem ousar questionar. Neste local, perguntas podem ser mais mortais do que qualquer tarefa.

— Sua próxima missão será desafiadora. O alvo é alguém de grande importância, não podemos falhar.

Isso não é um problema para mim, já lidei com casos assim.

— E quem seria esse sujeito? — pergunto.

— Não posso te dar o nome agora, mas daqui uma semana lhe entregarei tudo o que precisa saber. Tudo o que posso revelar é que ele vive sob constante vigilância, cercado de seguranças e protocolos. Isso faz dele um alvo ainda mais delicado.

— Isso não é novidade. Qual é o ponto fraco?

— Ele tem uma vida dupla, como muitos nesse meio. Oficialmente, ele é intocável, mas fora dos holofotes... Ele comete erros. Sua arrogância o faz sentir-se invencível. É aí que você entra. — o tom de voz fica mais firme.

Então minha próxima vitima é um arrogante narcisista. Interessante.

— Tem um lugar específico onde posso encontrá-lo?

Ele solta um suspiro e faz um sinal de não com a cabeça. Parece que ainda não tem informações o suficiente.

— Porém, ele frequenta sua vida mais do que imagina. Já está bem perto de você.

Isso me chama a atenção. Está perto de mim? Quem será? Minha mente está a mil.

— Quando eu lhe entregar a ficha com as informações dele, quero que estude cada movimento, se infiltre e o observe de perto. Espere o momento certo. — ordena, com o tom de voz forte — Depois... faça o que sabe fazer melhor. Sem deixar rastros.

— Ele estará pronto quando eu estiver pronta.— digo, a cabeça baixa em forma de respeito.

— Exatamente. Vá com cautela. Sua próxima missão pode mudar tudo. Lembre-se, qualquer erro será fatal, para ambos. Não falhe, Jenna Winter.

Levanto-me da cadeira e vou em direção a saída sem olhar para trás, o peso do local desaparecendo lentamente conforme me misturo à normalidade da cidade. Meus pensamentos se afiam com o próximo alvo, a adrenalina já crescendo, preparando-me para o que vem a seguir.

Daqui a uma semana voltarei a esse mesmo lugar para pegar o envelope com as informações da vítima. Já peguei casos parecidos, mas pelo jeito esse exigirá mais trabalho e esforço da minha parte.

Missões como essa exigem paciência. O tempo trabalha a meu favor. Ele relaxa, abaixa a guarda, acredita que sua vida seguirá como sempre. Até que eu apareça e tudo mude para sempre.

Às vezes, me pergunto o que passa na cabeça dessas pessoas quando a morte está à espreita. Será que eles sentem? Será que sabem, de alguma forma, que o fim está perto? Talvez seja o medo disfarçado de confiança.