Bobo da corte, a pessoa encarregada de entreter a realeza, fazê-los rir. Nem todos, no entanto, conseguiam arrancar um riso se quer de vossa majestade a Rainha.
Valerie Constancio era princesa de um reino pequeno, obrigada a se casar com o rei do reino vizinho pelo pai, só encontrou infelicidade na nova vida. Seu novo reino, era grande e poderoso, mas era governado por um rei egocêntrico e mesquinho, um homem rude e sem escrúpulos. Ela o odiava.
Principalmente quando era tratada como apenas uma incubadora para seus herdeiros, ou com desprezo e hostilidade. Valerie só precisava de paz, passava a maioria de seu tempo na biblioteca do castelo fugindo do rei, mas em eventos reais era obrigada a comparecer, e depois que passou a fugir, parecia que aumentaram. Quanto mais fugia, mas eventos o rei realizava. Ela sabia ser proposital e detestava cada vez mais o rei.
Ela até tentava se entreter nos eventos, rir durante as apresentações do bobo da corte, mas a presença do rei a fazia perder qualquer vontade, qualquer alegria. Valerie torcia para aquilo acabar e ela sabia o único jeito de acontecer. Parte de si, esperava que fosse ela, mas uma parte maior torcia dia e noite para que ele fosse primeiro.
Em sua cabeça, morrer antes e perder a oportunidade de viver pelo menos um pouco no trono, sem sua presença, a frustrava. Seu maior receio era que precisasse se casar novamente e que esse alguém fosse ainda pior, porque querendo ou não, sempre pode piorar.
Contudo, em uma de suas visitas a grande biblioteca do Palácio, encontrou uma sensação escondida. Documentos antigos e novos do reino estavam separados e organizados em prateleiras pequenas. Entre esses documentos — os quais passou a ler todos os dias — encontrou um sobre a morte do rei e seu sorriso cresceu. Ela não precisaria se casar novamente caso o rei morresse. Poderia governar sozinha até que o herdeiro tivesse idade o suficiente para substituí-la.
Os inúmeros pensamentos que surgiram em sua mente a assustaram no início, mas não seria uma ideia ruim se desse certo. E caso fosse descoberta, a morte seria sua liberdade de qualquer forma. Por isso não hesitou em mudar de sessão. Não tremeu quando pegou o primeiro livro sobre venenos e plantas perigosas. Não expressou reação quando olhou ao redor para ter certeza de que estava sozinha na biblioteca e garantir que seus únicos cúmplices fossem o sol que aquecia sua pele e a lua que a observava a noite.
Cada parte do seu plano foi como tirar doce de uma criança, rápido e cheio de choros. Valerie acredita que fingiu bem quando a notícia fatídica foi lhe dita ao amanhecer. A erva que usou em seu chá levou uns dias para fazer efeito que queria e até mesmo ela havia tomado e tido os sintomas como se fosse uma doença horrível. Quando estava em quarentena total, tomou seu antídoto e melhorou em tão rápido que gerou esperança nos outros. Mas o rei não teve a mesma "sorte" que a rainha.
Assim como alguns dos seus conselheiros mais próximos também não tiveram. Até mesmo o degustador real, Valerie salvou. Deixou apenas aqueles que ela sabia que não se oporiam a ela, apenas aqueles que não a obrigariam a fazer o que não queria, ou a chateasse.
Criou a corte perfeita para si. E para melhorar seu humor e do reino, passados alguns dias do luto, contratou um novo bobo da corte. Pela primeira vez em anos, vossa majestade, a rainha, riu. Com vontade. Riu de quase chorar e seus súditos ficaram alegres que ela estava bem, mesmo sem seu rei. E ela estava. Radiante, feliz e em paz.
Todos os dias, sem falta, ela requisitava aquele que a encantava com suas apresentações e a fazia chorar de rir. Era o melhor momento do dia para Valerie. A sensação era de conforto, era como um abraço quente em uma noite de frio. Era acolhedor.
Com o passar dos dias, a rainha passou a receber visitas mensais de Reis de todos os lugares, com propostas de casamentos e alianças. Ela entendia que alianças sempre seriam bem-vindas, mas não se casaria novamente com homens com síndrome de superioridade, homens como seu falecido marido.
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The Joker and the Queen
Short Story(Inspirado em "The Joker and the Queen" do Ed Sheeran) Valerie estava finalmente viuva e nunca esteve tão feliz, mas a cada nova proposta de um novo casamento, só seu novo bobo da corte conseguia salvar seu humor. Só as risadas que preenchiam o salã...