Horas antes 💌

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HORAS ANTES, 2027

— Ramiro? E aí, cara, tá tudo bem? — Enzo perguntou ao atender o telefone.

— Sei que pode ser que esteja fazendo algo importante uma hora dessas, e sinto muito, mas eu preciso que me encontre no laboratório agora. — enfatizou a última palavra.

— No laboratório? — o outro repetiu. — Acha que deixamos algo ligado por lá?

— Não, e ao mesmo tempo sim, sem nem saber.

— O que quer dizer com isso?

— Recebi uma mensagem há menos de dez minutos. — Ramiro começou a explicar enquanto ligava o carro para dirigir em direção ao local onde a pesquisa era realizada. — E não era daqui. De hoje.

— Quando você diz que não era daqui, quer dizer... Futuro?

— Não. Passado. — falou. — Era o Kelvin, Enzo, tenho certeza que era. — ele ouviu um barulho do outro lado como se algo caísse.

— Como pode ter certeza?

— Um áudio e uma informação que ninguém mais teria, mas não vem ao caso. Se confia em mim, só me encontre lá.

— Claro! — Enzo exclamou, e ao fundo, Ramiro pôde ouvi-lo dizer para Berenice que precisava sair com urgência. — Então deu certo?

— Deu. — seus dedos tremiam. — Mas acho que pode ser dia primeiro de Março para ele.

— Isso quer dizer que Kelvin irá morrer em breve.

— Não se formos rápidos. Não se nós pudermos impedir.

— Quinze minutos. Te encontro em quinze minutos, talvez menos.

— Posso te pedir mais um favor? — falou. — Preciso de alguém que tenha um contato, um contato antigo.

— Berenice é cheia deles, ela não apaga números daquele chip desde 2020. — riu. — E eu nem estou brincando, sempre diz que um dia pode ser importante.

— Ótimo, vou te mandar por mensagem qual preciso e você vê se consegue com ela, por favor. Até já. — Ramiro desligou sem uma resposta, acelerando enquanto virava as ruas sequer olhando os semáforos.

Havia pouco tempo, mas sua ideia tinha certa chance de funcionar.

HORAS ANTES, 2024
Conversa: Frank

HORAS ANTES, 2024Conversa: Frank

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HORAS ANTES, 2027

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HORAS ANTES, 2027

— Como você tinha tanta certeza de que...

— Essa é a questão. — Ramiro respondeu. — Eu não tinha certeza de nada. Não tinha certeza de que reiniciar a máquina poderia funcionar para uma nova conexão ainda que ela fosse rapidamente perdida e retomada para o número do Kelvin, já que aparentemente a rede foi presa ao contato dele, nem de que era realmente a data e o momento certo. Eu só tinha...

— Esperança? — Enzo completou, vendo o amigo concordar enquanto ambos trabalhavam para reiniciar todo o sistema mais uma vez. — Então vamos rápido, porque você ainda tem mais uma mensagem para enviar, e vai precisar do dobro de esperança.

HORAS ANTES, 2024
Conversa: Ramiro (Presente)

HORAS ANTES, 2024Conversa: Ramiro (Presente)

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HORAS ANTES, 2027

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HORAS ANTES, 2027

— Acha que vai fazer isso?

— Eu vou. — Ramiro falou. — Com certeza vou preferir ser feito de piada do que viver sabendo que existia 1% de chance disso ser verdade e eu não ter feito nada.

— O que fazemos agora?

— Já perdi a conexão. — disse olhando para o celular. — Agora esperamos, mas não sei como vamos saber que algo mudou.

— Não acho que seja como um passe de mágica, e você pode tê-lo salvo num momento e mudado a morte dele para outro, há tantas variáveis...

— Não, eu quero ter conseguido, Enzo. Eu preciso...

— Em poucos meses você já o amava, não é?

— E ele nunca soube. — concordou Ramiro.

— Mas vai ter a chance de saber. A tal da esperando, não é? Eu acredito que conseguimos, e que ele está vivo, só não sei o que irá acontecer com a gente quando isso se estabelecer.

— Não sente que já tivemos uma conversa parecida?

— Mais ou menos. — Enzo falou. — Quem sabe quantas vezes isso não pode ter acontecido?

Os dois ficaram em silêncio, sabendo que, de fato, aquela era uma possibilidade.

— Eu também acredito que conseguimos. — Ramiro sussurrou, mais para si mesmo do que para o amigo.

A máquina e todo o laboratório se apagaram de repente, como numa queda de luz sem qualquer explicação, e quando tudo voltou a acender, em menos de um minuto, Enzo e Ramiro se encararam em completa confusão.

— A gente ainda precisa fazer alguns ajustes, acho. — Enzo concluiu, coçando a cabeça.

— Você acha? — Ramiro riu. — Está puxando muita energia, mas a gente resolve isso caso... — ele foi interrompido por seu celular tocando, pegou-o e olhou o nome na tela. — Kelvin falou que eu estou atrasado pro jantar, ele vai me matar.

— Vai pra casa, eu desligo tudo bem rápido.

— Certeza?

— Claro, perdemos mesmo a noção do tempo.

— Até amanhã, então.

— Até.

Tell Me SomethingOnde histórias criam vida. Descubra agora