67.Um risco a se correr

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[ P.O.V CHARLES ]

Eu costumava dormir bem após beber, mas naquela noite decidi não exagerar, o que resultou em uma enorme dificuldade em pegar no sono. Lentamente abro a porta do quarto e saio, me dirigindo as escadas e indo até a cozinha beber água. Enquanto encho o copo, avisto pela janela alguém sentado no antigo balançado que ficava no jardim. Achei que fosse Alana matando a saudade do lugar, mas ao reparar bem vi que minha companheira de insônia possuía cabelos negros.

— Sem sono? - Me sento no balanço ao lado.

— Acertou. - Ela assente. - Aqui é tão bonito, deve ter sido bom ter crescido aqui. - Admira a noite.

— Você cresceu no palácio? - Pergunto com curiosidade, acendendo um cigarro.

— Na verdade não, depois que meu pai morreu eu e minha mãe nos mudamos muito, a cada ano ela decidia tentar algo novo, se encontrar no mundo. - Ela explica. - E eu apenas acompanhava, até chegarmos no palácio através do vovô.

— Sei como que é, sentir que é apenas uma mala sendo levada pra todo lugar, acompanhando as facetas de seus pais. - Suspiro.

— Você e seu pai parecem ser próximos. - Me olha com atenção.

— Mais ou menos, ele se fechou bastante depois que a Ruby morreu, minha irmã mais nova. - Olho para a lua. - Mas ele tem seu próprio modo de demonstrar que me ama.

— Eu ouvi dizer que ele amou muito a sua mãe, que foi a mulher da vida dele. - Sorri.

— E foi mesmo, até hoje ele possui uma foto dela em seu relógio de bolso. - Balanço a cabeça positivamente. - Essa é uma das minhas vantagens, independente de qualquer coisa, eu sou a única coisa que restou dela pra ele. Então ele tem que me amar. - Falo com sinceridade, levando o cigarro a boca.

— Tenho certeza que ele te ama muito, ele só tem um jeito diferente de demonstrar. - Afirma. - Vocês são muito parecidos!

— Somos? - Ironizo.

— A forma como se portam, você possui a mesma presença forte que ele e a confiança de um líder. - Detalha com atenção. - Até a forma como você fuma lembra ele. - Ela gargalha.

— Isso eu tenho que admitir. - Me rendo ao riso.

Ficamos ali admirando as estrelas, enquanto conversávamos sobre a vida. Era impressionante como as conversas com Penélope conseguiam durar horas sem esforço, com ela a risada era fácil, os assuntos fluíam e eu conseguia me abrir sem mesmo perceber. Ela fazia eu me sentir confortável, me dava a oportunidade de ser eu mesmo, ou pelo menos a melhor versão de mim. Mas também fazia o meu interior estar em constante conflito, entre a razão e o coração.

 Mas também fazia o meu interior estar em constante conflito, entre a razão e o coração

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⏰ Última atualização: Nov 15 ⏰

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