[ P.O.V CHARLES ]
Eu costumava dormir bem após beber, mas naquela noite decidi não exagerar, o que resultou em uma enorme dificuldade em pegar no sono. Lentamente abro a porta do quarto e saio, me dirigindo as escadas e indo até a cozinha beber água. Enquanto encho o copo, avisto pela janela alguém sentado no antigo balançado que ficava no jardim. Achei que fosse Alana matando a saudade do lugar, mas ao reparar bem vi que minha companheira de insônia possuía cabelos negros.
— Sem sono? - Me sento no balanço ao lado.
— Acertou. - Ela assente. - Aqui é tão bonito, deve ter sido bom ter crescido aqui. - Admira a noite.
— Você cresceu no palácio? - Pergunto com curiosidade, acendendo um cigarro.
— Na verdade não, depois que meu pai morreu eu e minha mãe nos mudamos muito, a cada ano ela decidia tentar algo novo, se encontrar no mundo. - Ela explica. - E eu apenas acompanhava, até chegarmos no palácio através do vovô.
— Sei como que é, sentir que é apenas uma mala sendo levada pra todo lugar, acompanhando as facetas de seus pais. - Suspiro.
— Você e seu pai parecem ser próximos. - Me olha com atenção.
— Mais ou menos, ele se fechou bastante depois que a Ruby morreu, minha irmã mais nova. - Olho para a lua. - Mas ele tem seu próprio modo de demonstrar que me ama.
— Eu ouvi dizer que ele amou muito a sua mãe, que foi a mulher da vida dele. - Sorri.
— E foi mesmo, até hoje ele possui uma foto dela em seu relógio de bolso. - Balanço a cabeça positivamente. - Essa é uma das minhas vantagens, independente de qualquer coisa, eu sou a única coisa que restou dela pra ele. Então ele tem que me amar. - Falo com sinceridade, levando o cigarro a boca.
— Tenho certeza que ele te ama muito, ele só tem um jeito diferente de demonstrar. - Afirma. - Vocês são muito parecidos!
— Somos? - Ironizo.
— A forma como se portam, você possui a mesma presença forte que ele e a confiança de um líder. - Detalha com atenção. - Até a forma como você fuma lembra ele. - Ela gargalha.
— Isso eu tenho que admitir. - Me rendo ao riso.
Ficamos ali admirando as estrelas, enquanto conversávamos sobre a vida. Era impressionante como as conversas com Penélope conseguiam durar horas sem esforço, com ela a risada era fácil, os assuntos fluíam e eu conseguia me abrir sem mesmo perceber. Ela fazia eu me sentir confortável, me dava a oportunidade de ser eu mesmo, ou pelo menos a melhor versão de mim. Mas também fazia o meu interior estar em constante conflito, entre a razão e o coração.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Legados - Meu Eterno Shelby II
Fanfiction{ 𝟐 𝐓𝐄𝐌𝐏 𝐃𝐄 "𝐌𝐄𝐔 𝐄𝐓𝐄𝐑𝐍𝐎 𝐒𝐇𝐄𝐋𝐁𝐘" } Os anos podem passar, mas o legado de uma família sempre permanece. Hanna e John viveram sua grande história, e agora é a hora de passarem o seu legado e deixarem sua descendência escrever a su...