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ASHTRAY

Atiraram em meu irmão.

Atiraram na porra do meu irmão!

Meu coração disparava enquanto eu apertava o sangramento de Fez, mas nada parecia o suficiente. Os meus olhos ficavam embaçando sempre que piscava e minhas mãos tremiam ao ver todo o mar vermelho escarlate que nos circulava e grudava no carpete.

── Por favor, Fez. Aguente mais um pouco. — Um soluço profundo saiu dos meus lábios quando meu irmão se engasgou com seu próprio sangue.

── Fuja, maninho. Por mim. — Sua voz fraca atingiu meus ouvidos e não pude segurar as lágrimas e os soluços altos que saiam da minha boca. Aqui, sentado no carpete do nosso quarto, presenciei a morte da única pessoa que me importava neste mundo ínfero.

Senti como se meu coração, a qualquer momento, fosse sair do peito e rangi meus dentes. Uma gota de suor pingou da minha testa e apertei meus dedos no cano da arma quando escutei mais portas sendo arrombadas. Logo eles me encontrariam, e eu não via a hora para isso acontecer.

A cada segundo eu escutava as batidas se aproximarem mais, assim como os sussurros de policiais. Rapidamente, arrumei os canivetes que estavam escondidos em meu tornozelo e passei minhas mãos pelo mar de sangue do carpete e depois espalhei por toda a minha roupa cinza e por minhas bochechas. Resmunguei de nojo.

Me deitei no peito do meu irmão, sentindo náuseas ao fazê-lo como parte da minha peça teatral. Prendi minha respiração quando escutei a porta do quarto voando com um chute do policial.

Esperei alguns segundos e, rapidamente, comecei a disparar por todo o quarto. Meu ombro tremia com a força da arma e eu sentia o vento das poucas balas passarem de raspão por meu corpo.

Cinco corpos caídos pelo quarto.

Aquilo era uma cena de filme de terror. Mas para mim, o prazer de vingança era agridoce, e eu amava isso.

Fiz questão de atirar no rosto de cada um dos policiais - e mais algumas vezes em seus corpos, para me certificar de que eles estivessem realmente mortos e também por diversão. - e, com muito cuidado, saí do cômodo. Com passos leves, eu me direcionei até a sala, onde encontrei mais dois policiais que avançaram assim que me viram.

Deixei que um dos grandes homens se aproximasse mais de mim para que eu atirasse duas vezes em seu peito e enfiasse uma das adagas em seu olho. Puxei a lâmina e o sangue do policial se respingou por meu rosto. Não demorou para que o outro homem, mesmo horrorizado, tentasse me atacar. Chutei seu peito, o fazendo cambalear. Isso não o fez desistir, então apertei o gatilho da arma, porém, não obtive respostas, resmunguei um xingamento mas não perdi a oportunidade de bater o cano na cabeça do sujeito. Larguei a arma e peguei as duas adagas, uma em cada mão, e enfiei-as em cada lado do pescoço do homem, trazendo para seu peito.

Soltei um longo suspiro assim que seu corpo caiu por cima do outro policial, fechei meus olhos e umedeci meus lábios com a língua, sentindo o gosto metálico do sangue no céu da boca. Desviei dos corpos jogados na entrada da sala e me direcionei até os armários onde Fezco guardava suas garrafas de bebida.

Enchi meus braços e comecei a espalhar o álcool por todos os cômodos, quando cheguei perto do corpo recém morto do meu irmão, não pude segurar a última lágrima que eu permitia que caísse dos meus olhos. Joguei um pouco de bebida no mais velho e me apressei para sair daquele lugar. Peguei uma caixinha de fósforo ao lado do fogão e acendi, antes de soltá-lo e ver o fogo se alastrar por toda a casa, suspirei mais uma vez.

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⏰ Última atualização: Oct 16 ⏰

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