21h00 pm
Ayla não responde as minhas mensagens então mesmo com chuva decidi ir até a sua casa,somos quase vizinhos.
Cheguei na frente da casa de Ayla e respirei fundo antes de tocar a campainha. O silêncio no outro lado da porta parecia maior do que o normal. Esperei alguns segundos, mas ninguém apareceu. Toquei de novo, batendo levemente na porta logo depois."Será que ela está ignorando de propósito?", pensei, enquanto tentava controlar a inquietação que já começava a se espalhar.
Coloquei a mão no trinco da porta e para a minha surpresa a porta se abriu,ela não estava na sala então andei até a cozinha e encontrei um copo ao lado de meia garrafa de vinho e outra garrafa quase cheia de marula,achei muito estranho Ayla nunca bebeu coisas alcoólicas.
A casa estava envolta em um silêncio estranho, quase inquietante. Caminhei até o quarto de Ayla, sentindo uma sensação crescente de desconforto. Quando entrei, fiquei confuso ao vê-la deitada na cama, imóvel. Não conseguia dizer se ela estava dormindo profundamente ou se algo mais grave havia acontecido.
Ela vestia um pijama curto, o que me deixou ainda mais intrigado. Desde que terminou o relacionamento com Lucca, Ayla sempre evitava usar roupas assim, preferindo conjuntos mais fechados. Para piorar, seu cabelo estava molhado. Isso me deixou alarmado de imediato, já que ela sempre foi meticulosa com isso. "Dormir com o cabelo molhado dá fungo", ela dizia sempre, nunca deixando de secá-lo antes de ir para cama.
Eu me aproximei, hesitante, o coração disparado. Algo não parecia certo. Toquei de leve o seu braço, chamando-a pelo nome.
"Ayla?" minha voz soou baixa e cautelosa. Quando não obtive resposta, minha inquietação se transformou em medo. "Ayla, você está bem?"
— Já disse para você ir embora — Ayla murmurou, sem nem abrir os olhos, a voz rouca e carregada de cansaço.
Fiquei parado, sem saber como reagir. Algo na sua postura me incomodava profundamente. Não era apenas o fato de estar deitada de forma tão vulnerável, com o cabelo molhado e usando uma roupa que ela nunca escolheria. Era a frieza nas palavras, como se quisesse se afastar de tudo e todos — principalmente de mim.
— Ayla, o que está acontecendo? — insisti, me aproximando mais um pouco. — Você não está agindo como você mesma.
Ela abriu os olhos lentamente, mas em vez do brilho caloroso que sempre encontrei neles, havia uma opacidade que me fez recuar. Ela parecia... distante. Não apenas fisicamente, mas emocionalmente, como se estivesse presa em algum lugar que eu não podia alcançar.
— Erick, eu estou cansada — sua voz soou firme dessa vez, mas ainda baixa. — Cansada de lutar, de me explicar, de tentar... — Ela suspirou, virando o rosto para o outro lado. — Não preciso que você me conserte. Eu só preciso que você me deixe em paz.
Aquelas palavras me atingiram como um golpe. Parte de mim queria obedecer, respeitar o que ela estava pedindo, mas a outra parte... sabia que algo estava profundamente errado.
— Não vou te deixar sozinha assim — declarei, sentindo a determinação crescer dentro de mim. — Você pode me afastar, pode tentar se esconder, mas eu não vou embora até saber que você está bem de verdade.
— Me fala o que aconteceu — pedi, mantendo minha voz o mais calma possível, mas o nó no meu estômago apertava a cada segundo.
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O despertar do amor
RomanceDesde a infância, Ayla e Erick mantiveram uma amizade marcada por travessuras e implicâncias. Quando tinham 18 anos, um vínculo especial surgiu entre eles, mas, ocupados com questões pessoais, nunca perceberam a profundidade dos sentimentos que comp...