Capítulo 2 - A Porta para o Desconhecido

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O vento gelado soprava entre as árvores, fazendo com que as folhas sussurrassem segredos inaudíveis. Davi e Ana Clara estavam de pé, observando o grupo de guerreiros que os cercava. O silêncio era desconfortável, mas a tensão no ar era palpável.

— De onde vieram? — insistiu a mulher à frente, sua voz soando como um comando, e não como uma pergunta.

Ana Clara, sempre mais confiante em situações tensas, deu um passo à frente, erguendo o queixo para manter a compostura.

— Nós... nós não sabemos como viemos parar aqui. Estávamos em casa, e, de repente, tudo mudou. — Ela olhou rapidamente para Davi, buscando apoio.

Davi, por outro lado, ainda tentava processar tudo. O que significava aquilo? Um império? Armaduras que pareciam saídas de histórias de fantasia? Sua mente estava a mil, tentando conectar os pontos, mas sem sucesso. Mesmo assim, ele sabia que precisava manter a calma por sua irmã.

— Estávamos dormindo — completou Davi, sua voz um pouco hesitante. — Acordamos aqui, nessa floresta.

A mulher de armadura franziu o cenho, como se tentasse discernir se estavam dizendo a verdade ou não. Ao seu lado, um dos homens do grupo deu um passo à frente, sussurrando algo em seu ouvido. Ela assentiu brevemente antes de voltar sua atenção para os dois irmãos.

— Vocês parecem confusos, e honestamente, eu não acredito que estejam mentindo. — Ela fez uma pausa, medindo suas palavras. — Meu nome é Valira, e sou capitã da guarda imperial. Esta floresta é perigosa para quem não conhece o caminho. Não podemos deixá-los aqui.

Davi relaxou um pouco, mas Ana Clara ainda estava alerta. Ela sabia que não estavam seguros, não completamente.

— Obrigada por sua ajuda — disse Ana, mantendo um tom formal. — Mas para onde vamos?

Valira olhou de relance para seus soldados antes de responder.

— Vamos levá-los para a capital. O imperador é o único que pode decidir o que fazer com forasteiros como vocês.

Enquanto seguiam pela floresta, Davi e Ana Clara mantinham-se próximos um do outro. O grupo de Valira caminhava em silêncio, seus passos firmes e precisos, demonstrando que conheciam bem o terreno. Ao longe, começava-se a ver as luzes da cidade brilhando no horizonte, iluminando o céu noturno.

Davi olhava ao redor, cada vez mais intrigado. A tecnologia futurista que via ao longe contrastava com o ambiente natural da floresta. Era como se dois mundos diferentes se fundissem em um único espaço. Veículos flutuantes passavam sobre suas cabeças, movendo-se silenciosamente pelas ruas iluminadas da capital, enquanto criaturas com características humanoides, mas de formas estranhas, se misturavam aos habitantes humanos.

— O que será esse lugar? — Davi sussurrou para si mesmo, perdido em pensamentos.

Ana Clara, ao seu lado, também estava absorvendo o que via, mas sua preocupação era maior. Estavam em um território completamente desconhecido, e embora a guarda imperial tivesse sido amigável até o momento, ela sabia que aquilo poderia mudar a qualquer instante.

Quando finalmente chegaram às muralhas da capital, os portões se abriram com um estrondo profundo. Eles foram guiados por ruas largas e movimentadas até o centro da cidade, onde se erguiam torres altíssimas, algumas flutuando no ar. A cidade parecia um misto de arquitetura antiga com tecnologia avançada, um lugar onde o impossível parecia cotidiano.

No entanto, não houve tempo para admiração. Assim que atravessaram as ruas principais, foram conduzidos a uma grande estrutura com colunas imponentes, que Davi supôs ser o palácio imperial.

— Vocês esperarão aqui até que o imperador esteja disponível para vê-los — disse Valira, parando em frente a uma porta enorme de metal dourado. — Não tentem fugir. Isso só complicaria as coisas para vocês.

Sem escolha, os irmãos assentiram e entraram no salão, onde a porta se fechou atrás deles com um eco assustador.

O silêncio dentro da sala era opressor. Davi e Ana Clara se sentaram em um dos bancos de mármore ao longo das paredes, sem trocar muitas palavras. Tudo acontecera rápido demais, e a incerteza sobre o que estava por vir pairava no ar.

— O que acha que vai acontecer? — Ana finalmente quebrou o silêncio, olhando para o irmão com uma mistura de curiosidade e preocupação.

— Não faço ideia — respondeu Davi, com um suspiro. — Mas... alguma coisa me diz que não foi por acaso que viemos parar aqui.

Ana arqueou uma sobrancelha, curiosa.

— Como assim?

Davi hesitou. Era difícil explicar, mas desde o momento em que haviam acordado naquela floresta, ele sentia algo estranho dentro de si, uma presença, como se algo estivesse observando, guiando seus passos. E havia aquela voz... quase inaudível, mas presente, um sussurro no fundo de sua mente.

— Só tenho essa sensação de que algo maior está acontecendo — ele disse, finalmente. — Como se estivéssemos aqui por um motivo.

Ana Clara o encarou por um longo momento antes de assentir. Havia um peso em suas palavras que ela não podia ignorar.

O som de passos ecoando no corredor chamou a atenção dos dois. A porta dourada se abriu lentamente, revelando um homem alto e imponente, vestido em trajes cerimoniais, com uma coroa de metal prateado reluzindo sobre sua cabeça. Ele tinha o porte de alguém acostumado a comandar, mas havia algo em seu olhar que sugeria um conhecimento profundo, como se visse mais do que o visível.

— Bem-vindos à capital de Lysandra — disse o homem, sua voz ecoando pelo salão. — Meu nome é Imperador Valerion. E vocês... são um mistério que estou ansioso para desvendar.

Davi sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Algo no tom do imperador o fez perceber que, dali em diante, sua vida e a de sua irmã jamais seriam as mesmas.

Entre Correntes e Espadas: Ecos dos poderososTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang