Capítulo 4 - A Academia de Lysandra

2 0 0
                                    

O sol já estava alto quando Davi e Ana Clara chegaram à Academia Imperial de Lysandra. A vista era deslumbrante. A estrutura flutuava entre nuvens, com torres prateadas que pareciam tocar o céu. Uma vasta ponte de cristal conectava a entrada da academia ao solo, cintilando à luz do sol, como um convite a um mundo de poder e conhecimento. Entretanto, Davi sentia um nó no estômago enquanto cruzavam aquele caminho. Ele estava ali, mas sua presença parecia irrelevante comparada à de Ana Clara.

Ao se aproximarem dos grandes portões, guardas de armaduras resplandecentes os saudaram, abrindo o caminho para a academia. No instante em que entraram, um holograma se ativou no meio do hall de entrada, revelando o reitor da academia, Lorde Veridion. Ele tinha uma aparência severa, com olhos profundos e um manto adornado por runas que brilhavam fracamente.

— Sejam bem-vindos à Academia Imperial de Lysandra — sua voz ecoou pelo salão. — Aqui, preparamos os maiores guerreiros, magos e estrategistas do império. Nem todos sobrevivem à pressão, e poucos alcançam a verdadeira grandeza. Lembrem-se: o talento é o ponto de partida, mas a determinação é o que os levará além.

Davi trocou um olhar breve com Ana Clara, que o incentivou com um sorriso. Embora ele sentisse o peso do desprezo de muitos ali, o sorriso dela ainda lhe dava forças para continuar.

O reitor olhou diretamente para Ana Clara.

— Você, Ana Clara, filha da Fênix, carrega consigo o poder de uma lenda. Será submetida aos treinamentos mais rigorosos e desafiada como nenhum outro aluno antes de você. Esperamos grandes coisas de sua parte.

Ele então se virou para Davi, seus olhos percorrendo o jovem com um misto de desdém e curiosidade.

— Quanto a você, Davi... — o tom de Veridion era quase indiferente, mas havia algo mais. Um lampejo de interesse, talvez? — Sua jornada será no curso médio. Na academia, você encontrará seu caminho... ou será esmagado por ele.

Com essas palavras, o holograma desapareceu, deixando ambos com a sensação de que estavam à beira de algo monumental.

— Ele tem razão, você sabe. — Uma voz desconhecida ecoou pela sala.

Davi se virou e viu um garoto da mesma idade, alto e de cabelos prateados, aproximando-se. Ele usava um uniforme da academia, mas algo em sua postura indicava uma arrogância latente. Seus olhos estavam fixos em Davi, como se já tivesse julgado e condenado o garoto antes mesmo de conhecê-lo.

— Você não vai durar muito aqui — continuou ele, cruzando os braços. — Um Rank F? É uma piada, certo? A academia não tem lugar para fracos.

Ana Clara deu um passo à frente, seus olhos queimando com raiva.

— Ele é mais forte do que parece. Cuidado com suas palavras — alertou ela, a fúria de sua Fênix começando a emergir.

O garoto apenas sorriu, desdenhoso.

— Veremos, princesa. Veremos.

Ele deu uma última olhada para Davi, cheia de desprezo, antes de se afastar. O peso da humilhação parecia cada vez mais esmagador, mas Davi tentou manter a calma. Ele não poderia deixar aquilo destruí-lo.

— Não ligue para ele, Davi — disse Ana Clara, pousando uma mão suave no ombro do irmão. — Você vai encontrar seu lugar aqui.

— Mas será que eu quero? — murmurou ele, mais para si mesmo do que para a irmã.

Antes que pudessem continuar a conversa, um novo grupo de alunos começou a chegar ao saguão. Todos usavam o uniforme da academia, cada um com diferentes insígnias que indicavam suas classificações e especialidades. A diversidade de talentos era evidente: magos, guerreiros, estrategistas, cada um com uma aura única. E então, um rosto familiar surgiu na multidão.

— Eliel! — exclamou Davi, reconhecendo o amigo que fizera na viagem para Lysandra. O jovem de cabelos castanhos claros e um sorriso tímido se aproximou.

— Eu não acredito que estamos aqui juntos! — disse Eliel, com uma animação que contrastava com o clima tenso da academia. — Esse lugar é gigantesco!

Davi forçou um sorriso. A presença de Eliel era reconfortante, mas ele ainda não conseguia se livrar do peso de sua própria insignificância.

— Vocês foram designados para o dormitório A, próximo à Torre Central. É um dos melhores locais da academia — informou um dos guardas, entregando a eles cristais de identificação. — Esses cristais permitirão o acesso às áreas restritas, então cuidem bem deles.

Com os cristais em mãos, Davi, Ana Clara e Eliel seguiram em direção ao dormitório. O interior da academia era vasto, com corredores intermináveis adornados por hologramas que exibiam as grandes conquistas dos alunos anteriores. Alguns eram verdadeiras lendas, com estátuas e retratos que exalavam poder. Tudo ali parecia ser projetado para impressionar e intimidar ao mesmo tempo.

— Eu ouvi dizer que os treinamentos aqui são intensos... — comentou Eliel, sua voz tremendo um pouco. — Tipo, realmente intensos. Dizem que alguns alunos saem daqui... mudados.

Ana Clara parecia inabalável, enquanto Davi tentava ignorar o crescente nervosismo. Quando chegaram ao dormitório, as portas se abriram automaticamente, revelando uma área espaçosa com quartos individuais. As janelas enormes ofereciam uma vista impressionante das cidades flutuantes ao longe.

— Aqui será nossa nova casa — disse Ana Clara, olhando para o horizonte. — E eu vou fazer o meu melhor para nos mantermos juntos, Davi. Você não está sozinho.

Davi assentiu, mas por dentro, ele sentia que aquela era uma batalha que teria de enfrentar sozinho. A academia representava uma nova chance, mas também uma prova implacável. Com seu talento Rank F, ele sabia que o caminho à frente seria cheio de obstáculos, e a cada dia seria lembrado de sua insignificância perante o talento extraordinário de sua irmã.

Enquanto se preparavam para o dia seguinte, Davi se lembrou das palavras do imperador: "Na academia, você encontrará seu caminho... ou será esmagado por ele."

O que ele não sabia era que, às vezes, os talentos mais subestimados podiam esconder um poder que ninguém poderia imaginar.

Entre Correntes e Espadas: Ecos dos poderososTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang