09. Entre idas e 'voltas.

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Cecília.
Rio de Janeiro.  22 °


Após uma noite incrível com o Roberto, a minha única preocupação era manter meu emprego.
Para meu alívio ele seguiu um atalho que me adiantou cinco minutos. Quando olho a fachada do hospital meu coração começa a bater mas lentamente.

Me despeço rápido dele e entro, era meu segundo dia e eu já tava tendo um descuido desse.

Entro bem devagar pela recepção com um número grande de pessoas e a sala de atendimento da triagem sem ninguém.

Com passos silenciosos e ágeis eu vou em direção ao 'quartinho de descanso para pegar minha roupa reserva, mas no meio do caminho uma voz me arrepia a espinha, meus olhos arregalam, agora eu tava completamente 'fudida.

— Sabe quando minutos você tá atrasada menina?  - O olhar de Ricardo me fozilava, tive sorte dele não me matar ali mesmo, vontade não faltava.

— Ricardo , me desculpa e-eu.... - Ricardo me corta se aproximando mas, já nem sentia mas as batidas do meu coração.

Ele para em minha frente, colocando a mão sobre a cabeça e soltando um suspiro fundo; de quem estava se segurando muito.

— Eu só não vou te demitir, porque não posso me dar ao luxo de ficar sem uma Enfermeira agora.! Agora SOME DA MINHA FRENTE....- ele gritou seco enfatizando um eco no corredor.

— S-sim senhor - baixei a cabeça, não havia mais nada a ser dito. Eu estava errada e ainda tive a sorte de conseguir manter meu emprego.

Quando eu me virei para ir, Ricardo me apertou pelo braço voltando meu olhar a ele novamente.

— Essa vai ser a primeira e última vez que permito um atraso Cecília...eu costumo trabalhar com pessoas 'competentes. - ele se aproxima de mim de uma forma estranha , quase colando seu rosto ao meu.

Me afasto rapidamente desperada para sair daquela situação desconfortável.

— Nao vai mais acontecer Ricardo, eu prometo! - minha cabeça continuo baixa, por nada neste mundo eu enfrentaria os olhos dele.

— Aproveite e apresse a outra enfermeira, parece que ela empacou nesse bendito quarto. - ele bufa e logo se afasta.

Corro para o quarto, indo direto ao meu armário, bato os olhos no banheiro que estava 'ocupado.

— Moça?. o Enfermeiro Ricardo pediu para irmos rápido e..... - enquanto eu mechia na bolsa de costas falando com a outra 'enfermeira, ouço ela sair do banheiro e derrepente sinto um abraço me pegando por trás. Levo um pequeno susto e estranho a situação.

— Oi Princesa... -

Reconheço a voz de Catarina, me virei rapidamente para ela e a abracei, parecia que não avia a vinte anos. Catarina era a única que poderia trazer um pouco de desconstrução naquele dia, eu sentia que Ricardo não iria aliviar para mim.

— Cá, onde você tava ontem o dia todo..- aperto ela mas forte. — te mandei mensagem e você nem me retornou.

— Aí Cê, ce tá fortinha em. - ela ri me dando um tapinha no braço, solto ela deixando era respirar. — Meu pai passou mal, mais conhece o velho né? nada de hospital, depois que se aposentou ele corre desses lugares. - ela se vira para o espelho ajeitando o 'uniforme de enfermeira.

— Aí eu liguei pra o Ricardo ontem a noite, e como sou filha de 'médico que já foi muito "influente" também, não foi difícil conseguir a vaga denovo. - ela ri para mim com aquele ar de deboche.

Catarina sempre soube que nasceu em berço de ouro, e sempre usou isso a seu favor. Não que fosse sempre necessário, ela era muito inteligente. Se alguém que não a conhece ouvisse o que ela acabou de dizer, diria que ela era só uma mimadinha, mas para mim aquilo só fazia parte da personalidade dela. Catarina era a melhor pessoa que eu conhecia.

Por que não eu ? | CAPITÃO NASCIMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora