Prólogo

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Para aqueles que sonham com mundos que vão além do que consideramos normais, que buscam a magia nas pequenas coisas e desejam viver suas próprias aventuras extraordinárias.

Para aqueles que sonham com mundos que vão além do que consideramos normais, que buscam a magia nas pequenas coisas e desejam viver suas próprias aventuras extraordinárias

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─ Clare, por que parou? ─ a voz de uma senhora que não reconheci ecoou por perto.

Senti uma superfície dura sob meus dedos, conclui que estava sentada num banquinho macio e no instante que abri os olhos, o ambiente criou forma ao me acostumar com a claridade. Primeiro vi o piano armário marrom, então, eram teclas que eu estava pressionando.

Olhando nas laterais, reparei nos tons neutros que decoravam o bar lotado repleto de mesas redondas, a maioria das pessoas bebendo com sua atenção em mim.

─ Clare, querida?

A dona da voz de antes se revelou ser uma velha baixinha de queixo largo, parada no meu canto esquerdo, me encarando seriamente.

─ Algo errado?

─ Comigo? ─ perguntei e estranhei meu timbre, que não tinha nada a ver com minha verdadeira voz.

Caralho. Tô rouca?!

─ Claro, com 'cê! 'Tamo te pagando pra tocar! Então, toque!

Eu nunca toquei piano na vida. Quem essa velha pensa que é pra me dar ordens?! 

Suspirei profundamente, sem conseguir processar o que realmente tava acontecendo. Por que estava sendo confundida com essa tal de Clare? Encarei minhas mãos fixas nas teclas e, por fim, notei que elas tampouco eram as minhas mãos. A cicatriz na esquerda nem mesmo estava lá.

Porra, porra, porra.

Um sonho? Talvez... Lúcido?

─ Toque imediatamente senão quiser perder o emprego! ─ exclamou, dando um tapinha na lateral do instrumento.

Engoli em seco, sentindo meu corpo tremer involuntariamente. Fechei os olhos e pressinei as teclas que estava com os dedos em cima.

Esperei que um som horripilante saísse, mais gritos de velha megera acompanhasse, mas me surpreendi com a melodia que fluiu através dos meus dedos dançando pelas teclas do piano. Como? Não fazia ideia.

Sem explicação lógica, toquei mais seis músicas sem nenhum problema que duraram aproximadamente uns seis minutos cada, quase cinquenta minutos tocando.

Pra um sonho, é tão realista.

Me levantei, me afastando do instrumento e olhei ao redor. A senhora saiu de atrás do bar, pegou minha mão e colocou nela um saquinho verde-musgo levemente pesado.

─ Amanhã. Mesmo horário ─ e virou as costas, retornando pro posto ao lado do barman.

Sacudi a sacolinha. Devia ter moedas dentro. Meu pagamento. Sorri triunfante e sai do local, vendo a diferença brusca da parte interna pra externa. O bar parecia bem cuidado por dentro, enquanto por fora, a estrutura era toda monocromática, como se fosse cair a qualquer momento. Não apenas ele, mas a maioria das propriedades ao redor.

Clare Beddor - ACOTARWhere stories live. Discover now