Tiefen

Capítulo 10

Rain Bennett

O internato eichen foi construído em 2008, por um milionário que estava tentando estabilizar uma vida financeira, durante crise monetária global que afetou a Alemanha. Klaus Neumann Lenz dedicou seu tempo e esforço para encontrar um lugar tranquilo onde pudesse se restabelecer, seu intuito era conquistar as famílias mais ricas de toda Europa, prometendo grandes avanços na educação para os futuros herdeiros.
Seus esforços foram notoriamente recompensados pelas famílias afetadas pela crise, para eles, manter seus filhos longe do caos financeiro foi como uma luz no fim do túnel.

É uma surpresa ser matriculada em uma escola como essa, quer dizer, Amélie moveu montanhas para esse acontecimento e qualquer um que tenha acesso ao meu histórico escolar verá que não foi mérito das minhas notas.

"Vou levá-la até a sala da diretora, eu preciso assinar os termos de responsabilidade." -Comentou meu avô, parando o carro.

"Não esqueça de solicitar os papeis financeiros da Athena ." -Disse minha avó, me deixando pensativa.

"Athena? Quem é essa?" -Perguntei confusa.

"Ela é filha do meu chefe, querida." -Afirmou Amélie.

"Esse homem insiste em nos perturbar, não é mesmo? Você precisa conversar com ele sobre seus favores prolongados." -Disse Aaron irritado.

Minha avó parece irritada com tal acusação, ela olha para todos os cantos e respira fundo:
"Não vamos discutir sobre meu trabalho agora, não estamos sozinhos nesse carro." -Respondeu ela, olhando para mim.

"Claro que não vamos, você sempre evita conversas como essa..." -Comentou, meu avô. "Está pronta, filha?"

"Estou, eu acho." -Disse, olhando para fora. 

O portão prata na minha frente é imenso e a neve insiste em cair constantemente desde que cheguei, o caminho até aqui é fora do normal, não existe nada à minha volta, apenas montanhas e longos bosques nevados. Estou sem sinal e sem internet, me sinto completamente alheia a uma vida social.
Consigo ver o internato daqui, tenho certeza que me perderei dentro desse lugar, porque é simplesmente impossível dimensionar o que estou vendo, as paredes são altas e claras, o telhado é pontiagudo e as telhas chamam bastante atenção por serem azuis.

"Senhores, vocês chegaram no tempo exato." -Comentou a mulher elegante, estendendo sua mão para mim.

"Queríamos facilitar seu trabalho, amiga." -Disse, minha avó.

"Agradeço por sua generosidade..." -Respondeu ela. "Vamos, sua neta precisa se enturmar." 

Recebi as chaves do meu quarto e fui deixada em uma escada extensa, estou olhando para minhas malas há 10 minutos, foi uma coisa do tipo "Se vira aí minha filha, minha parte eu já fiz." As pessoas passam do meu lado e me olham de cima a baixo, ou cochicham entre si. Comecei a puxar as malas lentamente e os degraus pareciam intermináveis.

Paro de andar no primeiro lance de escadas e respiro um pouco, esse quarto deve ser no cu de judas porque não é possível.

"Eu posso te ajudar." -Disse um garoto, que me olhava com curiosidade.

"Você pode, eu não consigo achar meu quarto e minhas malas estão pesadas." -Respondi, com falta de ar.

"Sem problema, como você se chama?" -Perguntou ele.

"Rain Bennett, o seu é?" -Disse, reparando na sua aparência. 

Ele é incrivelmente atraente para mim, o cabelo dele é preto e enrolado, seu olho é castanho e seu porte é estranhamente atlético.

"Me chamo Asher, muito prazer." -Disse ele, ajeitando seus óculos.

"Olha, meu quarto é o 619...eu acho." -Falo, entregando minha chave para ele.

"Você conhece alguém desse lado dos dormitórios?" -Comentou Asher, me olhando com os olhos arregalados.

 "Eu estou no lugar errado, né?" -Disse, analisando meu ambiente.

 "Seu quarto fica do lado norte, essa é a parte sul e onde fica o dormitório masculino." -Afirmou ele, querendo rir.

"Então as pessoas estão me encarando por esse motivo." -Falei, segurando o riso.

"Acho que uma pessoa desconhecida e lotada de malas, não é normal por aqui." -Diz Asher, pegando minhas malas no chão. "Vou te ajudar, me acompanhe." 

***