- Vocês estão exagerando. Ela não faria isso... Eu acho.
Meus olhos estavam fixos no chão quando a porta do quarto se abriu de repente, cortando a tensão no ar. Nós três, sem demora, voltamos nossos olhares para quem entrava. Duda atravessou a soleira com seu andar leve e casual, como se a atmosfera pesada ao redor não existisse.
- Do que estão falando? - A voz dela soou despreocupada, mas curiosa, enquanto ela se sentava na cama, exatamente no mesmo lugar de antes, afundando os ombros como se já pertencesse ali.
Eu sabia que ela sentia algo no ar, mas não insistiu. Apenas nos observou, como se esperasse uma resposta convincente.
- Ah, nada demais - disse Eloisa, esboçando um sorriso fraco que mal escondia o desconforto.
Duda arqueou uma sobrancelha, mas pareceu disposta a aceitar a desculpa, pelo menos por agora. - Entendi. O Ph resolveu bancar o chef e fez o almoço. Já está na mesa, desçam quando quiserem. - Ela disse com um sorriso aberto, mas não durou muito. Rapidamente, se levantou, saindo do quarto como se tivesse outras preocupações em mente.
Assim que a porta fechou, um suspiro de alívio escapou de Antonella.
- Essa foi por pouco - sussurrou ela, suas palavras mal saindo como um som, apenas um alívio contido.
Eu, por outro lado, não conseguia afastar o peso que sentia nos ombros. - Estou sem fome. Vou só acompanhar vocês - murmurei, levantando-me lentamente da cama, como se o chão abaixo estivesse coberto de pedras afiadas. Cada passo parecia pesar mais que o anterior, e uma onda de cansaço me envolveu.
Descemos as escadas em silêncio. Cada degrau me fazia sentir mais distante da realidade, mais perdida no turbilhão dos meus próprios pensamentos. Quando chegamos à sala de jantar, todos já estavam à mesa. O barulho dos talheres, as conversas abafadas... Tudo cessou assim que me aproximei. Todos os olhares, um por um, recaíram sobre mim.
- Parece até que eu matei alguém - brinquei com um riso fraco, tentando suavizar o clima pesado que pairava sobre a sala. Mas meu comentário teve um efeito inesperado.
Duda, que estava sentada do outro lado da mesa, se engasgou com a bebida. Ela começou a tossir violentamente, o rosto ficando ruborizado. Antes que eu pudesse me mover, vi alguém se aproximar para ajudá-la, batendo suavemente nas costas da garota. Levantei o olhar e, para minha surpresa, era ela.
A garota loira.
A mesma que Gustavo havia beijado na noite passada.
Senti um nó se formar instantaneamente na minha garganta, como se todas as palavras que eu quisesse dizer tivessem ficado presas. Desviei o olhar rapidamente, encarando a mesa de forma quase obsessiva, na tentativa de evitar qualquer contato visual. Mas eu podia sentir o peso do olhar de Gustavo sobre mim. Era impossível ignorar.
- Ah, deixa eu me apresentar! - Uma voz suave e gentil interrompeu meus pensamentos. A garota loira se aproximou com um sorriso tão brilhante que quase me cegou. Ela parecia radiante, segura de si. - Sou Olivia. Você deve ser a Isabella, ouvi muito sobre você.
Olivia... Agora o nome tinha um rosto. Ela estendeu a mão em minha direção com um entusiasmo que me desarmou. Por um momento, hesitei, mas forcei um sorriso, tentando parecer o mais amigável possível. Não era culpa dela, afinal.
- Prazer. Lindo nome. - Forcei mais um sorriso, embora meu coração batesse descompassado. Assim que nossas mãos se separaram, voltei meu olhar para a mesa, tentando esconder meu desconforto.
- O Gustavo fez... - A voz de Olivia ecoou, mas foi abruptamente cortada quando ela pareceu receber um chute por debaixo da mesa. O som de sua dor abafada me fez erguer os olhos por um breve instante. Vi Gustavo desviando o olhar, claramente tentando evitar mais uma situação constrangedora.
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Entre luxos e simplicidade.
Fanfiction"Entre luxos e simplicidade" é uma história emocionante sobre amor, diferenças e a coragem de ser quem você realmente é. Uma jornada inesquecível, repleta de reviravoltas e paixão. Ela era a personificação da delicadeza, uma jovem da alta sociedade...