O gosto salgado das lágrimas de Luciano fez Martín se questionar sobre quão frequentemente, durante uma década, um sabor semelhante tinha sido degustado pelo brasileiro.
O quão frequentemente Luciano teve de lidar com o sal do choro quase sempre incontrolável de Martín; ou o quanto teria sido, muito provavelmente, desagradável beijar o loiro enquanto ele se acabava de chorar por toda e qualquer razão repentina e imaginável.
Martín quis muito perguntar isso ao outro homem, quis muito acalmar a levíssima aflição que surgia em seu peito ao pensar que talvez beijá-lo nessas mesmas condições - com o gosto salgado das lágrimas - não teria sido tão divertido e gostoso para Luciano.
Duas coisas o impediram de externalizar essas perguntas: o fato de que, para Martín, a única sensação que ele não sentia (nunca sentira) era desagrado em beijar Luciano, em qualquer hipótese ou por qualquer razão, e aquela vontade crescente de confiar - de apenas confiar, em tudo - o dizia que Luciano possivelmente sentia o mesmo quando eles se beijavam: apenas prazer, o mais puro prazer, tão forte que quase fazia com que a luxúria do casal tomasse forma no ar.
E ali, deitado na areia com o peso de Luciano sobre seu corpo, os pensamentos questionadores de Martín também eram impedidos de serem externalizados porque Luciano não o permitia falar.
A língua do brasileiro, fervente e molhada de saliva e lágrimas, não deixava sobrar espaço para que Martín se perdesse em questionamentos como esses. Sequer deixava que a língua do argentino quisesse ou pudesse fazer qualquer outra coisa além de corresponder ao beijo.
Só o que aquelas línguas queriam era beijar, beijar muito, beijar até que o tempo parasse - não importava, de verdade, o gosto que compartilhavam.
Mas Martín conseguiu respirar, gemendo audivelmente e puxando uma lufada de ar para dentro dos lábios quando a boca de Luciano começou a fazer o conhecido caminho até seu pescoço.
E Martín finalmente falou quando Luciano agiu como se realmente quisesse fazer o que apenas demonstrava querer fazer quando ambos se viram deitados sobre a areia da praia.
— Luciano... - Martín disse baixinho, virando o rosto para que sua boca ficasse mais próxima da orelha do brasileiro. - Aqui não... Não dá...
— Eu sei no que tu tá pensando - o brasileiro respondeu, levantando a cabeça do pescoço de Martín e o encarando com o rosto encharcado de lágrimas. O moreno ofegava, fazendo movimentos sugestivos com a cintura, deitado no meio das pernas do argentino. Luciano fungou o nariz que quase escorria de um jeito infantil, parecendo tentar disfarçar que algumas lágrimas finais ainda deslizavam por suas bochechas: — Eu posso resolver isso com a minha boca, sí? Eu posso deixar teu cuzinho todo babado antes de meter, - o moreno usou as duas mãos para erguer o tronco, olhando para baixo na direção das denunciantes ereções que se roçavam. — e depois eu mesmo cuido dele se arder demais, só me deixa-
— No - Martín repetiu, segurando uma das mãos de Luciano que desceram na intenção de começar a livrar os dois homens dos shorts que usavam. — Agora não, eu... Eu estou com uma ideia em mente, ou talvez seja só uma vontade, então-
— É rapidinho, meu amor, hum? Sí? Por favor, meu dengo... Por favorzinho?! - o desespero na voz de Luciano aumentava à medida que Martín apertava o pulso do brasileiro para impedi-lo de conseguir despi-los de parte das roupas que vestiam.
Martín percebia que os perigos e precariedade daquela situação - a falta de um lubrificante, a areia que já se esfregava nos pedaços de peles que com ela entravam em contato - eram intensificados justamente porque o argentino se sentia quase incapaz de ser mais firme em sua negativa.
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Private Dreams (BraArg) (PT-BR)
Fanfiction"Eu não acho que será possível para o Brasil conseguir se reerguer de todo o vexame futebolístico que ele tem enfrentado nas últimas décadas. Esse maluco deveria simplesmente desistir do papel de melhor do mundo, porque ele realmente não é mais". Es...