Capítulo 1

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       O primeiro dia em uma escola nova é sempre o pior, fato. Você não conhece ninguém e tem medo de falar ou fazer algo que te comprometa o resto do ano. E claro, comigo não poderia ser diferente. Me mudei para Cambridge há dois meses porque meus pais claramente não conseguem me apoiar em um momento difícil e constrangedor, então passei a morar com a minha tia Anne. Ela é a irmã mais nova da minha mãe e desde que seu marido morreu evitou contato com toda família. Devo admitir que a tia An sempre foi a minha favorita, em todas as reuniões familiares ela me trazia um pedaço da sua magnífica torta de limão e me dava sem a minha mãe saber, mas para uma mulher de 30 anos ela ficou bem ranzinza.
       Quando minha mãe pediu para eu morar com ela sua resposta foi um "sim" imediato e ela providenciou tudo de bom para a minha chegada. Ela é uma mulher sozinha numa casa absurdamente grande e deixando de lado minha raiva dos meus pais, procurei ser a filha que ela nunca teve. E devo admitir, está sendo bem melhor que o esperado.
        Entretanto, preferi encurtar a história e omitir alguns fatos quando a professora de Matemática pediu para eu me apresentar para a turma do último ano do colégio. Minha palavras basicamente foram:
- Meu nome é Jessica Blankeburg, faço 18 anos daqui duas semanas, minhas matérias favoritas são biologia e matemática e eu pretendo fazer faculdade para ser uma pediatra.
        Não vejo razão para dividir meus problemas pessoais com ninguém além de mim mesma. Talvez com a minha tia, porque ela é a única pessoa que eu tenho aqui, mas fora isso mais nenhuma alma precisa saber pelo que eu passei ou ainda vou passar. A professora cujo nome acredito que seja Sra. Charlotte Foster passou um teste surpresa e quem terminasse poderia ir embora. Passados 25 minutos, entreguei minha folha e sai.
          Como ainda tinha 40 minutos antes do fim do período decidi sentar em uma mesa mais afastada na cantina da escola para ler um livro. Sempre que leio me perco em meu subconsciente fantasioso e por essas e outras razões acabo lendo por mais tempo que havia programado. Quando percebo que estou atrasada para me encontrar com minha tia no restaurante pego meus cadernos e saio correndo. Em uma fração de segundos acabo por trombar com um menino e ambos caímos no chão.
- Ai meu Deus, não olha por onde... - Paro no meio da frase quando coloco os olhos no rapaz. Ele era alto com os cabelos loiros e olhos azuis como o mar. Começo a recolher as minhas coisas quando ele fala.
- Desculpe... Jessica, certo? - Sua voz meio rouca era como música para os ouvidos.
- É, claro... E você é?
- Gregory Raimann, um prazer te conhecer. - Seu sorriso fez com que umas meninas sentadas ficassem sem graça, o que foi um tanto hilário.
- Ah claro, e me derrubar também. Prazer. - Ele me ajudou a levantar e começou a andar do meu lado enquanto eu ia embora.
- Vai me seguir agora? - Perguntei parando e encarando-o.
- Na verdade não, só estou indo para casa também  e por acaso nós somos vizinhos agora. - Seu sorriso sarcástico era irritante, porém fofo.
- Incrível. - Tentei ser o mais irônica possível para ele perceber.
- Então, você é filha da Srta. Anne?
- O que?! Não! Sou afilhada dela. - Aquela pergunta me pegou desprevenida. Eu tentava ser como uma filha para ela, mas nunca me perguntaram se eu realmente era e minha resposta foi quase um sim.
-E por que você mora com ela?
-Olha, isso não é da sua conta. - Respondo meio grossa, com um sorriso no final. - Foi muito legal da sua parte me acompanhar, mas estou indo encontrar minha tia para almoçar. Então tchau.
-Até amanhã loirinha. - Viro de costas e começo a andar mais rápido que o normal para me afastar dele.
     Não posso me envolver com ninguém, eu não consigo. Não depois dele. Patrick. A pessoa mais horrível e abominável da face da terra. Uma das vantagens de ter vindo para cá foi nunca mais ter que olhar na cara dele ou de qualquer outra pessoa daquela escola.
    Você amar uma pessoa, achar que ela te ama e depois acontecer o que aconteceu é uma das piores coisas que pode acontecer com uma pessoa. Nem em um pesadelo eu poderia passar o que eu passei com ele por isso não me envolvi com mais ninguém é não pretendo fazer o mesmo tão cedo.

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora